SP: Idoso infarta e aguarda há mais de 20 dias por cateterismo
Filha de paciente alega burocracia excessiva com envio de exames pelo hospital ao sistema estadual, para que idoso possa ser transferido
Um idoso autônomo de 64 anos está há 22 dias aguardando por um cateterismo para ter alta após sofrer um infarto em São Paulo (SP). A filha dele acusa o hospital de não dar prosseguimento aos trâmites burocráticos para que o pai possa ser incluído na fila de transferência para outra unidade de saúde, onde o exame poderá ser realizado.
Raphaela Prado, de 35 anos, é filha de Sidnei Roberto Saragiotto. Ela conta que o pai foi levado ao pronto-socorro do Conjunto Hospitalar do Mandaqui em 15 de maio por uma ambulância do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), após ter uma grave falta de ar em casa.
No hospital, ele foi submetido a exames de sangue e foi constatada a alteração na quantidade de enzimas cardíacas, atestando que o idoso havia sofrido um infarto. Logo, ele foi internado na ala de urgência do hospital, onde se recuperou e recebeu alta para a enfermaria dias depois.
Agora, o idoso aguarda por um cateterismo, que só poderá ser realizado em outra unidade de saúde. Por causa disso, ele deverá passar pela Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross), da Secretaria de Saúde Estadual, que intermedia as transferências.
No entanto, segundo a filha, o Hospital Mandaqui estaria sendo negligente, ao adiar a transferência por falta de organização com a inclusão dos exames no sistema. A equipe médica do hospital alega que está tentando, mas Raphaela teme pela saúde do pai.
"Ele está tomando remédio, pois alegaram queda no potássio, rins e diabetes. Ele chegou sem nada disso", diz.
Ainda conforme a Raphaela, uma única tentativa de inseri-lo na fila da transferência foi realizada na semana passada, mas negada devido ao erro de exames anexados.
"Colocaram um exame de sangue antigo na ficha, ao invés de pegar um atualizado. O Cross entendeu que não poderia autorizar por causa dos exames velhos", relata ela, que lembra outra situação controversa na unidade de saúde: "Segundo o hospital, para o registro no Cross a glicemia dele precisa ficar abaixo de 150. Os acompanhamentos do meu pai dizem que ele está com 130, 120".
Apesar das tentativas diárias desde a internação do idoso, a filha não conseguiu contato com o médico responsável pelo pai nem uma vez sequer. Ela também tentou contato com a assistência social e com a ouvidoria da unidade de saúde, mas sem sucesso. "Nessa, estou há 22 dias sem informação. Tudo o que eu sei, é o meu pai que conta", diz.
Secretaria de Saúde
A Secretaria de Saúde de São Paulo informou, por meio de nota enviada ao Terra, que o Conjunto Hospitalar do Mandaqui alegou que o paciente tem recebido os cuidados necessários ao seu caso desde desde sua entrada na unidade. Sidnei Roberto Saragiotto, inclusive, está sendo atendido por equipe especializada e multidisciplinar em clínica médica, garantiu o hospital.
Além disso, segundo o posicionamento, ele passou por exames laboratoriais e de imagem.
"No momento, o paciente segue monitorado para transferência a serviço de referência para realização do cateterismo em caráter ambulatorial. Vale lembrar que é necessário quadro clínico estável para a realização do procedimento. O hospital está à disposição dos familiares e pacientes, que estão sendo orientados diariamente", escreveu.