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RJ: indenização ficará para meus netos, diz vítima de desabamento

25 jan 2013 - 11h04
(atualizado às 11h08)
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Um ano após o desabamento de três prédios que ficavam no perímetro formado pelas avenidas Evaristo da Veiga e Almirante Barroso e a rua Treze de Maio, na Cinelândia, os proprietários das 38 empresas que foram destruídas lutam até hoje na Justiça por indenizações. No desabamento morreram 17 pessoas e cinco continuam desaparecidas.

Desabamento de prédios no centro do Rio de Janeiro completa 1 ano nesta sexta-feira
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Foto: Mauro Pimentel / Terra

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A única decisão tomada até agora é a do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) de denunciar seis pessoas pelo desabamento, a maioria - direta ou indiretamente - ligada à TO Tecnologia Organizacional, empresa responsável pelas obras em dois dos 20 andares do prédio.

Dono de uma empresa de contabilidade no Edifício Colombo, Alexis Santos Ferreira contou à Agência Brasil que estava instalado no local há mais de dez anos, tinha mais de 100 clientes e ocupava um andar inteiro do prédio - um dos que vieram abaixo em consequência do desabamento do Edifício Liberdade. "Ocupávamos um andar inteiro do Colombo e não conseguimos recuperar um palito sequer - mas eu não podia deixar meus clientes na mão. Com os R$ 350 mil do seguro e pegando dinheiro emprestado aqui e ali, consegui refazer o meu escritório.

Ele disse ainda que foi um dos poucos que conseguiram se reerguer. "Havia 38 empresas nos três prédios e apenas 20% conseguiram, ainda assim de forma precária - cerca de 80% tiveram que fechar as portas", lamentou. Santos Ferreira, que hoje é diretor financeiro da Associação das Vítimas da 13 de Maio, acrescentou que a ação movida contra a prefeitura e o condomínio do Edifício Liberdade anda vagarosamente.

"Achamos que a prefeitura foi negligente e a grande responsável pela tragédia. Entramos com processo de ressarcimento de bens materiais. Mas, está nas mãos do juiz, ainda não foi examinado e não tem julgamento marcado. Estou com 72 anos, então para mim só deve sair alguma coisa no plano espiritual. Talvez meus netos consigam receber", ironizou.

Apesar de ter todo o escritório destruído, Ferreira encontra motivos para se achar uma pessoa de sorte: "Graças a Deus, no meu prédio não morreu ninguém. Foram os anéis, ficaram os dedos. A gente não pode nem lamentar, pois pior foram as vidas humanas que se perderam na tragédia. Se eu tivesse perdido algum funcionário, nem mesmo sei como estaria hoje", acrescentou.

Os desabamentos

Três prédios desabaram no centro do Rio de Janeiro por volta das 20h30min de 25 de janeiro de 2012. Um deles tinha 20 andares e ficava situado na avenida Treze de Maio; outro tinha 10 andares e ficava na rua Manuel de Carvalho; e o terceiro, também na Manuel de Carvalho, era uma construção de quatro andares. Segundo a Defesa Civil do município, 22 pessoas morreram.

Segundo o engenheiro civil Antônio Eulálio, do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), havia obras irregulares no edifício de 20 andares. Na época, o especialista afirmou que o prédio teria caído de cima para abaixo e acabou levando os outros dois ao lado. De acordo com ele, todas as possibilidades para a tragédia apontam para problemas estruturais nesse prédio.

Na época da tragédia, a prefeitura do Rio de Janeiro interditou várias ruas da região. O governo do Estado decretou luto. No metrô, as estações Cinelândia, Carioca, Uruguaiana e Presidente Vargas foram interditadas na noite dos desabamentos, mas foram liberadas após inspeção e funcionam normalmente.

Agência Brasil Agência Brasil
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