SP: ex-executivo diz que Alstom pagou R$ 32 mi em suborno
Um ex-executivo da empresa francesa Alstom afirmou em depoimento ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que a multinacional pagou suborno de R$ 31,9 milhões (em valores atualizados) a servidores públicos e políticos do PSDB para fechar um negócio com estatais paulistas do setor de energia. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
De acordo com a testemunha, que não teve sua identidade revelada, o suborno pago pela empresa é equivalente a 12,1% do valor do contrato, de R$ 263 milhões. Ainda segundo o executivo, além de propina, o preço das subestações de energia vendidas à Empresa Paulista de Transmissão de Energia (EPTE) e à Eletropaulo foi superfaturado em R$ 16,2 milhões.
O executivo afirmou também à promotoria paulista que o superfaturamento foi feito em parte do material importado da França. Somados, o valor do sobrepreço e das quantias pagas em suborno elevou o total do contrato em R$ 48 milhões, valor equivalente a 18,2% do negócio.
Segundo o depoimento, o suborno foi pago aos servidores e políticos tucanos para que a Eletropaulo e a EPTE não realizassem uma nova licitação, evitando assim uma disputa pública. O MP paulista deve pedir que a empresa francesa devolva o valor cobrado indevidamente.
O executivo afirmou aos promotores que as empresas estrangeiras MCA Uruguay e Acqualux eram usadas como consultoria de fachada, e serviam para acobertar a saída de dinheiro usado no pagamento de suborno. Juntas, as duas empresas receberam R$ 31,9 milhões.
A Acqualux - que teria recebido R$ 9,2 milhões, de acordo com o executivo – pertence a Sabino Indelicato, tido pelo MP como um “laranja” do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Robson Marinho, suspeito de receber suborno da Alstom.
Contraponto
A Alstom diz em nota "que sobrepreço e pagamentos ilegais não são permitidos na empresa". A multinacional afirma ainda "que está colaborando com as autoridades nas investigações" e que "opera segundo um código de ética a fim de cumprir as leis e regulamentos dos países onde mantém suas operações".