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Tarcísio confirma 8 mortes em ação da PM no Guarujá: 'Não houve excesso, houve atuação profissional'

Polícia desencadeou operação após morte de soldado na quinta-feira passada. Governador de São Paulo nega excessos na atuação dos agentes e diz que casos são investigados. Ouvidoria contabiliza dez óbitos

31 jul 2023 - 10h07
(atualizado às 13h26)
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Tarcísio confirma 8 mortes em ação da PM no Guarujá: 'Não houve excesso, atuação profissional':

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta segunda-feira, 31, que a operação da Polícia Militar no Guarujá ao longo do fim de semana deixou oito pessoas mortas. A ação foi desencadeada após a morte de um soldado das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) no fim da semana passada. Questionado sobre denúncias da população local, o governador disse que "não houve excesso". "Houve atuação profissional que resultou em prisões e vamos continuar com as operações."

Foto: O policial Patrick Bastos Reis, da Rota, foi baleado e morreu durante patrulhamento no Guarujá. A MP fez publicação manifestando luto.
Foto: O policial Patrick Bastos Reis, da Rota, foi baleado e morreu durante patrulhamento no Guarujá. A MP fez publicação manifestando luto.
Foto: Divulgação/Polícia Militar de São Paulo / Estadão

Tarcísio concedeu entrevista coletiva à imprensa nesta manhã para falar sobre a operação. Neste domingo, a Ouvidoria das Polícias relatou ter contabilizado dez pessoas mortas durante a operação da PM na Baixada Santista, mas o número confirmado pelo governo até aqui foi de oito mortes.

A gestão estadual disse ainda que dez pessoas foram presas, incluindo o homem suspeito de atirar contra o soldado Patrick Bastos Reis, de 30 anos, morto na quinta-feira, 27.

O secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, foi de São Paulo ao Guarujá para acompanhar a operação policial na última quinta-feira
O secretário estadual da Segurança Pública, Guilherme Derrite, foi de São Paulo ao Guarujá para acompanhar a operação policial na última quinta-feira
Foto: Reprodução/Twitter/@DerriteSP / Estadão

"Não podemos permitir que a população seja usada, não podemos sucumbir às narrativas. Estamos enfrentando o tráfico de drogas, o crime organizado. A gente tem de ter consciência disso. A gente tem uma polícia extremamente profissional que sabe usar a força na medida que ela tem de ser usada. Não houve hostilidade, excesso, houve atuação profissional que resultou em prisões e vamos continuar com as operações", disse o governador.

Tarcísio disse que os casos que resultaram em mortes serão investigados pela Polícia Civil. "Cada ocorrência é investigada, não há ocorrência que não seja investigada. Todas vão ser investigadas." O governador pontuou que "a polícia quer evitar o confronto de toda forma".

"Nós temos uma polícia treinada e que segue a risca a regra de engajamento. A partir do momento que a polícia é hostilizada, do momento que há o confronto, do momento que a autoridade policial não é respeitada, infelizmente há o confronto", disse Tarcísio nesta manhã.

Ele destacou que "aqueles que resolveram se entregar, foram presos". "O autor do disparo foi preso, entregue à Justiça. A gente não quer o confronto, mas não vai tolerar a agressão porque a polícia reage e vai reagir para repelir a ameaça."

Ângulo do disparo superou proteção do colete do soldado

Segundo o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, não foi apreendida ainda a arma que realizou o disparo contra o policial Reis. No entanto, a perícia mostrou que seria uma pistola de calibre de 9 milímetros. O secretário informou ainda que o PM utilizava colete a prova de balas quando foi atingido, mas a bala penetrou em seu ombro em um ângulo em que foi possível chegar até o peito do agente.

O policial Patrick Bastos Reis, da Rota, foi baleado e morreu durante patrulhamento no Guarujá. A PM fez publicação manifestando luto.
O policial Patrick Bastos Reis, da Rota, foi baleado e morreu durante patrulhamento no Guarujá. A PM fez publicação manifestando luto.
Foto: Divulgação/Polícia Militar de São Paulo / Estadão

Entre as oito pessoas mortas na operação deste fim de semana, quatro já foram identificadas e têm passagens pela polícia, segundo o governo. Os outros 4 continuam em processo de identificação.

Derrite justificou as mortes dizendo que a violência parte dos criminosos e a polícia supostamente reage de maneira proporcional a ela. De acordo com ele, serão investigadas as imagens das câmeras das fardas dos PMs que participaram da operação para averiguar se houve excessos, mas a Secretaria entende que as denúncias de tortura e excesso de força policial não passam de "narrativas".

"Não chegou oficialmente nenhuma informação ou indício sobre caso de tortura", afirmou. Segundo Derrite, o vídeo gravado pelo suspeito de ter disparado contra Reis antes de se entregar a polícia, dizendo que faria isso para "acabar com a matança" foi uma instrução de seu advogado para "reforçar as narrativas".

O secretário disse que a operação contra o crime organizado e o tráfico de drogas na baixada santista continuará acontecendo por pelo menos 30 dias. Ela faz parte do projeto "Impacto Litoral". A Secretaria de Segurança Pública pretende aumentar o número de policiais militares na região a partir de 2024, com a contratação de novos agentes.

Nota fiscal de salgado levou investigadores a suspeitos

Derrite disse ainda que o homem que se apresentou como o autor do disparo contra o soldado é a pessoa que realmente está envolvida no crime, segundo apontam indícios coletados pelos investigadores. Ele foi identificado como Erickson David da Silva.

A polícia diz ter encontrado uma nota fiscal no local do crime e, a partir disso, chegou ao estabelecimento comercial em que uma mulher — supostamente envolvida no crime e posteriormente presa - teria comprado um salgado horas antes. A partir disso, foram investigadas câmeras de segurança na região e encontrada a suspeita, que delatou outros criminosos, alguns deles também já presos.

"Temos provas testemunhais dos outros indivíduos presos confirmam que o Ericson foi o autor do disparo", disse Derrite. Um outro suposto envolvido no crime continua sendo procurado pela polícia.

Ouvidoria vai pedir imagens de câmeras dos policiais

Neste domingo, a Ouvidoria havia relatado dez mortes decorrentes da operação. "Temos registros de 8 boletins de ocorrência com 10 mortos. Mas temos uma informação ainda não confirmada de mais 2 mortes. Se confirmadas, serão 12 vítimas de quinta-feira até hoje", afirmou o ouvidor Claudio Aparecido da Silva ao Estadão.

O ouvidor afirma que vai pedir as imagens das câmeras corporais dos policiais envolvidos na operação. "Instauramos procedimento para acompanhar as apurações e vamos pedir as imagens das câmeras corporais. Vamos pedir os laudos necroscópico, balísticos, residuográfico e de local", afirmou. /COLABORARAM MARCELO GODOY E GONÇALO JUNIOR

Estadão
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