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Vandalismo em protestos causa prejuízo de R$ 2 mi no RS

Donos de lojas vão se reunir nesta terça-feira para pedir providências ao governo do Estado

25 jun 2013 - 10h52
(atualizado às 15h12)
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<p>Técnicos consertam porta depredada durante confrontos no Centro de Porto Alegre</p>
Técnicos consertam porta depredada durante confrontos no Centro de Porto Alegre
Foto: Felipe Schroeder Franke / Terra

As depredações e saques durante a onda de protestos que ocorre há mais de duas semanas em Porto Alegre (RS), a exemplo de outras cidades do País, já causou à iniciativa privada um prejuízo de ao menos R$ 2 milhões, conforme o Sindicato dos Lojistas do Comércio (Sindilojas) da capital gaúcha.

Protestos por mudanças sociais levam milhares às ruas em todo o País
Protesto contra aumento das passagens toma as ruas do País; veja fotos

De acordo com a entidade, os estabelecimentos localizados nas regiões que têm sido alvos das manifestações - especialmente os bairros Cidade Baixa, Centro Histórico e Azenha - apresentam 60% de prejuízo no faturamento. Na noite de ontem, vários locais foram depredados e saqueados, em um prejuízo ainda não contabilizado.

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"Todas as entidades lojistas reconhecem a legitimidade e a importância das manifestações pacíficas. Ficamos felizes quando vemos um jovem na televisão de cara limpa, falando contra a corrupção e tributação elevada, mas ficamos indignados quando pessoas encapuzadas invadem e destroem o patrimônio público e privado. O cliente está com medo", afirmou o presidente do Sindilojas, Ronaldo Sielichow.

De acordo com ele, os lojistas estão revoltados com a situação. "Ninguém sai de casa em época de manifestação para comprar. Os funcionários estão com medo de trabalhar e os empresários com medo da integridade física de seus funcionários. Mais de 90% do comércio é feito de lojas pequenas, muitos estão indignados e revoltados", ressaltou.

A categoria vai elaborar um documento pedindo providências ao governador do Estado, Tarso Genro. Na noite de ontem, pelo menos 103 pessoas foram presas durante o protesto em Porto Alegre. A manifestação, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, terminou com atos de vandalismo e saques a lojas no Centro. 

A atuação dos policiais teve início após o roubo de uma loja de calçados, quando os manifestantes começaram a brigar entre eles. O confronto com PMs continuou na região da rua Duque de Caxias, a poucas quadras do Palácio Piratini, sede do governo estadual.

As cenas de confronto se estenderam para o bairro Cidade Baixa. Coletoras de lixo foram queimadas e usadas como barricadas no meio da rua José do Patrocínio. Estabelecimentos comerciais foram depredados. Uma agência do Itaú teve suas vidraças quebradas. Computadores e gavetas de funcionários foram revirados. Em meio a lixo e vidros quebrados, funcionários instalavam uma porta de ferro na loja de calçados saqueada no fim da noite, no centro da capital gaúcha. A prefeitura de Porto Alegre ainda não estimou os prejuízos do protesto de ontem.

Policiamento reforçado

Nesta terça-feira, o Sindilojas se reuniu com a Brigada Militar (a PM gaúcha) e pediu ações efetivas de segurança aos lojistas. O coronel Silanus de Oliveira Mello, subcomandante da corporação, reconheceu que houve mudança no movimento e frisou que os saqueadores não são manifestantes, mas sim pessoas organizadas para roubar.

Por isso, ele anunciou que 200 alunos da Academia de Polícia Militar serão deslocados para Porto Alegre e vão reforçar o policiamento nos focos dos protestos.

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País

Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

O grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São PauloRio de JaneiroCuritibaSalvadorFortalezaPorto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

Fonte: Terra
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