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RJ: Sindicato dos Comerciários tem depredação em eleição

Cerca de 200 pessoas foram presas por tentarem destruir provas de desvios que chegam a R$ 100 milhões

17 jun 2015 - 16h41
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A prisão de mais de 200 pessoas por depredações no Sindicato dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro não interrompeu as eleições desta terça-feira (17) para a nova diretoria. Os resultados devem ser divulgados esta noite, logo após a chegada das urnas à sede do sindicato. 

Policial acompanha votação para a diretoria do sindicato
Policial acompanha votação para a diretoria do sindicato
Foto: Jose Lucena / Futura Press

Em outubro, a entidade sofreu uma intervenção da Justiça do Trabalho, depois que a diretoria foi afastada e teve os bens bloqueados por suspeita de crimes, entre eles improbidade administrativa e nepotismo.

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O perito da Justiça do Trabalho José Carlos Nunes atua como interventor no sindicato, ao mesmo tempo em que conduz uma análise interna sobre os últimos 10 anos de administração. A auditoria deve ser finalizada até 30 de julho.

De acordo com a apuração referente ao período entre 2009 e 2014, os desvios chegam a R$ 100 milhões. Segundo o perido, a lista de crimes investigados inclui apropriação indébita, falsidade ideológica, fraudes contábeis, ameaças à integridade de funcionários e nepotismo.

O interventor acredita que o grupo que invadiu e depredou a sede do sindicato no fim da madrugada de hoje não tinha interesse apenas no cancelamento da eleição, mas também na destruição de provas que incriminem a gestão afastada. "O objetivo dos meliantes, além de tentar melar a eleição, era destruir as provas que estão sendo colhidas para punir os responsáveis pelos desvios de mais de R$ 100 milhões."

A depredação gerou prejuídos de cerca de R$ 3 milhões ao sindicato, que teve seis consultórios médicos e três dentários destruídos, inclusive com prontuários e fichas rasgadas. Diversos andares do prédio foram invadidos e tiveram portas arrombadas.

Funcionários tentam identificar documentos destruídos e que podem ser recuperados. "Eles achavam que eram os documentos da auditoria. A orientação que eles receberam era rasgar os documentos que encontrassem", explicou o auditor. Segundo ele, as provas da investigação estão salvas.

Antes da intervenção, o presidente do sindicato era Otton Mata Roma, que havia assumido em 2006. Presidente por dois mandatos, Otton assumiu após a morte dou pai, Luisant Mata Roma, que ocupou a presidência do sindicato por 40 anos, entre 1966 e 2006.

José Carlos Nunes informou que o presidente do sindicato recebia mais de R$ 60 mil mensais de salário. Os demais membros da diretoria afastada tinham vencimentos mensais de cerca de R$ 47 mil.

O advogado Fábio Curi, que defende Otton Mata Roma, nega que seu cliente tenha envolvimento com a depredação do sindicato, mas esclareceu que a eleição deve ser cancelada por parcialidade do interventor. "O interesse do meu cliente é que não haja essa eleição. Ele entende que ela é completamente viciada e passível de nulidade", afirmou Curi, que entrou com um mandado de segurança para suspender a eleição.

Para a defesa, não houve desvio de dinheiro público no sindicato. Fábio Curi disse que a declaração de bens de Otton Mata Roma é menor do que tem sido apontado nas denúncias. Acrescentou que está tentando acesso aos documentos bloqueados pela justiça. "São documentos que comprovam a gestão dos dirigentes afastados. Sem eles, não conseguiremos exibir toda a licitude nem rebater as acusações."

Equipes da Polícia Civil, da Polícia Militar e também seguranças particulares devem acompanhar a apuração da eleição hoje à noite. O processo também está sendo acompanhado pelo Ministério Público do Trabalho.

O procurador José Carlos Teixeira adiantou que a eleição será bem sucedida. "A eleição está ocorrendo. É evidente que houve um incidente desagradável para desestabilizá-la. Os comerciários têm de decidir a quem entregarão a direção do sindicato." Três chapas disputam o pleito. A posse da nova diretoria está marcada para 28 de junho.

Os detidos foram levados para a Cidade da Polícia, na zona norte do Rio, onde estão sendo identificados. A polícia acredita que o grupo tenha sido trazido de São Paulo para tumultuar a eleição no sindicato, marcada para hoje.

Agência Brasil Agência Brasil
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