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RJ: jovem que se reuniu com Cabral é acusado de roubo após protesto

Eduardo Oliveira, que supostamente representou o grupo “Ocupa Cabral”, foi reconhecido por vítima, após protesto dispersado com violência pela Polícia Militar

5 jul 2013 - 07h06
(atualizado às 07h11)
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<p>Nesta quinta, policiais e manifestantes entraram em confronto na rua da casa do governador</p>
Nesta quinta, policiais e manifestantes entraram em confronto na rua da casa do governador
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Além das primeiras bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo lançadas na zona sul do Rio de Janeiro, desde a onda de protestos em todo o Brasil, o ato em que a PM dispersou cerca de 250 manifestantes que atuavam na rua onde mora o governador Sérgio Cabral, na noite da última quinta-feira, produziu outro episódio ainda sombrio para quem procura entender quem são as lideranças e a pauta de reivindicações. Eduardo Oliveira, jovem cuja profissão nunca revelou, e que se disse representante do grupo “Ocupa Cabral” na reunião junto ao mandatário fluminense, foi acusado de roubo por um estudante após a confusão.

Protestos por mudanças sociais levam milhares às ruas
Manifestações tomam as ruas do País; veja fotos

Por volta de 22h40, a PM reprimiu com força o protesto que já durava cerca de quatro horas. Manifestantes, com gritos de “vamos invadir”, se apertaram em frente ao cordão de militares montados na esquina da rua Aristides Espínola com a avenida Delfim Moreira, quarteirão nobre do bairro do Leblon, na zona sul do Rio, quando houve a reação. Os ativistas correram em fuga e nesse meio tempo, um estudante que não quis se identificar, representado pelos pais, acusa Eduardo Oliveira de roubar sua máquina fotográfica e de ameaça-lo.

Quando os seis protestantes detidos no ato chegavam à 14ª DP (Leblon) para serem fichados, Mônica Moura, mãe do jovem supostamente assaltado, chegou ao local para fazer a ocorrência, ao lado do marido e de um tio do jovem. “Ele ameaçou meu filho de morte. Ele está identificado, ele é um ladrão”, disse Mônica, ciente dos fatos após o filho identificar o jovem por meio de foto fornecida por um membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, presente na delegacia.

O advogado Raul Lins e Silva, representando a família na ocasião, afirmou que Eduardo Oliveira “sempre foi um agente infiltrado dentro do grupo”, e que “baseado neste reconhecimento por parte do jovem, vou pedir ao delegado para que ele seja chamado para depor”.

Eduardo Oliveira, junto com um amigo, sempre de acordo com o depoimento do estudante que não quis se identificar, estaria na garupa de uma moto no momento em que a PM dispersava o ato no Leblon. Munido de uma câmera, como fotógrafo amador, o jovem teria sido abordado e ameaçado antes de ter o equipamento eletrônico, com as imagens registradas, roubado.

Tão logo teve conhecimento dos fatos, a reportagem do Terra entrou em contato com Eduardo Oliveira em seu telefone celular, desligado até o momento da publicação desta reportagem.

No dia 27 de junho, Eduardo Oliveira se reuniu com o governador Sérgio Cabral no Palácio Guanabara, sede do governo fluminense, e, sem permitir perguntas aos jornalistas, informou aos presentes : “pedimos um controle das manifestações e segurança, pois as pessoas não estão se sentindo seguras para se manifestar".  

A questão é que, de acordo com as pessoas que, de fato, permaneceram acampadas no local, o jovem não os representava e a pauta de exigências ainda não estava definida para ser apresentada. Eles o acusam de ser um agente infiltrado para promover desordem no grupo. Reconhecido por manifestantes no ato desta quinta-feira, Eduardo foi bastante hostilizado e foi salvo por um PM que o trouxe para dentro do cerco antes que fosse agredido. 

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

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A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

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A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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