Suspeito de participar da morte de advogado no RJ tem nomeações no serviço público desde 2008
Cezar Daniel Mondego de Souza, que está preso, tem uma longa carreira no setor público
Dois dos envolvidos na morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo foram nomeados recentemente para o Departamento de Patrimônio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), segundo o jornal RJ2, da TV Globo.
O advogado foi morto a tiros no dia 26 de fevereiro, a poucos metros da sede da Ordem dos Advogados do Brasil na capital do Rio de Janeiro (OAB-RJ). Três suspeitos de envolvimento no assassinato foram presos na última terça-feira, 5. São eles: Cezar Daniel Mondego de Souza, Eduardo Sobreira Moraes e o policial militar Leandro Machado da Silva.
De acordo com o jornal, Cezar tem uma longa trajetória no setor público, que começou em 2008. Naquele ano, ele foi nomeado no governo do Estado na gestão de Sérgio Cabral. Em 2012, ele foi para a Secretaria de Governo. Já em 2017, na gestão de Luiz Fernando Pezão, ele trabalhou na Secretaria Estadual de Saúde. Em 2019, foi nomeado no Departamento de Patrimônio da Alerj, com um salário em torno de R$ 6.000. No ano passado, no entanto, ele foi rebaixado para um cargo de salário de pouco mais de R$ 2.000.
Eduardo, por sua vez, foi nomeado para o Departamento de Patrimônio da Alerj na vaga de Cezar três dias depois do assassinato. Após a repercussão do caso, a nomeação foi anulada.
Em entrevista à emissora, o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, não soube informar quem são os padrinhos políticos dos suspeitos. "Não tenho ideia. É o Departamento de Patrimônio que pede, solicita: 'Vou trocar o funcionário A pelo B'. Se passou no compliance sem problema, a gente nomeia", disse.
O Terra entrou em contato com a Alerj para mais informações sobre o caso. Em caso de retorno, a matéria será atualizada.
As prisões
Eduardo e Leandro já haviam sido alvos da operação realizada na segunda-feira, 4, quando os agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços ligados a eles, mas não conseguiram encontrá-los. Vendo que o cerco estava se fechando, após a captura de Cezar, ambos se apresentaram na sede da Delegacia de Homicídios na terça-feira, 5.
Cezar e Eduardo teriam sido os responsáveis por monitorar o advogado dias antes do crime e também na manhã e na tarde do dia do assassinato. A dupla usava um carro modelo Gol branco similar ao dos atiradores, que foi filmado por câmeras de segurança. O carro foi entregue para Eduardo pelo PM Leandro. Segundo a investigação, Leandro teria planejado o crime.
A PM informou que o policial já estava afastado do serviço nas ruas porque é investigado em um outro inquérito por participação em organização criminosa, tendo sido preso preventivamente em abril de 2021. Também já havia sido instaurado um procedimento administrativo disciplinar pela Corregedoria, que pode resultar na expulsão dele da corporação.
A prisão temporária de Cezar foi realizada por agentes da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro e determinada pelo plantão judiciário do Tribunal de Justiça. A polícia atua para identificar outros possíveis envolvidos e apurar a motivação do crime.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Estado, até o momento, a possibilidade de latrocínio -roubo seguido de morte-- não sustenta a motivação pelos investigadores do caso. Mas nenhuma outra hipótese foi descartada.
Relembre o caso
O crime ocorreu por volta das 17h, na Avenida Marechal Câmara, próximo à OAB e Marinho & Lima Advogados, escritório em que era sócio-fundador. De acordo com testemunhas, os criminosos estavam em um veículo branco.
De acordo com a polícia, o veículo em que o assassino chegou foi estacionado em uma fila dupla. Na sequência, ele saiu do banco traseiro, deu cerca de três passos e, em seguida, iniciou os primeiros disparos. Ao que parece, um dos criminosos chegou a chamá-lo antes dos tiros.
O criminoso continuou atirando contra o advogado, que já estava caído no chão. Após o ataque, o assassino retornou rapidamente para o veículo, que estava com a porta aberta. De acordo com a polícia, toda a ação durou apenas 14 segundos.
O advogado tinha o hábito de descer do escritório para tomar café e conversar com as pessoas. O crime foi registrado pelas câmeras de segurança da área e, segundo informações de policiais civis, o criminoso teria efetuado pelo menos 15 disparos de uma pistola 9 mm. Investigadores recuperaram mais de dez cápsulas no local.
Quem era Rodrigo?
Rodrigo Marinho Crespo se formou em Direito no ano de 2005, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), e era sócio-fundador do escritório Marinho & Lima Advogados. O advogado também se especializou em Direito Civil Empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
O profissional tinha experiência em Direito Civil Empresarial com ênfase em Contratos e Direito Processual Civil. O escritório em que atuava fica localizado na Avenida Marechal Câmara, mesma rua em que ele foi morto. No endereço, também estão localizadas a sede da Defensoria Pública, do Ministério Público estadual e da OAB.