SP: sem a presença da PM, ato pede liberdade a manifestantes
Ao menos 200 manifestantes participam nesta quarta-feira do Ato Nacional Protestar Não é Crime, em São Paulo. O protesto, que começou na praça da Sé e chegou à praça Roosevelt, no centro da capital, pede “liberdade e anistia para todos os presos políticos” e o “fim da criminalização dos movimentos sociais”.
O grupo saiu da praça da Sé por volta das 18h30 e seguiu pelas ruas do centro (Barão de Itapetininga, praça da República, São Luís e Consolação) até chegar à praça Roosevelt. Ao contrário do que aconteceu nos últimos atos, em que a Polícia Militar (PM) deslocou Tropa de Choque, Tropa do Braço e Cavalaria para acompanhar os manifestantes, não houve policiamento ostensivo – apenas um veículo da corporação acompanhou a passeata.
O ato foi pacífico, mas alguns manifestantes picharam muros e ônibus com frases como “troque um preso político por um político preso” e “não vote, lute”. Isso porque a pauta do protesto não tratou exclusivamente das prisões: houve demonstração de apoio aos palestinos, com gritos de “Israel assassino”, e também manifestações contrárias à realização das eleições no País.
Prisões
Em São Paulo, quatro manifestantes continuam presos. Os casos mais controversos são o de Fabio Hideki Harano, 26 anos, estudante e funcionário da Universidade de São Paulo, e Rafael Marques Lusvargui, 29 anos, ex-policial militar, detidos desde o dia 23 de junho, após um ato contra a Copa do Mundo. A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público e desde o dia 21 ambos são réus no processo que os acusa de associação criminosa e porte de material explosivo, entre outros crimes.
O MP, no entanto, admitiu, nesta semana, que encaminhou a denúncia sem que a perícia no suposto material explosivo tivesse sido feita. Em sua defesa, o MP afirma que para fazer a denúncia é preciso haver apenas “indícios”. “Segundo os Promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), é possível oferecer a denúncia sem a perícia, pois os indícios de que o material apreendido em poder dos denunciados era explosivo já é suficiente para o oferecimento e recebimento da denúncia”, diz o MP, em nota.
Na época das prisões, entidades de direitos humanos já haviam alertado de que as provas tinham sido forjadas. Hideki está preso desde o dia 25 de junho na penitenciária de Tremembé, no interior do Estado. Já Lusvarghi encontra-se no 8º Distrito Policial (DP), no Brás.
Os outros presos são o professor Jefte Rogrigues do Nascimento, 30 anos, e o mecânico João Antônio Alves de Roza, presos por atos de vandalismo durante um protesto convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL) no dia 19 de junho. Segundo a polícia, Nascimento confessou que participou da depredação de uma agência bancária - ele foi preso no dia 24 de julho. Alves de Roza, que foi preso no dia 2 de julho, é acusado de depredar uma concessionária de carros de luxo - ele está desde o dia 14 no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pinheiros.