A Justiça determinou que o Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre (RS) mantenha, de imediato, 70% da frota de ônibus nos horários de pico – das 5h30 às 8h30 e das 17h às 20h dos dias úteis - durante a greve do transporte coletivo que começou na segunda-feira. A decisão foi dada nesta terça-feira pela vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (RS), desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse.
Nos demais horários, a ordem é manter os 30% já assegurados pela categoria. Em caso de descumprimento, o sindicato deverá pagar multa diária de R$ 50 mil. A greve foi aprovada pelo sindicato dos rodoviários na semana passada. A categoria pede reajuste salarial de 14%, aumento de R$ 4 no vale-alimentação e a manutenção do plano de saúde, entre outras reivindicações. Mais de 1 milhão de passageiros estão sendo afetados.
"Embora elogiável o comportamento aparentemente ordeiro dos grevistas, a garantia de funcionamento de 30% da frota operante revelou-se insuficiente para atender as necessidades mínimas da população, em especial a dos que residem em lugares mais distantes, em regra de mais baixa renda e com óbvia dificuldade de acesso a outros meios de transporte", afirmou a desembargadora na decisão.
A desembargadora agendou uma reunião de mediação para o final da tarde desta terça-feira, na sala 506 do TRT-RS. Foram chamados para audiência o sindicato patronal, o Sindicato dos Rodoviários, o Ministério Público do Trabalho, a Empresa Pública de Transporte e Circulação e a Prefeitura de Porto Alegre. O objetivo da reunião é solucionar o conflito entre as categorias.
De acordo com a prefeitura, a greve afetou em parte a prestação de serviços públicos municipais devido à ausência de servidores, estagiários e terceirizados. No Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) a ausência de trabalhadores terceirizados conseguiu ser suprida pelas empresas licitadas e os serviços foram mantidos quase na plenitude.
Na área da saúde, a prefeitura informou que o posto de Saúde da Família Campos do Cristal esteve fechado no dia de ontem devido à ausência do profissional médico e de técnicos de enfermagem, uma vez que a linha de ônibus que serve à região não está operando. O posto da Cidade de Deus também apresentou problemas no atendimento pela ausência de servidores, assim como as unidades básicas Beco do Adelar, Calábria, Monte Cristo e Nonoai.
Houve faltas e vários atrasos na Secretaria do Meio Ambiente, principalmente entre os operários que trabalham nos serviços de rua. Em função disso, alguns serviços já programados tiveram que ser remanejados para atender preferencialmente os serviços de urgência de podas e remoções em árvores de risco identificado.
Na Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), a frota de veículos do órgão foi mobilizada para manter em funcionamento os atendimentos. Mesmo assim, o Centro de Referência de Assistência Social Farrapos precisou ser fechado mais cedo pela ausência de funcionários em número suficiente para atender à população.
Ainda de acordo com a prefeitura, na Secretaria de Esportes, Recreação e Lazer a estimativa é de que cerca de 40% dos servidores não compareceu, causando prejuízos ao andamento dos trabalhos, especialmente nos centros comunitários.
Nota de repúdio
Após o prefeito José Fortunati (PDT) declarar em entrevista à Rádio Gaúcha que a greve do transporte coletivo é "combinada" entre empresários e rodoviários, a Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) e o Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre divulgaram uma nota de repúdio à acusação.
De acordo com o comunicado, foram feitas quatro reuniões de negociação com os trabalhadores do setor para "construir uma proposta dentro da realidade econômica e financeira, com reposição da inflação do período usando como indexador o Índice nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Além disso, que na última reunião, ocorrida no dia 24 de janeiro, no Ministério Público do Trabalho, representantes da prefeitura e da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) também estavam presentes.
Na oportunidade, diz a nota, a ATP e sindicato das empresas defenderam a manutenção de 100% da frota de ônibus em circulação nos horários de pico para atender a população. "Portanto, de nossa parte nunca houve acordo em relação aos 30% de utilização da frota. A proposição dos 30% da frota foi uma iniciativa dos trabalhadores e que não foi questionada pelos representantes da prefeitura que administra a Carris e EPTC", afirma o documento.
A nota também rebateu o fato do prefeito ter declarado que estranhou o clima pacífico do movimento, sem piquetes ou tumultos. "Nos causa estranheza as afirmações do ex-sindicalista e prefeito municipal que o bom seria que tivéssemos piquetes e obstrução das garagens e insinua que o melhor seria um clima de baderna e depredações. Talvez o chefe do executivo municipal queira estimular a depredação e miguelitos e não conversação pacífica", acusou.
"O que as empresas de ônibus de Porto Alegre estão fazendo é respeitar o direito constitucional garantido aos trabalhadores de exercer a greve de acordo com o a Lei, pois do contrário estaríamos incorrendo em prática antissindical. Outrossim não abdicaremos dos direitos que esta mesma Lei de Greve nos confere. Por último repudiamos as afirmações do prefeito e pedimos desculpas aos nossos clientes e a toda sociedade por essa situação dramática que todos vivenciamos em nossa cidade", encerrou a nota.
27 de janeiro - Motoristas de ônibus cruzaram os braços no primeiro dia da greve dos rodoviários que afeta o transporte coletivo de Porto Alegre. Apenas 30% da frota está nas ruas, com os demais ônibus parados em garagens. Entre outras reivindicações, os rodoviários pedem reajuste salarial
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
27 de janeiro - A frota de táxis foi alertada sobre a greve e está mobilizada. Veículos se tornaram alternativa enquanto dura a greve dos rodoviários, que começou no dia 27 de janeiro e segue por tempo indeterminado
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
27 de janeiro - Filas em parada de ônibus em Porto Alegre: cena que se repetiu em diversos pontos da capital gaúcha no primeiro dia da paralisação. A greve dos rodoviários deve afetar, ao todo, mais de 1 milhão de passageiros
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
28 de janeiro - Rodoviários decidem entrar em greve total em Porto Alegre. Todos os ônibus que estavam na rua voltaram para as garagens
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
30 de janeiro - Grevistas bloquearam a entrada da garagem da Carris, impedindo a saída de ônibus no quatro dia de greve. Apesar disso, algumas empresas voltaram a colocar veículos nas ruas
Foto: Fernando Teixeira / Futura Press
30 de janeiro - Após quase duas horas e meia de negociação na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª região (TRT-4), em Porto Alegre, as empresas de ônibus, sindicato dos rodoviários e prefeitura negociaram uma trégua na greve por 10 dias
Foto: Daniel Favero / Terra
30 de janeiro - Após muito diálogo, ficou acordado que o plano de saúde será prorrogado por 10 dias, além de R$ 1 de aumento o vale alimentação, para que as negociações possam ser retomadas
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Preocupado com possíveis protestos em meio à greve que afeta desde 27 de janeiro o transporte público em Porto Alegre, um empresário vestido como Zorro resolveu alertar a população munido de um cartaz e distribuindo panfletos no Centro da capital gaúcha. Em sincronia com o pedido do José Fortunati (PDT) de solicitar apoio da Brigada Militar para deixar os ônibus saíram das garagens, o "super-herói" pede ajuda da Força Nacional para garantir a circulação dos coletivos e a segurança da população
Foto: Guilherme Justino / Terra
31 de janeiro - Reunidos em assembleia no Ginásio Municipal Tesourinha, os rodoviários de Porto Alegre decidiram, por ampla maioria, manter a greve da categoria, que já dura cinco dias
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Reunidos em assembleia no Ginásio Municipal Tesourinha, os rodoviários de Porto Alegre decidiram, por ampla maioria, manter a greve da categoria, que já dura cinco dias
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Do lado de fora da assembleia, militantes de partidos de oposição ao prefeito José Fortunati distribuíam panfletos de apoio aos grevistas
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - militantes de partidos de oposição ao prefeito José Fortunati distribuíam panfletos de apoio aos grevistas
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
31 de janeiro - Cerca de 300 pessoas se reúnem em frente à prefeitura de Porto Alegre para um ato de apoio à greve dos rodoviários
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Fila de passageiros à espera de lotação faz a curva na esquina em frente à prefeitura de Porto Alegre, onde um ato marca apoio à greve
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Passageiros enfrentam longa fila na espera por ônibus-lotação na rua Sete de Setembro, no centro de Porto Alegre
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Boneco representando o prefeito Fortunati é queimado durante manifestação
Foto: Daniel Favero / Terra
31 de janeiro - Ativistas protestam em frente ao prédio do jornal Zero Hora
Foto: Cau Guebo / Futura Press
31 de janeiro - A Brigada Militar deslocou a cavalaria e o Choque para proteger o prédio da empresa privada
Foto: Cau Guebo / Futura Press
31 de janeiro - Rodoviários e ativistas do Bloco de Lutas realizam protesto em frente à sede do jornal Zero Hora, da empresa RBS
Foto: Cau Guebo / Futura Press
1º de fevereiro - O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, anuncia que vans escolares serão autorizadas a fazer transporte coletivo na capital a preço de táxi-lotação: R$ 4,20
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Ônibus improvisado da Teka Transportes no centro de Porto Alegre operando no trajeto da linha Pinheiro 398
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Sandra, que já trabalha com transporte escolar na Restinga e tem bons conhecimentos do circuito e da população, está fazendo o trajeto Centro-Restinga
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Sandra, motorista da van escolar, acomoda suas passageiras, antes de iniciar nova viagem até a Restinga
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
2 de fevereiro - Passagem na linha improvisada de R$ 3,00 - preço na linha oficial é R$ 2,85
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra
3 de fevereiro - Em nova audiência de conciliação mediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os representantes dos rodoviários de Porto Alegre sinalizaram com a possibilidade de voltar ao trabalho
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
3 de fevereiro - Em acordo firmado junto ao sindicato patronal, os trabalhadores se comprometeram a retomar a circulação dos ônibus da capital a partir do meio-dia de terça-feira. O fim da greve, entretanto, depende de aprovação em assembleia prevista para ocorrer às 8h, no ginásio Tesourinha
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários participam de assembleia na manhã desta terça-feira em Porto Alegre para decidir futuro da greve do transporte público na capital gaúcha
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários se reúnem no Ginásio Tesourinha, em Porto Alegre, para decidir se aceitam a proposta definida em reunião na segunda-feira
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Assembleia dos rodoviários irá definir se categoria aceita a proposta formulada em reunião na segunda-feira
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Um das arquibancadas do Ginásio Tesourinha lota para a assembleia dos rodoviários em Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Rodoviários rejeitaram nesta terça-feira a proposta feita ontem para tentar fazer voltar às ruas parte da frota de ônibus de Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Após rejeição de proposta, greve geral continua em Porto Alegre
Foto: Guilherme Justino / Terra
4 de fevereiro - Votação em assembleia começou com quase duas horas de atraso
Foto: Guilherme Justino / Terra
6 de fevereiro - Terminou sem acordo a quarta audiência de mediação entre os rodoviários em greve e os representantes das empresas de ônibus de Porto Alegre. Após a reunião fracassada, o Ministério Público ajuizou ação de dissídio coletivo, que será julgado pela Justiça do Trabalho
Foto: Marcelo Miranda Becker / Terra
10 de janeiro - Durante assembleia, ginásio onde se reuniram os rodoviários sofreu uma queda de energia elétrica
Foto: Marcelo Backer / Terra
10 de janeiro - Mesmo mantendo o estado de greve, a categoria se comprometeu a colocar 100% dos ônibus nas ruas já amanhã, enquanto seguem as negociações entre os trabalhadores e a patronal
Foto: Marcelo Backer / Terra
10 de janeiro - Em assembleia na noite desta segunda-feira, no ginásio Tesourinha, a maioria dos rodoviários rejeitaram o acordo acertado com as empresas de ônibus do transporte coletivo de Porto Alegre
Foto: Marcelo Backer / Terra
11 de fevereiro - Ônibus deixando a garagem da Carris na manhã desta terça-feira