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'Tira a mão de mim': câmera corporal mostra estudante de medicina acuado antes de ser morto por PM

Novas imagens de ação que resultou na morte de Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, estão em relatório recém-concluído; defesa dos policiais não foi encontrada

8 jan 2025 - 19h36
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O estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta, de 22 anos, ficou acuado contra um portão antes de ser morto com um tiro à queima-roupa em novembro do ano passado na entrada de um hotel na Vila Mariana, na zona sul de São Paulo. Isso é o que mostra o relatório final de inquérito do caso, investigado pelo Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil.

"Tira a mão de mim! Tira a mão de mim!", teria dito o universitário, repetidas vezes, aos dois policiais militares que o abordaram, de acordo com o documento. Novas imagens de momentos da ação, gravadas pelas câmeras corporais corporais dos agentes, também constam no relatório.

Com a conclusão das investigações, a Polícia Civil pediu na última sexta-feira, 3, a prisão preventiva do soldado da Polícia Militar Guilherme Augusto Macedo, apontado como o responsável por efetuar o disparo que culminou na morte de Marco Aurélio. A defesa do agente ainda não foi localizada.

Já nesta quinta-feira, 8, o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) denunciou, por homicídio qualificado, Macedo e o também policial Bruno Carvalho do Prado, o outro agente presente na abordagem.

A denúncia do MP indica que, enquanto um dos PMs causou a morte do jovem, o outro prestou "auxílio moral e material para o crime". A defesa de Prado também não foi encontrada.

Em relatório final de inquérito, o delegado Gabriel Tadeu Brienza Vieira, do DHPP, afirmou que o uso de arma de fogo no caso "não se mostrou legítimo", uma vez que "a vítima estava visivelmente sem armas e não estava em atitude que pudesse representar risco de morte ou lesão a guarnição policial ou terceiros".

O documento aponta que, já quando estava no interior do hotel, Marco Aurélio não conseguiu efetivamente passar do saguão, em razão do portão trancado. Então, resistiu à abordagem, falando repetidamente: "Tira a mão de mim! Tira a mão de mim!". O disparo é efetuado por Macedo logo em seguida.

Imagens de câmeras de segurança mostram que a abordagem ocorreu após o estudante dar um tapa no retrovisor da viatura dos PMs enquanto o veículo estava parado em um cruzamento. Macedo, então, sai do automóvel e vai atrás de Marco Aurélio, que corre para o hotel onde estava hospedado.

Ainda no saguão, o policial consegue abordar a vítima, tentando segurá-la pelos braços. Neste momento, Prado também se aproxima do estudante, que fica encurralado.

Como mostram as imagens do circuito interno do hotel, Marco Aurélio tenta se defender de um chute segurando uma das pernas de Prado. Quando o policial cai no chão, Macedo dispara uma só vez contra o estudante, atingindo-o no abdômen. O estudante chegou a ser socorrido, mas não resistiu.

Segundo a autoridade policial, mesmo que Marco Aurélio tenha desferido um golpe contra a viatura e posteriormente resistido à prisão, "não houve movimentação corporal da vítima em direção à arma de fogo" dos policiais que justificasse, naquele momento, o disparo de arma efetuado pelo soldado.

Vieira conclui, portanto, que o soldado Guilherme Augusto Macedo "assumiu o risco do resultado morte, porque usou ilegitimamente a arma de fogo para repelir uma suposta ameaça ao seu parceiro de viatura".

O delegado entrou com a decretação da prisão preventiva do soldado "diante da gravidade concreta da conduta praticada". Agora, cabe ao Judiciário acolher ou não o pedido.

'A vida de um ser humano vale um retrovisor de um policial?', questiona mãe de estudante

A morte de Marco Aurélio gerou revolta entre familiares e amigos. "A vida de um ser humano vale um retrovisor de um policial? A Polícia Militar de São Paulo está matando por um retrovisor?", questionou, em entrevista ao Estadão em novembro, a médica Silvia Mônica Cardenas Prado, mãe do estudante.

Marco Aurélio, filho caçula de Silvia, foi enterrado dois dias depois de ser morto, sob grande comoção. Estudante da Universidade Anhembi Morumbi, ele estava prestes a ir para o 6º ano do curso de Medicina. Sonhava cursar pediatria, segundo os familiares.

No último domingo, 5, o pai do estudante de Medicina, Julio Cesar Acosta Navarro, publicou uma carta pública cobrando Justiça e celeridade nas investigações sobre a morte do filho. "Demora vergonhosa das investigações pela Polícia Civil, apesar da preocupação pública da sociedade e meios de comunicação, que resulta e promove mais crimes", escreveu.

Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Navarro tem cobrado continuamente a responsabilização dos policiais envolvidos na morte do filho.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se manifestou após o caso. "Essa não é a conduta que a polícia do Estado de São Paulo deve ter com nenhum cidadão, sob nenhuma circunstância. A Polícia Militar é uma instituição de quase 200 anos, é a polícia mais preparada do País e está nas ruas para proteger. Abusos nunca vão ser tolerados e serão severamente punidos", escreveu o governador no X, antigo Twitter.

Estadão
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