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RJ: mais de 2,5 mil deixam a Rocinha e fazem protesto na casa de Cabral

Multidão ganhou a adesão de moradores da favela do Vidigal durante percurso em direção ao Leblon, na zona sul do Rio

25 jun 2013 - 17h55
(atualizado às 20h21)
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<p>Cerca de 300 pessoas se concentram na favela da Rocinha, no Rio, antes de início de passeata</p>
Cerca de 300 pessoas se concentram na favela da Rocinha, no Rio, antes de início de passeata
Foto: Daniel Ramalho / Terra

O policiamento nas imediações da favela da Rocinha, na zona sul do Rio de Janeiro, foi reforçado na tarde desta terça-feira. Uma manifestação foi convocada por grupos de moradores da comunidade, na esteira dos protestos que tomam conta das ruas do País. Os manifestantes deixaram a Rocinha por volta das 18h, seguindo pela avenida Niemeyer, e foram até o apartamento do governador Sérgio Cabral, no Leblon, onde um grupo está acampado desde a noite da última sexta-feira.

O shopping Fashion Mall, um dos mais caros do Rio, e que fica a cerca de 500 metros da Rocinha, foi todo cercado por tapumes. A administração temia que ocorressem atos de vandalismo por parte de alguns manifestantes. Parte do comércio do Leblon e da Gávea também fechou as portas mais cedo. Algumas empresas com escritório na região liberaram os funcionários antes do fim do expediente.

Vídeo mostra PM ameaçando mulher em protesto na BA:

Por volta das 18h, um grupo de cerca de mil manifestantes, na grande maioria formada por moradores da Rocinha, saiu pela avenida Niemeyer acompanhado por 150 PMs. Entre eles, estava o ajudante de pedreiro Genilton Marques, 29 anos, que disse que pleiteava melhores condições de vida, especialmente em relação à saúde e educação. "As obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) aqui na Rocinha estão atrasadas. O povo tem que ir pra rua lutar por seus direitos. De forma pacífica, sempre", afirmou.

Ao passar pela favela do Vidigal, o grupo ganhou novas adesões e passou a contar com pelo menos 2,5 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Ao chegarem ao Leblon, os manifestantes foram aplaudidos por moradores da zona sul do Rio.

Em frente ao apartamento de Cabral, o grupo acampado desde sexta-feira distribuiu flores em sinal de paz. Os acampados levaram as barracas para a praia, de forma a dar mais espaço aos manifestantes que chegam da Rocinha e do Vidigal. Viaturas e quadriciclos da PM já interditam a avenida Delfim Moreira, nos dois sentidos, no trecho onde está a residência do governador. Os manifestantes pretendiam realizar uma missa ecumênica em frente ao prédio onde mora Cabral, em homenagem aos nove mortos na operação policial no complexo de favelas da Maré.

Por volta das 20h11, boa parte dos manifestantes iniciava a caminhada de retorno à Rocinha, restando apenas 150 pessoas no local. Um dos manifestantes arremessou uma garrafa d'água nos PMs, mas foi prontamente reprimido pelos demais membros do grupo. Com grande efetivo, a Polícia Militar não reagiu em nenhum momento.

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Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

Ação da polícia em protesto de BH causa pânico nos manifestantes:

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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