Um inquérito foi instaurado pelo Ministério Público para investigar possíveis excessos na ação da Polícia Civil que resultou em confronto com viciados na Cracolândia, região central de São Paulo. Segundo o Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), responsável pela operação, policiais que visavam prender um traficante foram repelidos por usuários de droga com pedras e pedaços de pau. Após a chegada de reforço, eles reagiram, diz a polícia. "Foi uma ação muito diferente de tudo que já vi do Denarc, fechando ruas e atirando bombas. Foi uma ação muito nebulosa, esquisita, estranha", disse o promotor Arthur Pinto Filho. As informações foram publicadas no jornal Folha de S. Paulo.
A ação policial causou uma crise política entre a prefeitura, que promove na região um programa para recuperar os viciados sem o uso de repressão, e o Estado. Além de bombas de efeito moral, os viciados dizem que os policiais usaram balas de borracha. O governo nega. O secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, defendeu ontem a ação do Denarc e disse que as operações na Cracolândia são comuns e que policiais civis vão continuar a prender traficantes na região. Ainda na sexta, o assessor do governo Edson Ortega, que atua na Cracolândia, disse que as ações da Polícia Civil continuarão ali, "mas, se houver a possibilidade de confronto, a operação não deve ser feita". A declaração provocou mal-estar com a secretaria, pois teria soado como uma admissão de que houve excessos. Além disso, o entendimento é de que somente Grella poderia fazer essa avaliação.
23 de janeiro - Moradores e usuários de crack da rua Barão de Piracicaba, na região da Cracolândia, em São Paulo, relataram suposto uso excessivo de força por parte da Polícia Civil na tarde desta quinta-feira
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
23 de janeiro - Em entrevista ao Terra, sob condição de anonimato, eles disseram que ao menos 10 viaturas da Polícia Civil chegaram ao local por volta das 15h, utilizaram balas de borracha, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogênio durante a abordagem
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
23 de janeiro - De acordo com dois dependentes químicos, os policiais abordaram parte dos frequentadores da Cracolândia exigindo que deitassem ao chão e colocassem as mãos na cabeça
Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
23 de janeiro - Policial do Denarc exibe marcas de agressões que diz ter recebido de usuários da Cracolândia durante ação para prisão de traficantes
Foto: Janaina Garcia / Terra
24 de janeiro - Os manifestantes acusaram o governador de tentar sabotar o programa petista, que envolve várias secretarias
Foto: Vagner Magalhães / Terra
24 de janeiro - O protesto foi contra a ação de policiais do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) na região da Cracolândia, também no centro
Foto: Vagner Magalhães / Terra
24 de janeiro - Cerca de 60 pessoas participaram de um protesto, na tarde desta sexta-feira, em frente à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) no centro da capital paulista
Foto: Vagner Magalhães / Terra
24 de janeiro - Um dia depois de ação do Denarc na Cracolândia, usuários consomem drogas na rua Barão de Piracicaba