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RJ: protesto contra PEC 37 termina na porta da casa de Sérgio Cabral

23 jun 2013 - 20h12
(atualizado às 20h20)
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Manifestantes protestam contra a PEC 37 em frente à casa do governador Sérgio Cabral
Foto: Mauro Pimentel / Terra

A orla da zona sul do Rio de Janeiro teve sua primeira manifestação na tarde deste domingo, depois da onda de protestos que tomou conta do Brasil. Apesar de mais de 35 mil pessoas terem confirmado presença no Facebook, cerca de duas mil pessoas caminharam de Copacabana até o Leblon contra a Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, a chamada PEC 37 - que acaba com o poder de investigação do Ministério Público. Temerosa com os atos violentos ocorridos recentemente em protestos, a Polícia Militar reforçou a segurança na região, colocando homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a tropa de elite da PM.

Protestos por mudanças sociais levam milhares às ruas

Manifestações tomam as ruas do País; veja fotos

O grupo caminhou até a porta da casa do governador Sérgio Cabral (PMDB), na esquina da avenida Delfim Moreira com a rua Aristides Espínola, no Leblon. O protesto foi além da questão da PEC 37. Não faltaram cartazes e gritos de ordem contra a corrupção, e principalmente contra políticos. Além de Cabral, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) foram os alvos prediletos.

"Uh, geral, pra casa do Cabral" e "Cabral é ditador" eram alguns dos gritos de ordem entoados contra o governador. A PM reforçou a segurança na porta da casa de Cabral, onde um grupo de cerca de 50 pessoas acampa desde a sexta-feira à noite. Eles querem que o governador apareça e dê explicações à população. O grupo pretende ficar no local até amanhã pela manhã.

Durante a passeata, o clima foi bastante pacífico. Não foi registrada qualquer ação violenta. Um guarda municipal foi preso por estar trabalhando armado. A orla estava bastante policiada, mas alguns quiosques foram isolados com tapumes pelos proprietários, que temiam atos de vandalismo. O trânsito não chegou a ser interrompido durante o percurso.

A estudante Clarice Gomes, 22 anos, usava um nariz de palhaço durante a manifestação e dizia que estava ali protestando contra a classe política brasileira. Segundo ela, a população perdeu completamente a crença nos partidos políticos. “Não aguentamos mais conversinha das autoridades. Temos que ir pra casa deles protestar mesmo. Por isso, vou até a casa do Cabral", disse.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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