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Satélite aponta que avião da VoePass atravessou área com gelo severo por quase 10 minutos

Antes de entrar em área com condições meteorológicas adversas, avião já havia passado em região com ventos fortes e variações de temperatura

15 ago 2024 - 12h31
(atualizado às 13h28)
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Queda de avião com 62 pessoas a bordo em Vinhedo, interior paulista. Aeronave saiu de Cascavel, no Paraná, e tinha como destino o Aeroporto de Guarulhos.
Queda de avião com 62 pessoas a bordo em Vinhedo, interior paulista. Aeronave saiu de Cascavel, no Paraná, e tinha como destino o Aeroporto de Guarulhos.
Foto: Alex Silva/Estadão / Estadão

O avião da VoePass que caiu e deixou 62 pessoas mortas em Vinhedo (SP) enfrentou uma zona crítica para a formação de gelo por quase dez minutos antes da queda, de acordo com uma análise do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). As informações são do jornal Folha de São Paulo

Antes de entrar nesta área com condições meteorológicas adversas, a aeronave já havia passado por uma região com ventos fortes e grandes variações de temperatura, agravando os desafios durante o voo, segundo o laboratório. Fatores como alta umidade, frio extremo (de -45°C), ventos de alta velocidade, um ciclone extratropical sobre o Rio Grande do Sul e fumaça de queimadas na atmosfera formaram um cenário difícil que pode ter contribuído para o acidente.

"À medida que ele [avião] avançava, encontrava uma atmosfera muito mais perturbadora. Estou olhando para isso apenas do ponto de vista meteorológico, sem saber o que apontavam os sensores da aeronave. É importante destacar que será a análise dos investigadores, de todas as evidências disponíveis, que poderá confirmar as causas do acidente", afirmou ao jornal o professor Humberto Barbosa, coordenador do Lapis.

Especialistas levantam a hipótese de que a formação de gelo nas asas seja causa da queda do voo 2283 da Voepass. Havia alertas de formação de gelo severo na região do acidente, e o modelo ATR 72-500 voa justamente na altitude onde essa formação é mais provável. O gelo acumulado nas bordas frontais das asas pode alterar a aerodinâmica do voo, fazendo com que o ar passe por cima das asas, em vez de por baixo.

De acordo com informações obtidas pela Folha, a comparação das imagens de satélite com a rota do voo, realizada pelo laboratório, revelou que a passagem do avião por regiões com alta concentração de gelo coincidiu com momentos de brusca desaceleração da aeronave. Um mapa criado pelo Lapis identifica uma zona problemática que se estende desde a entrada no território paulista até as proximidades de Vinhedo.

Dados do site FlightAware, que monitora voos em tempo real, indicam pelo menos dois momentos em que a velocidade da aeronave caiu repentinamente. O primeiro foi por volta das 12h50, quando a velocidade do avião reduziu de 621 km/h para 398 km/h em apenas dois minutos, antes de recuperar parte da aceleração.

Segundo o professor Humberto Barbosa, esse momento coincide com a entrada em uma área crítica para a formação de gelo. Depois disso, o avião enfrentou fortes rajadas de vento e mudanças abruptas de temperatura, condições que, segundo ele, também favorecem a formação de gelo na superfície da aeronave.

Por volta das 13h08, a aeronave novamente atravessou uma área com intensa formação de gelo e sofreu uma nova desaceleração, reduzindo sua velocidade em mais de 100 km/h em apenas um minuto. Nesse período, os gráficos mostram que a velocidade média ficou mais baixa por vários minutos, coincidindo com a passagem por uma vasta região favorável à formação de gelo.

O laboratório indica que as condições de temperatura e umidade podem ter contribuído para a aderência de água na aeronave, promovendo a formação de gelo. Adicionalmente, o ciclone extratropical que estava sobre o Uruguai e o Rio Grande do Sul pode ter aumentado a umidade na frente fria que o avião cruzou.

Além disso, a fumaça proveniente das queimadas no Pantanal pode ter se acumulado em altitudes elevadas na atmosfera. Segundo a análise do laboratório, isso pode ter causado uma queda na temperatura da água nas nuvens.

"Isso tornou a água ainda mais fria e líquida, transformando-a em gelo e possivelmente deixando a aeronave mais pesada", aponta um texto publicado pelo Lapis, destacando que esse é apenas um dos cenários de causalidade possíveis, a partir dos dados sobre o voo e sobre a região.

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu na segunda-feira, 12, a fase inicial da investigação em campo e planeja divulgar um relatório preliminar em até 30 dias. Contudo, isso não garante que uma resposta final será disponibilizada dentro desse período.

O órgão conseguiu extrair todos os dados das caixas-pretas da aeronave. As primeiras análises confirmaram que não houve comunicação entre o piloto e a torre de controle, e a investigação buscará entender o motivo dessa falta de contato.

A aeronave possui dois tipos distintos de gravadores de voo, conhecidos como caixas-pretas. O CVR (Cockpit Voice Recorder) grava as conversas dentro da cabine, enquanto o FDR (Flight Data Recorder) registra dados técnicos do voo, como altitude, condições meteorológicas e velocidade.

Fonte: Redação Terra
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