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Tragédia em Santa Maria

RS: DJ diz que conseguiu escapar porque conhecia bem a boate

31 jan 2013 - 14h05
(atualizado às 14h11)
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O DJ Lucas Cauduro Peranzoni, 31 anos, que se apresentou na boate Kiss na noite do incêndio que matou 235 pessoas em Santa Maria, disse nesta quinta-feira que conseguiu escapar porque conhecia bem o local. Bolinha, como é conhecido, participava de festas havia cinco meses na casa noturna. "Eu acho que as luzes não apagaram, mas simplesmente ficou impossível de andar lá por causa da fumaça. Eu saí dali porque conhecia o lugar. É como andar no escuro na tua casa. Além do pânico, não dava para respirar", relatou, ao buscar nesta quinta-feira na delegacia de polícia sua mochila com o computador que utilizava nos shows.

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Pouco antes do incêndio,  Bolinha tirou uma foto do show do Gurizada Fandangueira, quando a banda utilizava artifícios pirotécnicos que saíam do palco. "No momento em que usaram os fogos não se via perigo nenhum, depois foi que o integrante da banda usou um sinalizador na mão", disse.

Na hora do pânico, um funcionário da boate foi à cabine do DJ pedir o extintor que ficava debaixo de sua bancada, mas ele gritou para o outro correr e se salvar. "Eu disse: corre, sai daí". Conforme o relato do artista, em menos de um minuto de uma "explosão de fumaça" já havia pessoas na porta. "A fumaça levou 50 segundos para tomar a boate inteira", disse o DJ, que estima no máximo 900 pessoas na festa.

Bolinha disse que não lembra de ver jovens brincando com extintores de incêndio na boate Kiss, mas disse que a prática é comum em casas noturnas. O artista foi uma das testemunhas que voltou à boate ontem, para relatar in loco o que viu no momento do pânico. "Meu sentimento ao entrar foi absurdo. Parecia que a gente ia encontrar umas pessoas lá", contou.

 
INCÊNDIO EM SANTA MARIA

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Incêndio na Kiss
Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.
 
Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.
 
A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.
 
Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.
 
Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Sphor, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffman, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.
 
A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.
 

 
 
Fonte: Terra
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