SP: três são presos durante reintegração de residencial
Segundo a PM, presos lançaram pedras e coqueteis molotov contra policiais ou praticaram desacato; reintegração ainda não terminou
Três pessoas foram presas nesta quinta-feira durante a reintegração de posse no Conjunto Habitacional Caraguatatuba, em Itaquera, zona leste de São Paulo. De manhã, houve confronto entre os moradores, que haviam invadido os 940 apartamentos pertencentes ao programa Minha Casa, Minha Vida, da Caixa Econômica Federal, e policiais militares.
De acordo com o capitão Luciano Carvalho, do 48º Batalhão da Polícia Militar, uma das prisões foi motivada por desacato, e duas porque moradores teriam atirado objetos - pedras e coquetel molotov - contra policiais.
Segundo o policial, a reintegração, que foi iniciada na última terça-feira, mas teve hoje os momentos mais tensos, ainda não terminou. “Os moradores estão terminando de retirar seus pertences, mas não há como precisar quando isso acaba”, disse.
Participaram da operação homens da Força Tática e da Tropa de Choque. Além de bombas de gás lacrimogêneo, eles utilizaram armas de bala de borracha para conter os resistentes à reintegração - que usaram pedaços de concreto e extintores de incêndio do residencial, além de barricadas com fogo e botijões de gás, para conter o avanço das tropas.
Mais cedo, o major da PM Edilson Batista disse que os tiros de balas de borracha haviam sido “pontuais”. O Terra encontrou já dentro do condomínio dois moradores com ferimentos causados por esse tipo de munição.
Um dos feridos é o auxiliar administrativo Gustavo Andrade Jerônimo, 29 anos, que exibiu a marca do tiro na altura do ombro direito. “Eu estava em uma barricada composta unicamente por um cordão humano quando a polícia atirou”, declarou.
PM diz que queria "uso mais contido de energia"
“Tudo o que fizemos foi filmado. A PM tentou fazer a reintegração da melhor forma possível, com um uso mais contido de energia, mas teve que usar bombas e bala de borracha, em casos pontuais, porque havia pessoas que não eram invasores, mas gente de outros grupos, lançando pedras e coquetéis molotov contra policiais. A última coisa que queríamos era esse confronto”, disse o major Batista.
Histórico
O conjunto habitacional foi ocupado no dia 25 de julho do ano passado e, segundo decisão da 13ª Vara Cível da Justiça Federal em São Paulo, expedida em agosto do ano passado, o terreno deve ser devolvido à Caixa.
A tentativa de reintegração de posse desta quinta é a terceira feita pela PM nesta semana. Segundo a Caixa Econômica Federal, os moradores foram notificados em setembro sobre a necessidade de desocupação do conjunto, composta por 49 torres e 940 apartamentos, em cinco blocos.
Caixa diz que não negocia com invasores
Na manhã desta quinta-feira, a Caixa divulgou uma nota oficial dizendo que o residencial faz parte da faixa 1 do programa federal, destinado às famílias com renda de até R$ 1,6 mil. A obra já está concluída e aguarda a resolução do imbróglio judicial para ser entregue aos beneficiados.
“A Caixa esclarece que não negocia com invasores e busca sempre preservar o direito dos reais beneficiários que foram devidamente selecionados pelo Município de acordo com a regras do Programa Minha Casa, Minha Vida. Importante salientar que as famílias que invadiram o empreendimento foram comunicadas sobre a reintegração no mês de setembro/2013, por meio do oficial de Justiça, bem como pela Polícia Militar, que distribuiu panfletos no local, durante os meses de Dezembro/13 e Janeiro/14, avisando sobre a reintegração”, comunicou a Caixa.