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Tragédia em Santa Maria

Tragédia em boate completa 4 meses com manifestações em Santa Maria

27 mai 2013 - 10h40
(atualizado às 11h00)
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<p>Ao todo,  242 pessoas morreram no incêndio em Santa Maria</p>
Ao todo, 242 pessoas morreram no incêndio em Santa Maria
Foto: Terra

A tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), que resultou na morte de 242 pessoas, completa quatro meses nesta segunda-feira. Para lembrar a data, estão programados diversos atos na cidade. O já tradicional Minuto de Barulho vai se repetir, mas um evento no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) promete ser um diferencial desta vez.

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Primeiro ato do dia, o evento na UFSM foi marcado para 9h, ao lado do Planetário, no campus.  O ato é organizado pelo Movimento dos Girassóis de Camobi, com apoio da Associação Cuica, do Centro Comercial Camobi, do Lions Clube SM Camobi , do Leo Clube SM Camobi, do Rotary Club e do grupo batizado de Diversidade Santa Maria.

O chamado Manifesto de Valorização da Vida foi escalado para abrir as manifestações. Depois, a Associação Cuica, juntamente com o músico Beto Pires, foram convidados para executar a nova versão da música Santa Maria.

Ainda na manhã desta segunda, estava programada a distribuição de 242 girassóis na UFSM, representando cada uma das vítimas do incêndio na Boate Kiss. O projeto é uma iniciativa de entidades do bairro Camobi para que a cidade se reerga diante da tragédia ocorrida na Kiss em 27 de janeiro. Os organizadores pediram para todos usarem roupas brancas no ato.

O Minuto de Barulho, organizado pela Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), está marcado para 13h30 de segunda-feira, na praça Saldanha Marinho, no centro de Santa Maria. Além das palmas, buzinas e sinos das igrejas, há a previsão de que balões brancos sejam lançados. Também há a possibilidade da apresentação de violinistas.

Às 18h30, haverá a celebração ecumênica “Para um Novo Sentido da Vida”, em memória às vítimas da tragédia, promovida pelo Centro Universitário Franciscano (Unifra) na capela do Colégio Sant’Anna (Rua dos Andradas). Em seguida, com início marcado para 19h30, haverá um culto ecumênico em memória às vítimas da tragédia no Santuário-Basílica da Medianeira. 

Incêndio na Boate Kiss

Na madrugada do dia 27 de janeiro, um incêndio deixou 242 mortos em Santa Maria (RS). O fogo na Boate Kiss começou por volta das 2h30, quando um integrante da banda que fazia show na festa universitária lançou um artefato pirotécnico, que atingiu a espuma altamente inflamável do teto da boate.

Com apenas uma porta de entrada e saída disponível, os jovens tiveram dificuldade para deixar o local. Muitos foram pisoteados. A maioria dos mortos foi asfixiada pela fumaça tóxica, contendo cianeto, liberada pela queima da espuma.

Os mortos foram velados no Centro Desportivo Municipal, e a prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde prestou solidariedade aos parentes dos mortos.

Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.

Quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investiga documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergem sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.

A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.

No dia 25 de fevereiro, foi criada a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss em Santa Maria. A associação foi criada com o objetivo de oferecer amparo psicológico a todas as famílias, lutar por ações de fiscalização e mudança de leis, acompanhar o inquérito policial e não deixar a tragédia cair no esquecimento.

Indiciamentos

Em 22 de março, a Polícia Civil indiciou criminalmente 16 pessoas e responsabilizou outras 12 pelas mortes na Boate Kiss. Entre os responsabilizados no âmbito administrativo, estava o prefeito de Santa Maria, Cezar Schirmer (PMDB). A investigação policial concluiu que o fogo teve início por volta das 3h do dia 27 de janeiro, no canto superior esquerdo do palco (na visão dos frequentadores), por meio de uma faísca de fogo de artifício (chuva de prata) lançada por um integrante da banda Gurizada Fandangueira.

O inquérito também constatou que o extintor de incêndio não funcionou no momento do início do fogo, que a Boate Kiss apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás, que o local estava superlotado e que a espuma utilizada para isolamento acústico era inadequada e irregular. Além disso, segundo a polícia, as grades de contenção (guarda-corpos) existentes na boate atrapalharam e obstruíram a saída de vítimas, a boate tinha apenas uma porta de entrada e saída e não havia rotas adequadas e sinalizadas para a saída em casos de emergência - as portas apresentavam unidades de passagem em número inferior ao necessário e não havia exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas.

Já no dia 2 de abril, o Ministério Público denunciou à Justiça oito pessoas - quatro por homicídios dolosos duplamente qualificados e tentativas de homicídio, e outras quatro por fraude e falso testemunho. A Promotoria apontou como responsáveis diretos pelas mortes os dois sócios da casa noturna, Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr, o Kiko, e dois dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão.

Por fraude processual, foram denunciados o major Gerson da Rosa Pereira, chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional dos Bombeiros, e o sargento Renan Severo Berleze, que atuava no 4º CRB. Por falso testemunho, o MP denunciou o empresário Elton Cristiano Uroda, ex-sócio da Kiss, e o contador Volmir Astor Panzer, da GP Pneus, empresa da família de Elissando - este último não havia sido indiciado pela Polícia Civil.

Os promotores também pediram que novas diligências fossem realizadas para investigar mais profundamente o envolvimento de outras quatro pessoas que haviam sido indiciadas. São elas: Miguel Caetano Passini, secretário municipal de Mobilidade Urbana; Belloyannes Orengo Júnior, chefe da Fiscalização da secretaria de Mobilidade Urbana; Ângela Aurelia Callegaro, irmã de Kiko; e Marlene Teresinha Callegaro, mãe dele - as duas fazem parte da sociedade da casa noturna.

Fonte: Especial para Terra
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