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SP: manifestantes criam vaquinha para arrecadar dinheiro para fianças

12 jun 2013 - 09h26
(atualizado às 12h12)
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Movimento Passe Livre criou vaquinha na web para arrecadar dinheiro para fianças
Movimento Passe Livre criou vaquinha na web para arrecadar dinheiro para fianças
Foto: Reprodução

O Movimento Passe Livre (MPL), que defende redução na tarifa e melhores condições no transporte público em São Paulo, criou nesta quarta-feira uma campanha no site conhecido como "Vakinha" para arrecadar dinheiro para o pagamento das fianças de manifestantes presos pela polícia. "O governo de São Paulo acha que vai parar as manifestações com a repressão policial e cobrando fianças de R$ 20. Vamos mostrar que nossa solidariedade é maior que todas as celas! Liberdade aos presos políticos do Haddad e tarifa zero já", diz a mensagem da vaquinha online. 

Até as 9h20, a campanha havia arrecado R$ 820, sendo que R$ 185 estavam para ser confirmados pelo site. "Criamos a vaquinha porque tem gente presa e não tem dinheiro para conseguir pagar a fiança e ser solta. Todo mundo está preso por motivo criminalização dos movimentos sociais, porque se considera criminoso o ato de protestar", explicou Caio Martins, um dos integrantes do MPL. Na semana passada, o grupo já havia se reunido para conseguir dinheiro para pagar a fiança de quem foi preso durante a segunda manifestação no dia 6 de junho. Na ocasião, 15 pessoas foram detidas. 

Já o protesto na noite de terça-feira terminou com pelo menos 17 pessoas presas, de acordo com a Polícia Civil - já a Polícia Militar afirma que foram 20 detidos. Pelo menos 11 manifestantes continuavam presos na manhã de hoje, no 78º Distrito Policial (Jardins). Dez deles são acusados de dano ao patrimônio público e formação de quadrilha - o segundo é crime inafiançável. Um manifestante teve a fiança estabelecida em R$ 20 mil e ainda não pagou a taxa - o valor foi calculado por "avaliação de danos". Para Caio, o valor alto é questão política. "É uma tentativa de criar mais dificuldade para parar o movimento. Eles sabem que a gente não tem muito dinheiro", justificou. 

Protesto dura cerca de seis horas

Após quase seis horas do início do protesto contra o aumento das tarifas de ônibus, trem e metrô na capital paulista, foram registrados pelo menos 20 prisões de manifestantes e três casos de policiais militares feridos por pedras. A informação é do tenente-coronel Marcelo Pignatari, que comandou o policiamento que acompanhou os manifestantes, e disse ainda que os detidos foram encaminhados ao 78º Distrito Policial (Jardins).

A manifestação começou de maneira pacífica, mas os primeiros tumultos começaram logo no início da passeata, na rua da Consolação, onde um jovem ciclista foi detido ao trafegar na única faixa liberada na via. A partir daí, o clima continuou tenso, com novos episódios de confronto entre manifestantes e policiais militares. 

A situação se agravou, porém, em frente ao terminal de ônibus Parque Dom Pedro. Após cerca de 20 minutos concentrados em frente ao local, um grupo de jovens tentou levar a passeata ao local, entregando flores aos policiais, mas foi impedida pela PM, que disparou bombas de gás lacrimogênio e tiros de bala de borracha. 

A PM não soube informar quantos manifestantes ficaram feridos, mas a reportagem presenciou vários jovens sendo atingidos por cassetetes e balas de borracha disparados pelos policiais. Pelo menos dois manifestantes ficaram feridos após serem atropelados por um motorista, que dirigia um Fiat Uno, que se irritou com a manifestação e atirou o carro contra os jovens - um homem e uma mulher, que não se feriram com gravidade.

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Segundo os organizadores, o objetivo da manifestação era "parar o País para serem escutados em Paris", em referência à cidade para onde o prefeito, Fernando Haddad (PT), e o governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), foram para defender a candidatura da cidade para ser sede da Expo2020. No início do protesto, muitos passageiros de ônibus demonstraram apoio à passeata, aplaudindo a manifestação. Entretanto, a pichação dos veículos - muitos ônibus - e de prédios públicos foi reprovada por muitas pessoas que assistiam ao protesto.

<p>Policiais militares tentam conter manifestação em vias da região central de São Paulo</p>
Policiais militares tentam conter manifestação em vias da região central de São Paulo
Foto: Bruno Santos / Terra

Confrontos

O protesto foi marcado por confrontos entre os manifestantes e policiais militares. Um grupo usou lixeiras e pedras para destruir vidraças de agências bancárias. Na rua Silveira Martins, o diretório do PT também foi apedrejado.

A Tropa de Choque da PM usou bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes, após o confronto no terminal de ônibus do parque Dom Pedro. Com isso, grande parte dos participantes do ato subiu para a avenida Paulista.

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A manifestação teve início, no fim da tarde, com uma concentração no fim da Paulista. Depois saiu em passeata pela rua da Consolação. Em seguida, os participantes bloquearam completamente a Radial Leste, pegaram a avenida Liberdade, passando pela praça da Sé. Na avenida Rangel Pestana, um pequeno grupo apedrejou e queimou um ônibus elétrico que estava estacionado. No parque Dom Pedro, eles foram impedidos pela polícia de entrar no terminal de ônibus.

Nova manifestação na quinta-feira

Um novo protesto está marcado para a quinta-feira, no Anhangabaú. A concentração será às 17h, em frente ao Theatro Municipal. A manifestação será novamente organizada pelo Movimento Passe Livre, que reivindica isenção de tarifa para os estudantes secundaristas e universitários, e melhores condições para o transporte público em São Paulo.

Aumento da tarifa

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011. Desde o dia 6, a cidade vem enfrentando protestos.

Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse em nota. 

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. O decreto foi publicado, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

 

Fonte: Terra
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