SP: fiscal preso por fraude diz que secretário recebia parte da propina
O auditor fiscal Eduardo Horle Barcellos, ex-diretor do Departamento de Arrecadação e Cobrança da prefeitura de São Paulo, afirmou, em depoimento ao Ministério Público paulista (MP-SP), que o ex-secretário Antonio Donato recebeu dele R$ 20 mil por mês entre dezembro de 2011 e setembro de 2012. As informações são do Jornal Nacional.
Barcellos falou ao MP nesta terça-feira. Em seu depoimento, o auditor afirmou que o dinheiro repassado era proveniente do esquema montado pelo grupo. Segundo o jornal, Barcellos afirmou que Donato não sabia que o dinheiro que recebia vinha da fraude, que pode ter causado prejuízo de até R$ 500 milhões, de acordo com a Controladoria-Geral do Município (CGM).
O dinheiro seria pago em espécie no gabinete de Donato, que era vereador na época. O auditor fiscal Ronilson Bezerra Rodrigues, subsecretário da Receita Municipal na gestão de Gilberto Kassab (PSD) e apontado como líder do esquema, também deu dinheiro ao ex-secretário, segundo Barcellos.
Barcellos disse também ao MP que os valores repassados a Donato eram uma espécie de investimento para que ele e Ronilson mantivessem cargos altos na gestão de Fernando Haddad (PT).
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, em fevereiro deste ano Barcellos foi transferido da Secretaria de Finanças para a pasta do Governo no começo do ano, a pedido de Donato. Ronilson foi nomeado diretor da São Paulo Transporte (SPTrans).
Donato negou que tenha recebido dinheiro e afirmou que Barcellos e Ronilson se aproximaram dele durante a campanha. Eles teriam oferecido estudos sobre o sistema de arrecadação da prefeitura. O vereador afirmou também que determinou o afastamento dos dois de seus cargos quando soube sobre a investigação.
De acordo com Haddad, Donato conheceu Rodrigues e Barcellos quando era coordenador de sua campanha à prefeitura.
"O Donato conhecia o Ronilson e o Barcellos da Câmara. Os dois apresentaram estudos na campanha eleitoral sobre o IPVA e o ISS. Eles tentavam se aproximar de quem tinha expectativa de poder, como pessoas desse tipo fazem. Não é absurdo isso porque eles vão em busca de proteção, ainda mais os que cometeram delitos."