SP: servidor que confessou fraude no ISS volta a depor no MP
O servidor Luís Alexandre Cardoso de Magalhães chegou por volta das 10h20 desta quinta-feira ao Ministério Público de São Paulo para prestar depoimento ao promotor César Dario, do Patrimônio Público Social. Ele confessou ter participado de um esquema que desviou cerca de R$ 500 milhões dos cofres da administração municipal ligados ao Imposto Sobre Serviços (ISS) e Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU).
No último dia 4 de novembro Luís Alexandre deixou o 77º DP após acordo de delação premiada. O servidor confessou o esquema de desvio de dinheiro ao lado de outros servidores. Além de Luís Alexandre, o Ministério Público de São Paulo investiga outros cinco auditores fiscais da prefeitura. O ex-diretor do Departamento de Arrecadação e Cobrança Eduardo Horle Barcellos, que também fez acordo de delação premiada, o ex-diretor da Divisão de Cadastro de Imóveis Carlos Di Lallo Leite do Amaral, o ex-subsecretário da Receita Municipal Ronilson Bezerra Rodrigues, Amilcar José Cançado Lemos e Fábio Camargo Remesso - exonerado da prefeitura no último dia 2 -, também estão envolvidos no esquema.
O escândalo estourou no fim de outubro e o secretário de Governo do prefeito Fernando Haddad, Antonio Donato, pediu para deixar o cargo no início desta semana após seu nome ter sido citado em diversas escutas e gravações telefônicas. Além disso, Barcellos, um dos auditores envolvidos, afirmou que dava dinheiro mensalmente a Donato para ajudar a financiar sua campanha de vereador entre 2008 e 2012.
O secretário de Finanças da gestão Gilberto Kassab, Mauro Ricardo, também deverá ser ouvido pelo promotor Roberto Bodini, que lidera as investigações no MP. Segundo o promotor ele terá que explicar como seus subordinados, os servidores públicos, armaram esse esquema dentro do próprio prédio da prefeitura.
“Eles montaram naquela sala, no 11º andar do edifício sede da prefeitura, um QG para arrecadar dinheiro. O gabinete funcionou como subsecretaria de receita pessoal, porque recebiam dinheiro para eles. E com essa confirmação também deveremos prosseguir na investigação a respeito da ciência do secretário (Mauro Ricardo). Se não por ação, na sua omissão. Foram anos com dinheiro sendo entregue no andar de baixo do seu local de trabalho, dentro do prédio público, R$ 60 mil, 100 mil por semana em dinheiro guardado dentro do armário", disse o promotor.
Para Bodini, Mauro Ricardo terá que dar explicações. "Vai ser chamado, não sei quando. Ele tem que explicar como aconteceu isso. Ele era o superior direito do Ronilson. Era um subordinado direto recebendo quantias semanais de dinheiro dentro de seu local de trabalho. E ele não sabia e nem procurou saber?", completou.