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SP: novo protesto bloqueia Marginal Pinheiros, e PM responde com bombas

Manifestação prejudicou o trânsito em noite em que a capital paulista registrou mais de 220 km de congestionamentos

7 jun 2013 - 17h56
(atualizado às 22h06)
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Grupo corre da polícia em protesto contra preço do ônibus:

Um dia após o protesto que resultou em 15 prisões e o fechamento de importantes avenidas de São Paulo, a capital paulista foi palco de um novo ato contra o reajuste das tarifas do transporte público na noite desta sexta-feira. Depois de um início relativamente tranquilo, a marcha teve um princípio de tumulto às 19h15, quando os manifestantes tentaram ocupar a pista expressa da Marginal Pinheiros, sentido Castello Branco. A Força Tática da Polícia Militar respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e obrigou o grupo a ocupar apenas a pista local da via, liberando a expressa para o tráfego de veículos.

Apesar dos ânimos acirrados, os cerca de 5 mil manifestantes não reagiram e não houve registro de confronto. O grupo seguia pela pista local, sentido Castello Branco, em direção à estação Butantã da Linha 4-Amarela do Metrô, mas, após o tumulto, decidiu retornar ao largo da Batata, deixando a marginal por volta das 19h30. Ao menos uma pessoa ficou ferida - uma fotógrafa teve o rosto atingido por estilhaços.

Logo em seguida, a PM arremessou novas bombas de gás lacrimogêneo contra a multidão, desta vez na avenida Professor Frederico Herrmann Junior, próximo ao prédio da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Segundo a PM, o objetivo dos disparos foi dispersar o grupo e obrigá-lo a seguir pela rua Vupabussu, que concentra menor movimento de veículos.

Às 19h50, a multidão ingressava na avenida Brigadeiro Faria Lima, se encaminhando para o final do ato. Alguns estudantes carregavam frascos de vinagre. Segundo o grupo, o produto, quando inalado, ajuda a minimizar os efeitos das bombas de gás lacrimogêneo. Outros manifestantes iam além e usavam máscaras com filtros para respirar em meio à fumaça. Às 20h, a passeata chegou ao fim, após uma hora e meia de protestos.

Manifestantes que seguiriam com o protesto, indo até a avenida Paulista de metrô, encontraram dificuldades ao chegarem à estação Faria Lima. Seguranças da Linha Amarela fecharam o acesso, e houve um princípio de tumulto. A passagem aos manifestantes acabou sendo reaberta. Por volta das 21h50, após breve negociação, a PM acabou liberando o grupo para marchar em parte da Paulista. 

<p>Policiais militares observam concentração de manifestantes no Largo da Batata, em Pinheiros, no segundo dia de protestos em São Paulo</p>
Policiais militares observam concentração de manifestantes no Largo da Batata, em Pinheiros, no segundo dia de protestos em São Paulo
Foto: Bruno Santos / Terra

PM reforça a segurança

Desde o final da tarde, a Polícia Militar reforçou a segurança nas proximidades do largo da Batata, em Pinheiros, onde os manifestantes se concentraram para a marcha. Segundo a PM, a prioridade era evitar novos bloqueios de vias durante a passeata - o largo situa-se na avenida Faria Lima, um dos principais corredores de veículos da região. Apesar dos esforços da escolta da PM, a capital paulista viveu uma noite com trânsito complicado, com o terceiro maior congestionamento do ano - 228 quilômetros, registrados às 19h.

Por volta das 17h40, a movimentação era tranquila no largo da Batata, onde o Movimento Passe Livre SP marcou a concentração para as 17h. Com cartazes e gritos de ordem, os manifestantes afirmam que o movimento é pacífico e não pretende entrar em confronto com a polícia.

A organização da manifestação distribuía panfletos convocando os presentes para um novo ato na próxima terça-feira. Com os dizeres 'Se a tarifa não baixar, São Paulo vai parar', o convite conclama a população a se reunir às 17h do dia 11 de junho na praça do Ciclista, entre as avenidas Paulista e Consolação, em frente à estação Consolação do Metrô. Segundo os líderes do movimento, a manifestação desta sexta-feira seria "para mostrar que a gente não tem medo e que a gente não vai parar enquanto a tarifa não baixar".

7 de junho - Manifestantes bloquearam a avenida Faria Lima e foram alvo de bombas de gás lacrimogêneo na Marginal Pinheiros
7 de junho - Manifestantes bloquearam a avenida Faria Lima e foram alvo de bombas de gás lacrimogêneo na Marginal Pinheiros
Foto: Renato S. Cerqueira / Futura Press

Por volta das 18h30, cerca de 500 pessoas partiram em marcha pela avenida Brigadeiro Faria Lima, na pista sentido Consolação, mas o trânsito de veículos estava liberado em uma das faixas, graças à escola da PM. O trânsito nessa faixa estava congestionado. No sentido contrário, fluía normalmente. Às 18h45, a cidade registrava 228 quilômetros de congestionamentos.

O ato logo ganhou força e atraiu a presença de pelo menos 2 mil pessoas, e, posteriormente, 5 mil, segundo cálculos da PM. Apesar dos esforços dos policiais para manter ao menos uma das faixas da avenida Faria Lima liberada para os veículo, a via estava praticamente intransitável às 19h, quando o grupo chegou à Rebouças, onde seguiram em direção à Marginal Pinheiros. Segundo os manifestantes, o objetivo é encerrar a marcha na estação Butantã da Linha 4-Amarela do Metrô.

Segundo a Polícia Militar, a princípio não haveria interferência na manifestação, mas ela é monitorada de perto para evitar o fechamento de vias. Não está descartado que o Batalhão de Choque seja acionado novamente, a exemplo do ocorrido na noite de quinta-feira, caso haja novos bloqueios.

O consórcio ViaQuatro, responsável pela Linha 4-Amarela do Metrô, que passa pela região, também reforçou a segurança na estação Faria Lima, que dá acesso ao largo da Batata. A prioridade é proteger o patrimônio da estação, com reforços em áreas envidraçadas.

Estragos

Segundo o Metrô, os estragos causados em estações durante a manifestação de quinta-feira causaram prejuízos patrimoniais de R$ 73 mil. Em nota, a companhia afirmou que, do total, R$ 68 mil são prejuízos causados por conta de vidros quebrados e R$ 5 mil com luminárias danificadas.

Ainda segundo o Metrô, as estações Brigadeiro e Trianon-Masp, da Linha 2-Verde, tiveram os vidros de seus acessos quebrados e, junto com a estação Consolação, foram fechadas enquanto os manifestantes passavam pelo entorno, para evitar riscos aos usuários.

A estação Vergueiro, da Linha 1-Azul, teve um de seus acessos fechado por conta "de depredação em seu interior, que resultou em um agente de segurança do Metrô ferido, sem gravidade".

A companhia afirmou que irá responsabilizar e acionar judicialmente os autores do que classificou como "atos de vandalismo" por danos ao patrimônio público, e classificou o episódio como "lamentável". Na nota, o Metrô afirmou que "o reajuste da tarifa, de 6,7%, concedido conjuntamente com os ônibus municipais no último dia 2, foi inferior à inflação do período".

Polícia prende 15 após protestos

Na quinta-feira, os manifestantes fecharam a bifurcação entre as avenidas 23 de Maio e 9 de Julho, na região do Terminal Bandeira, no centro de São Paulo, por volta das 19h, e interditaram as vias queimando caixotes e itens de sinalização de trânsito. Os manifestantes entraram no Terminal Bandeira e, de acordo com a PM, danificaram e picharam ônibus. A polícia então utilizou munições químicas, como gás lacrimogêneo, e balas de borracha. A manifestação seguiu pela avenida Paulista, onde houve novo tumulto.

Ao todo 15 pessoas foram detidas por conta do protesto de quinta-feira. A Polícia Militar (PM) informou que os detidos foram encaminhados para o 78º DP (Jardins). O presidente do Sindicato dos Metroviários, Altino de Melo Prazeres, faz parte do grupo.

Desses suspeitos, nove foram ouvidos e liberados em seguida, incluindo o presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino Prazeres. Os outros seis detidos passaram a noite na delegacia, segundo informações do Bom Dia SP.

Dos que continuaram detidos, segundo o delegado de plantão Severino Pereira, quatro foram liberados no início da manhã, após pagamento de fiança. Alguns tiveram que arcar com o pagamento de um salário mínimo (R$678), por terem causado pequenos danos ao patrimônio. Outros, que causaram danos maiores, pagaram fiança de R$ 3 mil.

Um dos detidos continua na delegacia, porque não tem dinheiro para a fiança e o último acusado permanecerá preso, pois foi flagrado ateando fogo em via pública e, segundo o delegado, não terá direito à fiança.

Pela estimativa policial, aproximadamente 2 mil pessoas participaram do protesto - a organização Passe Livre, que liderou a passeata, indicou que o evento reuniu cerca de 5 mil.

Aumento da tarifa

As tarifas de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A prefeitura informou que a proposta de reajuste, de 6,67%, foi enviada em 22 de maio à Câmara de Vereadores. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011.

Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse em nota. A previsão é que haja pagamento de R$ 1,25 bilhão em subsídios ao sistema de ônibus em 2013.

A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) também alegou que o reajuste é menor que a inflação no período de janeiro de 2012 a maio de 2013, que foi de 7,2%. "Ao comprar uma passagem no Metrô, o passageiro tem acesso aos 74,3 quilômetros da malha metroviária e aos 260 quilômetros da rede ferroviária da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)", disse a empresa em nota.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou, junto com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que o preço abaixo da previsão é um esforço feito para colaborar com o governo federal, que enfrenta dificuldades para manter a inflação no teto da meta estabelecida (6,5%).

Ele também havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para as passagens de ônibus, trem e metrô. O decreto foi publicado na semana passada, mas não houve manifestação da administração municipal.

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Fonte: Terra
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