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Tragédia em Mariana: após 1 mês, como andam as investigações

5 dez 2015 - 15h02
(atualizado às 15h06)
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Foto: Rogério Alves/TV Senado

Um mês após o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, em Mariana (MG), as causas e os impactos do derramamento de pelo menos 34 milhões de metros cúbicos de lama no meio ambiente, segundo o Ibama, ainda estão sendo levantadas.

“Saber o tamanho do estrago vai demorar, porque o estrago ainda não parou”, avalia Nilo D´ávila, coordenador de campanhas do Greenpeace. “Tem partes do rio que parecem estar asfaltadas. Não se vê água, se vê alguma água empoçando e buscando novos caminhos”, disse o especialista.

A onda de lama, formada após o desastre em 5 de novembro, destruiu vilarejos da cidade histórica de Mariana e só no distrito de Bento Rodrigues deixou mais de 600 desabrigados. De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, já foram confirmadas 12 mortes, três corpos aguardam identificação e sete pessoas ainda estão desaparecidas na região.

Foto: Rogério Alves/TV Senado

As cerca de 200 famílias que tiveram as casas destruídas pela lama de rejeitos foram acomodadas pela mineradora Samarco, responsável pela tragédia, em hotéis e casas p

rovisórias. Essas pessoas ainda não têm previsão de quando vão receber uma nova residência. Quatro dias após o rompimento da barragem, o Ministério Público enviou documento à Samarco pedindo ações imediatas de garantia dos direitos das vítimas, entre elas o pagamento de um salário mínimo por família atingida, mais um adicional de 20% para cada um dos dependentes e cesta básica.

Na última segunda-feira (30), a Samarco, empresa controlada pela brasileira Vale e pela australiana BHP Biliton, começou a entregar o cartão de auxílio financeiro às famílias mais atingidas, e segundo a empresa, os recursos estarão acessíveis a partir de hoje (5).

Foto: Rogério Alves/TV Senado

A medida tem o objetivo de oferecer a essas pessoas uma alternativa para pagamentos de despesas pessoais “como contas de cartão de crédito e prestações de eletrodomésticos, por exemplo”, disse o ex-morador de Bento Rodrigues Antonio Pereira, representante dos moradores da região em comissão criada para negociar com a mineradora.

Segundo Pereira, os moradores avaliaram que o valor proposto é insuficiente e pediram reajuste em encontro com o presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, na terça-feira (1). “Pedimos o reajuste do valor do benefício para R$ 1,5 mil reais mensais por famílias, mais 30% por dependente, além de uma verba de reestruturação no valor de R$ 10 mil reais”. A Samarco ficou de responder à solicitação na próxima quinta feira (10), informou o motorista Antonio Pereira.

Foto: Rogério Alves/TV Senado

Qualidade da água

Depois de destruir o Rio do Carmo, próximo a Mariana, a lama chegou ao Rio Doce e ainda causa transtorno na captação de água em muitas cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo. A cidade mineira de Governador Valadares, por exemplo, voltou a captar água no Rio Doce para abastecer a população de 280 mil habitantes uma semana após a chegada da lama, mas o Ministério Público de Minas Gerais informou na sexta-feira (4) que as amostras de água colhidas no dia 20 de novembro e analisadas pela central de apoio técnico do MP na região revelam que “os elementos alumínio, manganês, turbidez e cor aparente apresentaram concentrações superiores aos limites estabelecidos na Portaria do Ministério da Saúde”. (1)

Em Colatina, no Espírito Santo, o Ministério Público federal e estadual do Espírito Santo (MP-ES), além do Ministério Público do Trabalho (MPT-ES) ajuizaram Ação Civil Pública na última segunda-feira (30) pedindo a suspensão imediata da captação de água do Rio Doce na cidade. De acordo com o MP, laudos de testes da água na região registram quantidades de arsênio, mercúrio, zinco, cádmio, manganês e chumbo na água superiores às estabelecida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), em desacordo com os padrões de segurança e potabilidade. (2) Nos dois casos, os MPs pediram providências das prefeituras e dos serviços de abastecimento sobre o problema e aguardam retorno.

A lama também provocou a morte de mais de 11 toneladas de peixes, prejudicando pescadores de Minas Gerais e do Espírito Santo que atuavam nos rios da Bacia do Rio Doce e no mar, próximo ao município de Linhares (ES). Segundo o Ibama, das mais de 80 espécies de peixes apontadas como nativas da bacia antes da tragédia, 11 são classificadas como ameaçadas de extinção e 12 são endêmicas do Rio Doce, ou seja, só existiam na região e podem desaparecer.

Foto: Rogério Alves/TV Senado

Para atender às comunidades que viviam dos rios atingidos, o Ministério Público do Trabalho em Minas Gerais (MPT-MG) assinou na sexta-feira (4) um termo de ajustamento de conduta (TAC) com a Samarco para assegurar proteção imediata a 11 mil ribeirinhos atingidos, cujo sustento dependia do rio. O acordo definiu que a Samarco também vai pagar a cada trabalhador um salário mínimo, com acréscimo de 20% por dependente, mais o valor correspondente a uma cesta básica do Dieese. A previsão é que os ribeirinhos comecem a receber a partir do dia 11 de dezembro, com pagamento retroativo até 5 de novembro.

O acordo também assegura proteção a empregados da Samarco até 1º de março de 2016 e tem abrangência em Minas Gerais e no Espirito Santo. Serão contemplados 2.686 empregados diretos da Samarco e 2.400 terceirizados nos dois estados. O Termo prevê ainda manutenção dos empregos até 1º de março de 2016, o pagamento de salários de empregados diretos e indiretos até essa data. Demissões posteriores ao prazo de duração do TAC deverão ser negociadas com sindicatos. Em janeiro, a empresa vai reabrir negociações coletivas com os sindicatos.

Agência Brasil Agência Brasil
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