Reunidos em assembleia no Ginásio Municipal Tesourinha, os rodoviários de Porto Alegre decidiram na tarde desta sexta-feira, por ampla maioria, manter a greve da categoria, que já dura cinco dias. Mesmo após decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), aumentando para R$ 100 mil o valor da multa imposta ao sindicato para cada dia de descumprimento, os motoristas e cobradores prometem que nenhum coletivo deixará as garagens neste sábado.
Inicialmente marcada para as 17h, a assembleia foi atrasada em mais de uma hora, devido à ausência do presidente do sindicato, Julio Pires, que foi vaiado durante a execução do Hino Rio-Grandense. Muitos dos trabalhadores presentes ao encontro demonstraram insatisfação com a direção do sindicato, a quem acusam de ser subserviente aos interesses das empresas de transporte público.
Motorista há oito anos da empresa Restinga, pertencente ao consórcio STS, Simone Silva de Oliveira Davila reclamou da desorganização do sindicato, que teria descumprido um acordo prévio para permitir apenas a entrada de trabalhadores identificados no ginásio. "Nós chegamos aqui e não tinha ninguém da direção do sindicato para fazer esse controle. Já tinha várias pessoas na arquibancada, e ninguém fez o controle da entrada deles. Por isso, nós decidimos fazer, por conta própria, esse controle, chamando o pessoal para assinar a ata", afirmou.
Simone afirmou que entende a insatisfação da população com a ausência de ônibus nas ruas, mas disse que a categoria não tem outra forma de pressionar por melhorias. "Qual é a mágica? Nossa única forma de pressão é a greve. Todo cobrador e motorista tem uma família que também depende de ônibus. Mas essa é a única forma que a gente tem pra ser ouvido", disse.
Segundo a motorista, a grande maioria da categoria apoiou uma proposta que garantia a circulação de 100% da frota de ônibus de Porto Alegre, desde que não fossem cobradas as tarifas dos passageiros. A proposta, porém, não teria tido apoio do próprio sindicato. "A gente deu a proposta de 100% da frota com roleta liberada. Aí essa proposta, que tinha respaldo de toda a categoria, chegou até o Júlio Bala e ele fala: 'aí eu não estou com vocês'", relata.
Antes mesmo da votação, já era claro entre os rodoviários que a greve seria mantida. O vice-presidente do sindicato, Aldair da SIlva, queixou-se da ausência de propostas concretas por parte das empresas. "Até agora não chegou nenhuma proposta do sindicato patronal. Como é que a gente vai voltar a trabalhar sem proposta?", questionava, antes do início da votação.
Panfletagem e militância
Enquanto os mais de 1 mil trabalhadores aguardavam para entrar no ginásio, militantes de partidos de oposição ao prefeito José Fortunati distribuíam panfletos de apoio aos grevistas. Candidato derrotado nas eleições municipais de 2012, o deputado estadual Adão Villaverde (PT) teve seus panfletos distribuídos aos presentes. No texto, o deputado citava dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-RS) que apontam que as tarifas de ônibus subiram mais do que o dobro do aumento verificado nos salários dos rodoviários.
Militantes ligados ao Bloco de Luta pelo Transporte Público e ao Psol também demonstraram apoio à causa dos rodoviários. Com gritos de "não é mole não, o Fortunati está do lado do patrão" e "rodoviário acordou", o grupo empolgou os grevistas, que demonstravam sua insatisfação: "agora não tem jeito, temque continuar", disse um dos rodoviários.
27 de janeiro - Motoristas de ônibus cruzaram os braços no primeiro dia da greve dos rodoviários que afeta o transporte coletivo de Porto Alegre. Apenas 30% da frota está nas ruas, com os demais ônibus parados em garagens. Entre outras reivindicações, os rodoviários pedem reajuste salarial
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
27 de janeiro - A frota de táxis foi alertada sobre a greve e está mobilizada. Veículos se tornaram alternativa enquanto dura a greve dos rodoviários, que começou no dia 27 de janeiro e segue por tempo indeterminado
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
27 de janeiro - Filas em parada de ônibus em Porto Alegre: cena que se repetiu em diversos pontos da capital gaúcha no primeiro dia da paralisação. A greve dos rodoviários deve afetar, ao todo, mais de 1 milhão de passageiros
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
28 de janeiro - Rodoviários decidem entrar em greve total em Porto Alegre. Todos os ônibus que estavam na rua voltaram para as garagens
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
30 de janeiro - Grevistas bloquearam a entrada da garagem da Carris, impedindo a saída de ônibus no quatro dia de greve. Apesar disso, algumas empresas voltaram a colocar veículos nas ruas
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
30 de janeiro - Após quase duas horas e meia de negociação na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região (TRT-4), em Porto Alegre, as empresas de ônibus, sindicato dos rodoviários e prefeitura negociaram uma trégua na greve por 10 dias
Foto: Daniel Favero / Terra
30 de janeiro - Após muito diálogo, ficou acordado que o plano de saúde será prorrogado por 10 dias, além de R$ 1 de aumento o vale alimentação, para que as negociações possam ser retomadas
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Preocupado com possíveis protestos em meio à greve que afeta desde 27 de janeiro o transporte público em Porto Alegre, um empresário vestido como Zorro resolveu alertar a população munido de um cartaz e distribuindo panfletos no Centro da capital gaúcha. Em sincronia com o pedido do José Fortunati (PDT) de solicitar apoio da Brigada Militar para deixar os ônibus saíram das garagens, o "super-herói" pede ajuda da Força Nacional para garantir a circulação dos coletivos e a segurança da população
Foto: Guilherme Justino / Terra
31 de janeiro - Reunidos em assembleia no Ginásio Municipal Tesourinha, os rodoviários de Porto Alegre decidiram, por ampla maioria, manter a greve da categoria, que já dura cinco dias
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Reunidos em assembleia no Ginásio Municipal Tesourinha, os rodoviários de Porto Alegre decidiram, por ampla maioria, manter a greve da categoria, que já dura cinco dias
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Do lado de fora da assembleia, militantes de partidos de oposição ao prefeito José Fortunati distribuíam panfletos de apoio aos grevistas
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - militantes de partidos de oposição ao prefeito José Fortunati distribuíam panfletos de apoio aos grevistas
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Cerca de 300 pessoas se reúnem em frente à prefeitura de Porto Alegre para um ato de apoio à greve dos rodoviários
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Fila de passageiros à espera de lotação faz a curva na esquina em frente à prefeitura de Porto Alegre, onde um ato marca apoio à greve
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Passageiros enfrentam longa fila na espera por ônibus-lotação na rua Sete de Setembro, no centro de Porto Alegre
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Boneco representando o prefeito Fortunati é queimado durante manifestação
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Ativistas protestam em frente ao prédio do jornal Zero Hora
Foto: Cau Guebo / Futura Press
31 de janeiro - A Brigada Militar deslocou a cavalaria e o Choque para proteger o prédio da empresa privada
Foto: Cau Guebo / Futura Press
31 de janeiro - Rodoviários e ativistas do Bloco de Lutas realizam protesto em frente à sede do jornal Zero Hora, da empresa RBS
Foto: Cau Guebo / Futura Press
1º de fevereiro - O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, anuncia que vans escolares serão autorizadas a fazer transporte coletivo na capital a preço de táxi-lotação: R$ 4,20
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Ônibus improvisado da Teka Transportes no centro de Porto Alegre operando no trajeto da linha Pinheiro 398
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Sandra, que já trabalha com transporte escolar na Restinga e tem bons conhecimentos do circuito e da população, está fazendo o trajeto Centro-Restinga
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Sandra, motorista da van escolar, acomoda suas passageiras, antes de iniciar nova viagem até a Restinga
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Passagem na linha improvisada de R$ 3,00 - preço na linha oficial é R$ 2,85
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
3 de fevereiro - Em nova audiência de conciliação mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os representantes dos rodoviários de Porto Alegre sinalizaram com a possibilidade de voltar ao trabalho
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
3 de fevereiro - Em acordo firmado junto ao sindicato patronal, os trabalhadores se comprometeram a retomar a circulação dos ônibus da capital a partir do meio-dia de terça-feira. O fim da greve, entretanto, depende de aprovação em assembleia prevista para ocorrer às 8h, no ginásio Tesourinha
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários participam de assembleia na manhã desta terça-feira em Porto Alegre para decidir futuro da greve do transporte público na capital gaúcha
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários se reúnem no Ginásio Tesourinha, em Porto Alegre, para decidir se aceitam a proposta definida em reunião na segunda-feira
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Assembleia dos rodoviários irá definir se categoria aceita a proposta formulada em reunião na segunda-feira
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Um das arquibancadas do Ginásio Tesourinha lota para a assembleia dos rodoviários em Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários rejeitaram nesta terça-feira a proposta feita ontem para tentar fazer voltar às ruas parte da frota de ônibus de Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Após rejeição de proposta, greve geral continua em Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Votação em assembleia começou com quase duas horas de atraso
Foto: Guilherme Justino / Terra
6 de fevereiro - Terminou sem acordo a quarta audiência de mediação entre os rodoviários em greve e os representantes das empresas de ônibus de Porto Alegre. Após a reunião fracassada, o Ministério Público ajuizou ação de dissídio coletivo, que será julgado pela Justiça do Trabalho
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
10 de janeiro - Durante assembleia, ginásio onde se reuniram os rodoviários sofreu uma queda de energia elétrica
Foto: Marcelo Backer / Terra
10 de janeiro - Mesmo mantendo o estado de greve, a categoria se comprometeu a colocar 100% dos ônibus nas ruas já amanhã, enquanto seguem as negociações entre os trabalhadores e a patronal
Foto: Marcelo Backer / Terra
10 de janeiro - Em assembleia na noite desta segunda-feira, no ginásio Tesourinha, a maioria dos rodoviários rejeitaram o acordo acertado com as empresas de ônibus do transporte coletivo de Porto Alegre
Foto: Marcelo Backer / Terra
11 de fevereiro - Ônibus deixando a garagem da Carris na manhã desta terça-feira