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Caso Boate Kiss completa 6 anos marcados por impunidade

Parentes das vítimas fizeram uma passeata até a frente da boate; missa foi realizada neste domingo

27 jan 2019 - 18h58
(atualizado às 20h06)
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Uma das maiores tragédias do Brasil completa neste domingo, 27, seis anos. Em Santa Maria, na região central do Rio Grande do Sul, centenas de pessoas entre familiares e amigos realizaram homenagens às 242 pessoas que morreram por causa do incêndio na Boate Kiss. Ainda no sábado, 26, por volta das 22 horas, parentes das vítimas realizaram uma passeata que teve como ponto de partida a Praça Saldanha Marinho. De lá, o grupo seguiu até a frente da boate, localizada na Rua dos Andradas, onde permaneceram até 1 hora da manhã deste domingo, 27, fazendo vigília e orações.

Durante os seis anos desde a tragédia, a fachada da boate Kiss recebeu várias pinturas, onde os desenhos expressam a punição dos responsáveis. Em frente à boate, familiares das vítimas também aproveitaram para falar do desastre ocorrido na última sexta-feira, 25, em Brumadinho.

Durante os seis anos desde a tragédia, a fachada da boate Kiss recebeu várias pinturas, onde os desenhos expressam a punição dos responsáveis
Durante os seis anos desde a tragédia, a fachada da boate Kiss recebeu várias pinturas, onde os desenhos expressam a punição dos responsáveis
Foto: Juliano Mendes / Futura Press

Já na manhã deste domingo, foi realizada uma missa em homenagem às vítimas na Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no centro da cidade. Para as 18 horas estavam previstas novas mobilizações em frente a Boate Kiss.

Em entrevista ao Estado na tarde deste domingo, o presidente da Associação das Vítimas da Boate Kiss, Sergio da Silva, lamentou que não houve avanços por parte das autoridades responsáveis na luta por justiça.

"Depois de seis anos de procura por justiça, nada evoluiu, nada mudou. Procuramos todas as instituições possíveis, como a Procuradoria Geral da República, Supremo Tribunal Federal, Conselho de Direitos Humanos da Câmara de Deputados, Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul e, infelizmente, nada. Ainda temos um processo contra o Estado Brasileiro na Corte Internacional de Direitos Humanos, mas, até agora, não tivemos resposta nenhum", disse Silva que é pai de Augusto Sergio da Silva, que morreu durante o incêndio quando tinha apenas 20 anos.

"Na questão de prevenção e segurança, continua tudo a mesma coisa. As boates sempre cheias e Santa Maria não dá uma posição de fiscalização. Nada evoluiu. O sistema de prevenção sempre vem criando aquelas facilidades, ou seja, abrir mais uma porta (referindo-se dentro da boate), colocar mais uma sinalização, mas, se formos analisar essa questão de estar abrindo muitas portas para as pessoas saírem, não vai adiantar", lamentou, dando como exemplo o incêndio na discoteca República Cromañón, na Argentina, em 2004, causando a morte de 194 pessoas e ao menos 1432 feridos.

"No incêndio da Argentina, a boate tinha varias portas para se abrir, mas não havia chaves. O símbolo de Cromañón atualmente é uma mão cheia de chaves. Só abrir portas em boates não quer dizer que se vai evitar outra tragédia. É um processo muito mais complexo e precisa ser discutido", finalizou.

Até o presente momento não se sabe se os quatro acusados pelas mortes das 242 pessoas - os ex-proprietários da boate Elissandro Spohr, o Kiko, e Mauro Hoffmann e os músicos Luciano Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos - irão a júri popular ou serão julgados por um juiz único. A decisão da Justiça de Santa Maria, foi mandar os réus a júri popular, no entanto, a defesa dos réus recorreu e o Tribunal de Justiça do Estado determinou que eles sejam julgados por um magistrado.

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