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Tragédia em Santa Maria

RS: porteiro da Kiss deve depor nesta quinta no processo da tragédia

Vítimas voltam a ser ouvidas no Fórum de Santa Maria, enquanto se decide o que será feito com o prédio da boate

19 set 2013 - 11h28
(atualizado às 11h28)
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Os depoimentos do processo criminal sobre a tragédia da Boate Kiss serão retomados nesta quinta-feira. A previsão é que sejam ouvidas quatro vítimas. Entre elas, um homem que trabalhava como porteiro da casa noturna.

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A audiência vai começar às 13h30, no Salão do Tribunal do Júri, no Fórum de Santa Maria (RS). Os depoimentos são abertos ao público em geral. Para assistir, o interessado deve apresentar um documento de identidade, passar pelo detector de metais e desligar o celular. Também não é permitido o uso de computadores portáteis. Filmagens e fotografias estão restritas à imprensa. Há lugares reservados para a Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Kiss (AVTSM).

Até a semana passada, a programação indicava que seis vítimas iriam depor mesta quinta. Mas a defesa do réu Mauro Hoffmann desistiu de duas pessoas. Como restaram somente quatro, o juiz Ulysses Fonseca Louzada, titular da 1ª Vara Criminal de Santa Maria, decidiu que só haverá depoimentos à tarde. 

Os primeiros a depor serão três jovens clientes da Kiss. Entre elas, está Jéssica Montardo Rosado, que perdeu na tragédia o irmão, Vinícius Montardo Rosado, 26 anos. Pela programação, ela deve ser a terceira a falar.

Os depoimentos desta quinta devem terminar com a fala de Fabiano Lopes dos Santos. Ele trabalhava como porteiro da Kiss, mas no momento em que o fogo começou, estaria "circulando" pela boate, conforme disse em depoimento à Polícia Civil. Quando foi ouvido no inquérito, Fabiano estimou que haveria "800 ou 900" pessoas na Kiss, no dia do incêndio.

Em Santa Maria estão previstos mais depoimentos de vítimas nos dias 24, 25, 26 e 27 deste mês. Haverá também audiências para ouvir vítimas nas cidades gaúchas de Rosário do Sul, Uruguaiana, Horizontina, Passo Fundo, Quaraí e Caxias do Sul. O juiz Ulysses Fonseca Louzada já manifestou a intenção de ir a todas elas. 

Além de Mauro Hoffmann, o Maurinho, respondem ao processo criminal pelas 242 mortes e os mais de 600 feridos o sócio da Kiss Elissandro Spohr, o Kiko, o vocalista da Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o roadie da banda, Luciano Bonilha Leão. Eles são acusados por homicídios qualificados com dolo eventual (doloso) e tentativas de homicídio qualificado.

Indefinições sobre a limpeza da casa noturna

Enquanto segue o processo criminal, ainda se decide sobre o que será feito com o que restou da Boate Kiss. Um ofício encaminhado pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) chegou a informação de que há a presença de 17 produtos químicos na casa noturna. A constatação foi feita a partir da análise do pó residual recolhido na Kiss por profissionais do Cerest. 

Em sua última decisão a respeito, o juiz Ulysses Louzada comentou que os laudos "não deixam dúvidas quanto ao risco oferecido pelo prédio a quem entrar no local, bem como a manutenção da edificação no estado em que se encontra, sem a adequada vedação ou sem a limpeza/despoluição". Em seu despacho, o magistrado também constatou que o local "oferece risco ao ambiente e possivelmente à saúde da população".

O juiz também recebeu a informação da Brigada Militar que está guarnecendo o local de que há "dispersão de fuligem e forte odor de material apodrecido e de substâncias queimadas, o que se acentua em dias de temperaturas elevadas e ventos fortes". Com base nessas informações, o magistrado reiterou "a necessidade de que os órgãos competentes adotem providências concretas para dar a destinação ao local ou aos resíduos". Por enquanto, a indefinição segue. Até uma reunião com órgãos ambientais, para tratar do assunto, foi realizada nesta semana no Ministério Público, que abriu um inquérito civil a respeito do caso. 

Incêndio na Boate Kiss
Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 242 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A associação foi criada com o objetivo de oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Indiciamentos
Em 22 de março, a Polícia Civil indiciou criminalmente 16 pessoas e responsabilizou outras 12 pelas mortes na Boate Kiss. Entre os responsabilizados no âmbito administrativo, estava o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB). A investigação policial concluiu que o fogo teve início por volta das 3h do dia 27 de janeiro, no canto superior esquerdo do palco (na visão dos frequentadores), por meio de uma faísca de fogo de artifício (chuva de prata) lançada por um integrante da banda Gurizada Fandangueira.

O inquérito também constatou que o extintor de incêndio não funcionou no momento do início do fogo, que a Boate Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás, que o local estava superlotado e que a espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular. Além disso, segundo a polícia, as grades de contenção (guarda-corpos) existentes na boate atrapalharam e obstruíram a saída de vítimas, a boate tinha apenas uma porta de entrada e saída e não havia rotas adequadas e sinalizadas para a saída em casos de emergência - as portas apresentavam unidades de passagem em número inferior ao necessário e não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas.

Já no dia 2 de abril, o Ministério Público denunciou à Justiça oito pessoas - quatro por homicídios dolosos duplamente qualificados e tentativas de homicídio, e outras quatro por fraude e falso testemunho. A Promotoria apontou como responsáveis diretos pelas mortes os dois sócios da casa noturna, Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, o Kiko, e dois dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão.

Por fraude processual, foram denunciados o major Gerson da Rosa Pereira, chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional dos Bombeiros, e o sargento Renan Severo Berleze, que atuava no 4º CRB. Por falso testemunho, o MP denunciou o empresário Elton Cristiano Uroda, ex-sócio da Kiss, e o contador Volmir Astor Panzer, da GP Pneus, empresa da família de Elissando - este último não havia sido indiciado pela Polícia Civil.

Os promotores também pediram que novas diligências fossem realizadas para investigar mais profundamente o envolvimento de outras quatro pessoas que haviam sido indiciadas. São elas: Miguel Caetano Passini, secretário municipal de Mobilidade Urbana; Belloyannes Orengo Júnior, chefe da Fiscalização da secretaria de Mobilidade Urbana; Ângela Aurelia Callegaro, irmã de Kiko; e Marlene Teresinha Callegaro, mãe dele - as duas fazem parte da sociedade da casa noturna.

 

Fonte: Especial para Terra
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