RS: pais fecham escola após goteiras com fezes de ratos
Local não apresentaria condições de seguir recebendo comunidade escolar
Em tese, o espaço escolar deveria ser convidativo o suficiente para que os alunos se sentissem acolhidos e respeitados. Em um universo ideal, as salas de aula seriam limpas e aconchegantes, rodeadas por um espaço lúdico e organizado. Para muitos pedagogos, a atmosfera que envolve o ambiente escolar é tão importante quanto o ensino em si.
Agora imagine chegar para a aula e encontrar uma mistura de sangue e fezes de animais pingando do teto. Junte a isso torneiras estragadas, brinquedos quebrados e depredações de todo o tipo na estrutura do prédio da escola. Pois essa é a situação encontrada nas últimas semanas pelos alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental General Ibá Ilha Moreira, no bairro Jardim Carvalho, zona leste de Porto Alegre.
A situação desoladora é denunciada pela diretora do local, Marlei de Oliveira. Conforme o desabafo, os problemas se acumulam dia após dia, indo desde a não substituição de funcionários em licença médica até a falta de merenda escolar. Em outubro do ano passado um temporal acabou destelhando o prédio, causando a infestação de ratos e pombos no andar superior do prédio.
Uma onda de instabilidade assolou Porto Alegre nas últimas semanas, piorando o quadro e tornando a manutenção das atividades letivas insustentável. Os próprios pais interditaram a escola: "o cheiro de aves era sempre presente, mas com a chuva não deu mais pra aguentar", disse a diretora. Excrementos se acumulam não apenas pelo telhado, mas também pelas janelas e pelo chão das salas de aula.
Marlei garante que os alunos também não ajudam na preservação da escola. Torneiras do banheiro masculino foram vandalizadas, e a instituição não tem mais dinheiro para novo conserto. A escola solicitou a presença de profissionais de uma unidade de saúde no local, que apontou "enorme quantidade de fezes de pombos, mau cheiro, restos biológicos e orgânicos, causando sérios riscos de contaminação".
Escola fechada
Desde a última quinta-feira a escola foi fechada, e as verbas para a manutenção e uma grande burocracia para realizar os serviços atrasam a limpeza e recuperação do espaço. Marlei admite que houve problemas no repasse da prestação de contas e que um furto impediu a apresentação de notas para o repasse de merenda escolar em 2017, mas garante que este não é o único empecilho. "Nós estamos com duas sindicâncias abertas, é verdade, e acho que é por isso que as empresas muitas vezes nem voltam para finalizar os orçamentos", disse a diretora.
Através de nota, a Seduc informou que o serviço de limpeza e desinfecção da escola começará na próxima segunda-feira (12), com duração de dez dias. Durante este período, diz a nota, "as aulas podem ser deslocadas para a Escola Evaristo Gonçalves Netto, que fica próximo ao local. Os dias de aulas perdidos devido ao transtorno deverão ser recuperados até o final das férias de julho."
A Secretaria ainda reforçou que "os problemas causados na Escola General Ibá Ilha Moreira foram gerados por problemas na gestão da instituição de ensino que tem plena autonomia financeira e só não está recebendo verbas porque não fez a prestação de contas dos últimos repasses feitos pela Secretaria da Fazenda."