Suspeito de desaparecimento de advogada nunca fez parte da PF

O suspeito de ser o mentor do sequestro de Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, se apresentou para a família como policial federal. No entanto, a corporação nega que Lourival Correa Netto Fatiga já tenha integrado o quadro de agentes. A informação é do O Globo. 

Lourival ganhou a confiança da advogada e do marido dela, Benjamin Cordeiro Herdy, de 78, há três anos. Eles tinham convívio e chegaram a viajar juntos. Ele é técnico de informática, tinha acesso à rotina da casa da família e teria instalado um serviço de câmeras de segurança para eles, já que havia se apresentado como agente da PF. 

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Acontece que o suspeito nunca integrou a corporação, conforme informou a Polícia Federal nesta quarta-feira, 22, à reportagem. 

Com os avanços da investigação acerca do sumiço de Anic, comunicado no dia 14 de março, duas semanas após seu desaparecimento, a Polícia Civil constatou que o suspeito estaria envolvido no caso. Inclusive, conforme aponta a investigação, ele é quem teria enviado mensagens de chip de celular, usado pela família apenas em viagens, para pedir exigir dinheiro de resgate da advogada. 

"As mensagens dos supostos sequestradores partiram do telefone celular, cadastrado em nome de Benjamin. Restou demonstrado nas investigações que o referido chip estava com Lourival", aponta um trecho do relatório de investigação da 105ª DP. 

"Benjamim, estamos com sua mulher. Ela está bem. Nada vai acontecer com ela. Só depende de você... Não fale com ninguém nem envolva a polícia. Providencie R$ 4,6 milhões. Sei que você vai precisar de um prazo para sacar este valor. Só para te lembrar. Estou vendo sua casa pelas câmeras do celular dela (de Anic)", disse na mensagem enviada. 

A família dela pagou R$ 4,6 milhões, exigidos em dólares, reais e bitcoins, no dia 11 de março de 2024. Parte da quantia para o resgate de Anic foi colocada em uma mochila, que deveria ser entregue por Benjamim e Lourival no dia 11 de março em um shopping na Zona Oeste do Rio. 

Durante o trajeto, Lourival alegou ter recebido uma mensagem instruindo-o a deixar o dinheiro em uma lixeira no Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes, enquanto Benjamim aguardava no shopping.

A polícia descobriu que Lourival não foi a nenhuma comunidade, mas sim a uma concessionária, onde comprou a picape. Os quatro suspeitos estão sendo acusados de extorsão mediante sequestro.

Prisões

Lourival está preso por envolvimento no crime. Além dele, Henrique Vieira Fadiga e Maria Luísa Fadiga, filhos de Lourival, são suspeitos de auxiliar o pai. Henrique teria recebido US$ 150 mil após a conversão de um depósito em reais.

A Polícia Civil também aponta que Maria Luísa teria permitido que o pai usasse seu nome para registrar uma picape comprada por R$ 500 mil em dinheiro, no mesmo dia do pagamento do resgate. Lourival também comprou uma motocicleta por aproximadamente R$ 30 mil.

Maria Luísa teria ainda a responsabilidade de receber 950 celulares comprados com o dinheiro de três depósitos de R$ 325 mil cada, feitos por Benjamim em contas de empresas importadoras, conforme as investigações. 

Rebeca Azevedo Santos, ex-namorada de Lourival, é suspeita de participar da negociação para a entrega dos celulares adquiridos com parte do dinheiro do resgate.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmou que há suspeitas que a vítima tenha sido assassinada e teve seu cadáver ocultado.