Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Tragédia em Santa Maria

RS: familiares de vítimas da Kiss se reúnem para homenagens

Palmas, sinos, apitos e buzinas marcaram os dois meses da tragédia em Santa Maria

27 mar 2013 - 21h40
(atualizado às 22h46)
Compartilhar
Exibir comentários
<p>Manifestação no palco do evento terminou com um abraço coletivo da diretoria da associação de vítimas</p>
Manifestação no palco do evento terminou com um abraço coletivo da diretoria da associação de vítimas
Foto: Luiz Roese / Especial para Terra

O aniversário de dois meses da tragédia na Boate Kiss, nesta quarta-feira, parecia uma reunião familiar na praça Saldanha Marinho, no centro de Santa Maria. Parentes e amigos das pessoas que morreram em decorrência do incêndio na casa noturna, no dia 27 de janeiro, uniram-se mais uma vez na dor, a exemplo do que havia ocorrido quando completou-se um mês da tragédia. O evento durou cerca de 50 minutos e teve a participação de aproximadamente 400 pessoas.  

A tragédia da Boate Kiss em números

Veja como a inalação de fumaça pode levar à morte 

Veja relatos de sobreviventes e familiares após incêndio no RS

Veja a lista com os nomes das vítimas do incêndio da Boate Kiss

Familiares e amigos das vítimas, em sua maioria, vestiram branco. Muitos usavam camisetas com fotos das pessoas que se foram e carregavam faixas e cartazes. Às 18h, o silêncio deu lugar ao som dos sinos da igrejas – da praça Saldanha Marinho, era possível ouvir os da Catedral Metropolitana de Santa Maria –, das buzinas dos veículos, dos apitos e das palmas. Era para ser um minuto de barulho para homenagear as vítimas, mas foram quase 10.

Sérgio Silva é pai de Augusto Sergio Krauspenhar da Silva, que morreu na tragédia da Kiss. Ele não se limitou às palmas que dominaram a Saldanha Marinho, levou uma pequena corneta de plástico. "Se eu pudesse, trazia um canhão para fazer barulho. Meu recado é para os vereadores. Que eles tenham vergonha na cara e parem de falar bobagens sobre a tragédia. Que eles calem a boca!", disse Silva, referindo-se aos membros do Legislativo que criticam a investigação policial e defendem o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB).

Depois do barulho, todos foram convocados a se abraçar. A cada manifestação de carinho, as lágrimas vinham facilmente. Em seguida, as pessoas reunidas na praça rezaram um Pai-Nosso.

Vânia Antolini, mãe de Shaiana, que morreu na tragédia com 22 anos, também foi à praça, usando uma camiseta com a foto da filha. "É uma dor que não tem limite. Essas reuniões são importantes para a gente. Você conversa com pessoas que entendem o que está passado contigo", contou Vânia.

Na sequência do evento, integrantes da diretoria da Associação de Familiares das Vítimas e Sobreviventes das Tragédia em Santa Maria subiram ao palco. Cada um se apresentou e contou um pouco da dolorida experiência pela qual está passando. "A grande mudança que espero daqui para a frente é nas pessoas. E eu preciso mudar se quero que o mundo mude", discursou Ogier Rosado, pai do jovem Vinícius, 26 anos, que salvou pelo menos 14 pessoas antes de morrer na boate.

Antes de um abraço coletivo entre todos os membros da diretoria da associação que estavam no palco, que marcou o fim do evento, estudantes da Escola Estadual Dom Antonio Reis mostraram cartazes que fizeram para homenagear as vítimas com mensagens. Um deles trazia a foto dos que morreram na tragédia.  

O evento desta quarta-feira vai se repetir todo dia 27. "Não podemos deixar cair no esquecimento", disse o presidente da associação, Adherbal Ferreira, que também pediu uma salva de palmas para as vítimas da boate Cromañon, na Argentina, lembrando que uma homenagem semelhante foi feita em Buenos Aires, simultaneamente com a de Santa Maria.

A associação segue programando iniciativas para que a tragédia não seja esquecida. Uma das propostas é que, todos os dias, familiares de uma das 241 vítimas faça uma vigília na Praça Saldanha Marinho. Já está programado 10 de abril, apresentações da Banda dos Fuzileiros Navais em duas praças de Santa Maria. Nesta quarta-feira, mais uma vez foi lembrado que será feito um convite para que o Papa Francisco visite Santa Maria em julho, quando ele estará no país para a Jornada Mundial da Juventude, no Rio. 

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 241 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas. 

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A intenção é oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Com informações da Agência Brasil.

Fonte: Especial para Terra
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade