Túneis na Vila Mariana: mulher abraça árvore e é detida após recusa em sair do canteiro da obra
De acordo com a GCM, manifestante foi encaminhada ao Distrito Policial por desacato; Prefeitura alega que construção respeita exigências relativas a questões ambientais; construtora afirma seguir contrato e melhores práticas de engenharia
Ativistas e moradores da Vila Mariana, na zona sul, voltaram nesta quinta-feira, 7, a protestar contra a derrubada de 172 árvores pela Prefeitura de São Paulo para a construção de dois túneis na Rua Sena Madureira. Uma manifestante de 33 anos chegou a ser detida pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) após abraçar uma árvore e resistir à remoção. Houve outros conflitos com a GCM e vídeos aos quais a reportagem teve acesso mostram os guardas utilizando spray de pimenta contra os manifestantes.
Em nota, a GCM informou que os agentes orientaram os manifestantes a se afastarem do local onde acontecia o corte de árvores. "Houve resistência e pela manhã uma mulher foi encaminhada pela GCM ao Distrito Policial por desacato", diz o órgão.
A gestão Ricardo Nunes (MDB) alega que a obra respeita todas as exigências relativas a questões ambientais. "Foi autorizada pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente a supressão de 172 exemplares na Rua Sena Madureira, sendo preservadas as demais 362 árvores existentes no local. A compensação será realizada com plantio de 266 mudas arbóreas dentro do perímetro da obra e apenas com espécies nativas. O replantio deverá ser executado até o fim das obras", diz a administração.
Já a construtora Áyla (antiga Queiroz Galvão) afirma seguir o contrato e as melhores práticas de engenharia (leia mais abaixo).
O segundo inquérito do MPSP investiga a derrubada de árvores e poluição sonora causada pela obra. E o terceiro calcula se haverá ganhos significativos de mobilidade urbana e se a população que vive na comunidade Sousa Ramos será devidamente realocada.
Sobre a retirada de população local, da comunidade Sousa Ramos, a Secretaria Municipal de Habitação afirmou que "reforça o compromisso de atendimento definitivo às famílias residentes na área de intervenção das obras do Túnel Sena Madureira, podendo fazer a opção pela indenização de seus imóveis ou a realocação em uma nova unidade habitacional, sendo que nenhuma família residente no local ficará desalojada. A equipe social da SEHAB tem trabalhado nas reuniões para garantir que todas as famílias envolvidas entendam o processo."
Segundo o Tribunal de Contas do Município (TCM), o contrato da obra foi assinado em 2011 e a Prefeitura emitiu novas ordens de serviço em maio e setembro de 2024. Em agosto, obteve a Licença Ambiental de Instalação. O órgão disse que vai analisar e monitorar o projeto.