SP: 18ª Parada LGBT cobra a criminalização da homofobia
A 18ª edição da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo foi aberta oficialmente neste domingo com uma entrevista coletiva na qual ativistas cobraram autoridades públicas municipais, estaduais e federais para que a homofobia seja criminalizada. O desfile dos trios começou por volta das 13h30.
A entrevista, realizada em um teatro da região central de São Paulo, reuniu fundadores da parada e autoridades como a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Ideli Salvatti, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT). Pré-candidato ao governo paulista pelo PT, o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha também participou do evento –foi a primeira vez que ele e Alckmin, pré-candidato à reeleição, estiveram juntos na pré-campanha.
Nos discursos, ativistas da causa e fundadores da parada cobraram leis que criminalizem mortes e agressões sofridas pela categoria. Para isso, foram citadas leis especificas como Maria da Penha, contra violência à mulher, e a lei Afonso Arinos, que criminaliza o racismo.
“Para defender a comunidade GLBT de crimes em que há requintes de crueldade, temos qual ferramenta que seja válida em todo o território nacional? Não existe”, disse o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, Fernando Quaresma.
Também fundador da Parada, Nelson Matias classificou a falta de legislação específica para criminalizar ataques a homossexuais como “morte social”. “Verdade que temos hoje uma sociedade doente, mas a morte do LGBT, além da morte social, quando você nega a ele direitos, representa também a morte do cidadão. E a morte física, quando existe, acaba sendo apenas uma consequência da morte social”, avaliou, para
completar: “Meu direito de amar quem eu quero é uma decisão minha, de foro íntimo, e a sociedade tem que respeitar isso. E uma sociedade justa tem que aprender a respeitar as diferenças”, definiu.
Dos R$ 3 mi da Parada, R$ 2 mi são da Prefeitura
Haddad –segundo o qual a Prefeitura investiu pouco mais de R$ 2 milhões no evento –defendeu a criminalização de atos de homofobia por considerá-los “atos de intolerância que não atingem só o agredido, mas a humanidade”. Sobre as verbas públicas na parada, justificou:
“Entendemos que se trata de uma parada cívica, antes mais nada; para nós ainda não é uma festa e nem pode ser – é dia de luta, de mobilização contra a intolerância contra a comunidade LGBT, e um tipo de intolerância ainda muito arraigada, infelizmente.”
Ao todo, a Parada teve um custo de R$ 3 milhões dos quais entidades federais como Petrobras e Caixa Econômica Federal também aparecem como patrocinadores.
Pelos números da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, referentes a 2012, mais de 10 mil homossexuais foram agredidos no Brasil em virtude de orientação sexual. Desse número, pelo menos 150 casos foram registrados na cidade de São Paulo.
“Isto (a criminalização da homofobia) é uma briga de poder para ser exercido em nome e a favor de todos, ou em nome e a favor de poucos”, opinou a ministra da SDH, para quem “o poder, hoje, é (personificado
no) homem branco, rico e heterossexual no nosso país. E por isso tem que trabalhar cotidianamente e avançar”, defendeu, citando que, das 27 unidades federativas, apenas 17 têm parceria com a SDH no combate aos casos.
Alckmin citou uma lei promulgada por seu governo em 2001, a 10.948, que estabeleceu como crime administrativo qualquer forma de discriminação. “O respeito é o principio basilar da sociedade”, disse.
Organização tem 1.700 PMs
A organização não quis fazer estimativas de público –o número de participantes sai apenas no final do dia. Só pela Polícia Militar, segundo a corporação, são 1.700 PMs escalados para o evento.