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Tragédia em Santa Maria

RS: casas noturnas de Santa Maria reabrem suas portas

Depois de 35 noites de portas fechadas após o incêndio na boate Kiss, casas noturnas da cidade começaram a reabrir no sábado

3 mar 2013 - 14h11
(atualizado às 14h23)
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<p>Depois e 35 dias fechadas, as boates de Santa Maria come&ccedil;aram a reabrir no s&aacute;bado</p>
Depois e 35 dias fechadas, as boates de Santa Maria começaram a reabrir no sábado
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

Foram 35 noites de portas fechadas depois da tragédia na boate Kiss, que causou 240 mortes e deixou dezenas de pessoas feridas e intoxicadas. Mas o sábado foi de retomadas em pelo menos quatro casas noturnas de Santa Maria, que voltaram a receber seus habituais frequentadores. A maioria aproveitou o período sem atividades para realizar reformas com o objetivo de proporcionar mais segurança.

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No Muzeo Pub, localizado na Rua Doutor Bozano, no Centro da cidade, a fila para a entrada na casa noturna já tinha dezenas de pessoas à espera por volta das 22h de sábado. Às 23h30, já eram mais de 150.

<p>No Muzeo Pub a fila para a entrada na casa noturna j&aacute; tinha dezenas de pessoas &agrave; espera por volta das 22h de s&aacute;bado</p>
No Muzeo Pub a fila para a entrada na casa noturna já tinha dezenas de pessoas à espera por volta das 22h de sábado
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

No período que passou fechado, como costumeiramente ocorre todos os anos, o Muzeo aproveitou para realizar reformas para deixar o bar "mais aconchegante e bonito", conforme informado no Facebook do estabelecimento. Uma das medidas tomadas foi a retirada de uma espuma acústica, com aspecto semelhante à que havia na Kiss e que foi apontada como uma das causadoras da tragédia.

A retirada da espuma causou polêmica nas redes sociais, quando foi postada uma foto, dando a entender que a modificação estaria acontecendo porque antes a boate apresentava situação irregular. "Conforme sistema acústico instalado dentro de nosso estabelecimento, viemos por meio dos anexos esclarecer certos comentários que andam rolando por aí. Estamos trabalhando de portas abertas e à luz do dia, para retirada do material de isolamento acústico de nosso estabelecimento conhecido como sonex. A retirada não foi por medidas de prevenir ou de que algo estava forma das normas. Não gostaríamos que clientes chegassem para a reabertura do Muzeo Pub e viessem visualizar uma espuma parecida com a da tragédia. Retiramos esse material primeiramente para não causar pânico as pessoas, pois acreditamos que teria muitos clientes se perguntando sem saber se 'é ou não é' o melhor material", postou o establecimento em sua página no Facebook.

Muitas reclamações sobre a demora para a entrada no Muzeo puderam ser ouvidas na noite de sábado. A direção da casa noturna, que tem capacidade para 397 pessoas, alega que todas as medidas tomadas foram para proporcionar mais segurança aos frequentadores, que foram até a boate para ver a apresentação do cantor Léo Paim, que fazia parte da dupla Pedrinho & Léo e agora tem uma carreira solo com música sertaneja, rock internacional, reggae, pop e pagode no repertório. À espera para entrar na fila para entrar no Muzeo, a grande maioria das pessoas não queria ser identificada. "Não quero que saibam que estou aqui e depois fiquem me zoando nas redes sociais, dizendo que sou desumano ou insensível. Ficamos muito tristes com tudo o que aconteceu, mas a vida tem que seguir", comentou um estudante de 26 anos, que pediu para não ter o nome divulgado.

Um dos sintomas de que o Muzeo estava aberto novamente era o trânsito lento na rua Doutor Bozano, que permaneceu assim entre as 22h do sábado e as 2h deste domingo.  

Bar do Pingo ganhou uma segunda saída de emergência durante o recesso de 35 dias
Bar do Pingo ganhou uma segunda saída de emergência durante o recesso de 35 dias
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

No Bar do Pingo, que fica na rua Floriano Peixoto, também no Centro, a lotação da casa noturna, que é de 167 pessoas, foi atingida por volta das 23h40 de sábado.  A boate também passou por reformas durante o período em que ficou fechada. Uma das modificações mais significativas foi a criação de uma segunda saída de emergência. De acordo com um dos proprietários, Josias Michel Schott, a reponsabilidade dos donos de casas noturnas aumentou depois da tragédia da Kiss. “Isso que aconteceu na Kiss, uma empresa da mesma natureza que a nossa, nos alerta para tomar algumas medidas, nos faz refletir sobre a nossa atividade. Foi um divisor de águas”, diz Schott.

Com o cuidado redobrado para não violar a capacidade máxima da casa, que é estampada por um aviso na porta da entrada, cerca de 30 pessoas esperavam em uma fila para entrar no Bar do Pingo, por volta da 0h30 de domingo. "É ruim esperar, mas faz parte. Precisava sair um pouco de casa depois de tudo isso que aconteceu”, comentou a recepcionista Maiara Schmidt, 24 anos, que aguardava sua vez para ver a banda Making Of.

Na quarta-feira anterior à tragédia da Kiss, a Ballare havia passado por uma vistoria dos bombeiros
Na quarta-feira anterior à tragédia da Kiss, a Ballare havia passado por uma vistoria dos bombeiros
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

Em outra casa noturna do Centro de Santa Maria, a Ballare Boate, a banda Expresso.com ainda nem havia iniciado sua apresentação, por volta da 1h deste domingo, e as filas para entrar no estabelecimento já haviam cessado. A capacidade é para 832 pessoas, mas não havia mais de 300 nesse horário, o que permitia uma circulação tranquila dentro da boate localizada na rua Doutor Bozano.

Nilvo José Dorneles, proprietário da Ballare, conta que desde 2006 a casa conta com um projeto de segurança assinado por engenheiro. Na quarta-feira anterior à tragédia da Kiss, a casa havia passado por uma vistoria dos bombeiros. Ele deixou para pegar o alvará de prevenção contra incêndio no dia seguinte ao incêndio, e então teve de fazer mais modificações. O local já contava com duas saídas de emergência, mas, depois da tragédia na Kiss, foi feita uma terceira, para evitar a desconfiança dos clientes.

Antes mesmo de ser exigido o curso de prevenção e proteção conta incêndio, cinco funcionários já tinham feito a capacitação. Mais cinco farão o curso em breve. "Havia seis extintores, o que já era suficiente de acordo com a indicação dos bombeiros. Compramos mais oito”, afirma Dorneles, dono da boate que entrou no seu sétimo ano de funcionamento.

<p>A Casar&atilde;o Eventos j&aacute; estava apta a abrir suas portas havia pelo menos 10 dias, mas optou por retomar as atividades depois do m&ecirc;s de luto</p>
A Casarão Eventos já estava apta a abrir suas portas havia pelo menos 10 dias, mas optou por retomar as atividades depois do mês de luto
Foto: Divulgação

Outra casa noturna que reabriu suas portas na noite de sábado em Santa Maria foi a Casarão Eventos, no bairro Pinheiro Machado, na região oeste da cidade. O estabelecimento foi um dos primeiros a cumprir as exigências do decreto da prefeitura 008/2013, de 30 de janeiro, que suspendeu por 30 dias todos os alvarás e licenças concedidos a boates, danceterias e estabelecimentos com shows que cobram ingresso ou consumação.

Para que o prazo de suspensão das atividades fosse reduzido, o estabelecimento deveria comprovar a validade do alvará de prevenção e proteção contra incêndio, concedida pelo Corpo de Bombeiros, assim como os demais alvarás e licenças de competência da prefeitura. A Casarão Eventos já estava apta a abrir suas portas havia pelo menos 10 dias, mas optou por retomar as atividades depois do mês de luto em Santa Maria. Outra que está há um bom tempo em situação regular é a boate Absinto Hall, que funciona junto ao Monet Plaza Shopping e é de propriedade de Mauro Hoffman, um dos sócios da Boate Kiss que está preso. Mas a casa ainda não tem previsão de abrir novamente.

No sábado à noite, a Casarão Arena recebeu dezenas de pessoas, que foram conferir a apresentação da Banda Novo Texas na retomada da noite santa-mariense. A reportagem do Terra não conseguiu contato com os responsáveis pela casa, para saber a lotação e se foram feitas modificações na boate durante o período em que ela ficou fechada.   

Desde o início de fevereiro, a prefeitura de Santa Maria faz uma força-tarefa para fiscalizar lugares como clubes, boates, bares e casas de festas. Até a sexta-feira, cerca de 90 estabelecimentos teriam sido fiscalizados. O próximo passo é realizar a fiscalização nos cursinhos pré-vestibular e CTGs. Um relatório sobre as atividades de fiscalização será enviado para o Ministério Público, que expediu uma recomendação no início de fevereiro para que a prefeitura tomasse medidas preventivas a fim de evitar que a tragédia da Kiss se repetisse. 

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Fonte: Especial para Terra
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