RJ: vítimas de acidente de trens receberão indenizações
Claudirene Oliveira de Lima, uma das vítimas, ficou surpresa com a rapidez com que o caso foi resolvido. “Achei que não ia dar em nada”, revelou
A Defensoria Pública Geral do Estado do Rio de Janeiro (DPGE) fechou, nesta terça-feira, cinco acordos de indenização com vítimas do choque entre dois trens, na Estação Presidente Juscelino, em Mesquita, na Baixada Fluminense, na noite de segunda-feira (5). O pagamento será feito pela SuperVia, concessionária responsável pelo serviço de trens, em no máximo dez dias, em cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) acertado na quarta-feira (7) pela DPGE com a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp), a SuperVia e a Secretaria de Estado de Transportes (Setrans).
As vítimas escolheram receber as indenizações em conta-corrente. Os valores, por questão de sigilo, não foram revelados. Mas para o analista de planejamento, Thiago Mota, o valor foi o que menos contou. “Podia ser vários reais, como poucos reais. Acho que o mais importante é a melhora da qualidade do serviço. Isso é que é o grande objetivo e o que a sociedade de um modo geral busca”, analisou. Segundo o analista, as empresas costumam tomar providências quando os gastos “doem no bolso”.
Thiago disse que, justamente pela qualidade do serviço de trens, não costuma usar diariamente o transporte, mas no dia, como pretendia chegar mais rápido em casa, resolveu ir de trem expresso. “Os trens precisam melhorar, principalmente, no Ramal de Japeri. Sei que o governo está falando que vai melhorar, o prefeito também está falando, os governantes estão falando, mas a gente tem pressa”, reclamou ele, que procurou a defensoria para ter uma solução em tempo menor do que se procurasse entrar com uma ação na Justiça. “Se não, eu teria que ir atrás de audiência”, completou.
Para a diarista Cristina da Conceição da Silva, o acordo foi suficiente. No dia do acidente, depois de ser atendida no Hospital Geral de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela foi orientada a fazer um registro na delegacia e um exame de corpo de delito. Cristina ficou três dias sem poder trabalhar, por causa dos ferimentos no joelho e no cotovelo. O valor da indenização, segundo ela, superou as diárias perdidas. “Cobriu com folga”, contou.
A diarista foi avisada pelo irmão Jorge Antônio da Silva que podia procurar a defensoria para conseguir a reparação. Eles estavam em trens diferentes, envolvidos no choque. “O meu irmão estava no trem da frente. Minha mãe que me avisou quando eu liguei para casa. Ele estava no [trem] parado, e eu, no que bateu”, disse.
A assistente administrativa, Claudirene Oliveira de Lima, ficou surpresa com a rapidez com que o caso foi resolvido. “Foi suficiente. Achei que não ia dar em nada. Como a Justiça demora muito para fazer este tipo de acord, o tempo que levou achei excelente ”, revelou.
Claudirene disse que teve luxação no ombro e no punho direito. No dia seguinte ao acidente ela não conseguiu trabalhar. Ela contou que após o acidente ficou insegura, e outros passageiros ficaram em pânico. “Todo mundo gritando, as pessoas se aproveitando para pegar os pertences das vítimas. Chovendo, não tinha ninguém para ajudar para orientar, pessoas machucadas chorando, crianças. Teve a chuva, e eu fiquei com medo de levar choque. Eu queria sair logo do local. Me senti muito insegura”, indicou.
A defensora Patricia Cardoso, coordenadora do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon), ficou satisfeita com o resultado do primeiro dia de conclusão de acordos. Ela informou que já foram agendados apenas cinco atendimentos para ver como eles iam se desenvolver, mas que serão 15 por dia. “A gente vai sempre usar o esquema com marcação de hora para que cada caso seja analisado com cuidado e toda a atenção. Esta semana vamos manter com 15, e na próxima semana pode ser que a gente aumente”, explicou.
Até agora, segundo a defensora, 80 pessoas, entre os mais de 200 feridos no acidente, ligaram para a Tutela Coletiva do Nudecon, no telefone 2868-2100, ramal 297, para marcar a intermediação com auxílio da defensoria. "A maioria teve lesões de natureza leve. As lesões mais graves, que são as pessoas que a gente visitou, esteve com as famílias. A gente vai tratar um pouquinho mais para a frente, mas a SuperVia está dando assistência a essas pessoas", informou.
Para o coordenador da Tutela Coletiva do Nudecon, defensor Eduardo Chow, os valores a serem pagos são justos. "São valores muito bem estudados e debatidos para ninguém receber aquém do que seria devido. Estão recebendo tudo que é de direito, tanto com relação a dano material como em relação aos danos morais sofridos", esclareceu.