RJ: Homens em stand-up paddle atrasam barcas
Três homens que praticavam stand-up paddle na Baía de Guanabara atrasaram a circulação de uma barca que chegava na Praça XV, no Rio de Janeiro, e que tinha saído de Niterói. Um deles chamou a atenção pois estava de terno. Segundo a concessionária que administra o serviço de barcas entre as duas cidades, a CCR Barcas, eles estavam na área de desembarque por volta das 8h30 e, por isso, a saída dos passageiros da embarcação teve que ser atrasada em cerca de dez minutos.
Ao Terra, Paulo Oberlander, professor de stand-up paddle, admitiu que era ele que praticava o esporte usando terno. Ele chegou a colocar fotos do início do trajeto em sua página pessoal no Facebook. A ideia, segundo ele, era mostrar que, no futuro, executivos poderão ir de stand-up paddle para o trabalho, para evitar o trânsito cada vez mais caótico das grandes cidades. Oberlander pediu desculpas pelo transtorno causado, e disse que a intenção inicial não era ficar em frente à barca.
"Chegamos perto da barca para tirar foto, mas a maré foi jogando a gente para perto dela. Também rolou uma empolgação por causa dos passageiros, que nos aplaudiram, devido à revolta com os problemas com transportes públicos. Acabamos nos aproximando mais do que desejávamos e ficando em frente à barca", disse Oberlander. Segundo ele, alguns passageiros reclamaram do atraso que eles provocaram. "Mas dez minutos de atraso não é muito", disse.
"Já remei de stand-up nesse trajeto várias vezes, mas nunca de terno. A ideia era chamar a atenção das pessoas, pois um executivo um dia fará esse trajeto. Não foi exatamente para protestar, não vou mudar o mundo. E se eu disser que estava protestando, vai ser ruim, pode ter processo, pode não ser legal para a minha carreira", disse Paulo Oberlander.
Professor de stand-up paddle há dois anos e morador de Piratininga, na Região Oceânica de Niterói, Paulo Oberlander, de 40 anos, também surfa e fez o trajeto da manhã desta sexta-feira acompanhado do irmão, Amilton Oberlander, e do amigo e professor de karatê André Barros. Eles foram de carro até o centro de Niterói e de lá remaram até o centro do Rio, em um percurso feito em cerca de 1h30.
Quando chegaram na Praça XV, no Rio, os praticantes de stand-up paddle foram abordados por um guarda municipal e pela Capitania dos Portos, segundo Paulo. "Eu expliquei que não queria ter causado tudo aquilo, disse que só queríamos tirar fotos. Aí o funcionário da Capitania disse que é perigoso. Eu pedi desculpas e fui liberado para voltar para casa", disse Oberlander. Quando eles já estavam no meio da Baía de Guanabara, remando de volta para Niterói, um funcionário da Capitania se aproximou de barco e pediu os dados de Oberlander e avisou que ele deveria entrar em contato com a Capitania para prestar esclarecimentos. "Me disseram que o Capitão de Mar e Guerra quer falar comigo e vai ver como é que ele pode me enquadrar. Não me ameaçaram de prisão. Não sei no que é que vai dar. Desde que não apreendam as minhas pranchas... Dei mole, mas não vai acontecer de novo", afirmou.
Paulo Oberlander disse que já chegou a remar por seis horas de stand-up paddle para ir de Niterói a um compromisso na Barra da Tijuca, zona oeste da capital fluminense. "A gente rema com estratégia, não sai remando simplesmente. A gente sabe que tem que esperar navio passar", afirmou Paulo.
Em nota, a Capitania dos Portos disse que os três praticantes de stand-up paddle estavam colocando em risco as suas vidas e a segurança da navegação, e que eles podem ser punidos. "A Capitania dos Portos do Rio de Janeiro informa, ainda, que qualquer cidadão, ao colocar pessoas ou embarcações em risco, ou interromper o tráfego marítimo, pode ser enquadrada no artigo 261 do Código Penal – Decreto Lei 2848/40, e conduzida à autoridade policial para autuação". O artigo mencionado pune com reclusão de dois a cinco anos quem comete atentado contra a segurança de transporte marítimo.