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Sininho debate com jornalistas e cita 'manipulação nojenta'

Tida na investigação da Polícia Civil como uma possível líder de um grupo de ativistas que praticavam atos violentos no Rio de Janeiro, Elisa Quadros participou de um debate no Sindicato dos Jornalistas um dia após deixar o complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, no mesmo dia em que profissionais de imprensa voltaram a ser agredidos

25 jul 2014 - 15h46
(atualizado às 15h58)
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O Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro promoveu na manhã desta sexta-feira um encontro sobre liberdade de expressão, que contou com a ativista Elisa Quadros, a Sininho, e entidades dos direitos humanos. Nesta quinta-feira, quando Sininho e os ativistas Camila Jourdan e Igor D'Icarahy deixaram o complexo de Gericinó, em Bangu, jornalistas foram agredidos
O Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro promoveu na manhã desta sexta-feira um encontro sobre liberdade de expressão, que contou com a ativista Elisa Quadros, a Sininho, e entidades dos direitos humanos. Nesta quinta-feira, quando Sininho e os ativistas Camila Jourdan e Igor D'Icarahy deixaram o complexo de Gericinó, em Bangu, jornalistas foram agredidos
Foto: Mauro Pimentel / Terra

Arredia a qualquer tipo de entrevista, Elisa Quadros, a Sininho, enfim, falou com os jornalistas. Participando de um debate promovido pelo sindicato da categoria no Rio de Janeiro, junto a órgãos de defesa dos direitos humanos, a ativista citou o que considerou uma "manipulação nojenta" por parte da mídia em geral, um dia após ser beneficiada por um habeas corpus e solta do complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu. Nas investigações da Polícia Civil, ela é citada como possível líder do grupo de manifestantes que planejavam e executavam ações violentas na capital fluminense. 

"A gente sabe que não é o profissional em si, mas a forma nojenta que tudo está sendo manipulado quando chega lá no editor-chefe e quando sai (vai para o ar, é publicado) é a mesma coisa que a polícia em si que sai batendo na gente", disse Sininho, acompanhada da mãe, Rose Quadros. Ela respondeu a uma pergunta do Terra no início do debate, na qual a reportagem questionou se os ativistas, mesmo descontentes com a postura de alguns veículos, não generalizam os repórteres. 

Na saída de Sininho, junto de Camila Jourdan e Igor D'Icarahy, de Bangu, houve mais uma vez agressão por parte dos manifestantes para com os jornalistas. O cinegrafista do SBT Tiago Ramos foi agredido por manifestantes e precisou ser internado para suporte médico, enquanto o fotógrafo do diário O Dia André Mello foi derrubado no chão e teve o equipamento danificado. De acordo com o Sindicato dos Jornalistas, são 200 casos de agressões e 90 jornalistas feridos – 80% em função da força excessiva da Polícia Militar. 

"Na verdade a gente consegue separar muito bem. E vocês, sabem separar? É muito engraçado. Inclusive, no Ocupa Câmara, a gente tentou fazer um debate com os jornalistas sobre a democratização da mídia. E sempre foi uma luta nossa também. A gente sabe a importância do profissional jornalista", disse, sempre muito nervosa, e amparada pela mãe, que também esbravejou contra a mídia. 

"A Elisa saiu ontem e está abalada com a truculência da mídia. A imprensa veio como cão raivoso e me amassaram no carro. Eu falo e repito: deixem minha filha em paz", pediu Rose Quadros. "Ela é um ser humano". Repórter da GloboNews, Cecília Flesh deu prosseguimento ao debate questionando a perseguição de ativistas junto aos profissionais das Organizações Globo. 

Cecília, no momento do debate, deu a sua opinião pessoal sobre os fatos e que foi abordada por alguns manifestantes perguntando "por que a Globo não dava um iPhone 5 para ela". Após ficar "três horas e meia dentro do carro" com receio de ser atacada por ativistas, como já ocorreu em diversas oportunidades, ela contou que "eu respondi que meu salário é menor do que a sua mesada", citando as dificuldades do mercado jornalístico que, muitas vezes, é desconhecido das pessoas que tendem a glamourizar a profissão. E que de maneira educada tentou conversar com as lideranças e obter depoimentos. 

"Ativistas e militantes trabalham. Temos jornalistas, produtores, professores e garis. Eu trabalho desde os meus 16 anos com carteira assinada. Há oito anos eu faço publicidade, filme e documentário. Me colocaram como uma desempregada. Eu não sou, não. E não ganho mesadinha também, não. Eu trabalho muito", respondeu Sininho, ainda mais irritada. 

Nonato Viegas, do jornal O Dia, questionou na sequência o fato de o fotógrafo do seu diário ter sido agredido na saída dos ativistas de Bangu e sobre a dificuldade que muitos profissionais têm de obter o outro lado da história diante da forma arredia como os ativistas tratam, em geral, os repórteres. Por mais que a contragosto, e explicando que não é chefe de nenhum grupo, ela sabe que está simbolizada como a líder dos manifestantes. 

"É muito injusto a gente ouvir agora que a gente não dá entrevista. Eu nunca fui agressiva com nenhum jornalista", disse, se esquecendo do episódio em que chamou de "carniceiros" os jornalistas que estavam reunidos numa delegacia dias depois da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade. 

"Ao contrário, já me botei na frente de vários aqui. Vários. O que adianta a gente falar com a Globo e, como já aconteceu diversas vezes comigo, colocar 'frasesinhas'. 'Tem ligação com o Freixo, tem ligação com o Freixo'. Coisas ridículas", afirmou sobre o caso veiculado na mídia de que ela teria contato com o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol). 

"Do que adianta? Sinceramente, a culpa não é do profissional e a gente sabe disso. Estou aqui por consideração e agradecimento por todos que lutaram por nossa liberdade e por respeito a este sindicado. Mas, por mim, eu jamais vou falar com a Rede Globo. Jamais", disse, antes de se retirar do debate, nervosa.

Fonte: Terra
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