vc repórter: ato por represa ataca Alckmin e Sabesp em SP
Uma manifestação interditou parte da rodovia dos Imigrantes em São Bernardo do Campo, na região do ABC Paulista, na tarde da última quarta-feira. De acordo com o leitor Cristiano Souza, um dos organizadores do ato, o grupo protestou pelo fim da retirada de água da represa Billings e contra o mau cheiro que tem chegado ao Jardim das Orquídeas e outros bairros que beiram o reservatório.
O protesto começou por volta das 17h, na altura do quilômetro 23 da rodovia, sentido litoral. Cristiano afirmou que, devido a um acordo feito com a Polícia Militar Rodoviária, os manifestantes ocuparam apenas três faixas, deixando outras duas livres para o tráfego. Segundo ele, o bloqueio provocou 15 quilômetros de congestionamento, mas os policiais registraram apenas um quilômetro de lentidão.
Os números informados pelo leitor e pela Polícia Militar Rodoviária também divergem na quantidade de manifestantes presentes. Cristiano afirma que 160 pessoas participaram do ato, enquanto os agentes afirmam que foram cerca de 70. De acordo com os policiais, a manifestação foi pacífica e terminou por volta das 18h10.
Ao longo do trajeto, o grupo acusou o governador Geraldo Alckmin de descaso com a represa Billings e cobrou explicações da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) a respeito do mau cheiro espalhado pela região.
“Entidades da região do Grande Alvarenga protocolaram um ofício, cobrando a Sabesp, e um outro ofício foi feito pela Câmara Municipal, por meio do gabinete do vereador Marcos Lula. Em ambos, não houve resposta. Devido a isso, surgiu a ideia de fazer a manifestação para chamar a atenção da Sabesp e do governador”, disse o leitor. “A Sabesp joga a responsabilidade na Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A.), que também é do governador, e alega que o cheiro vem das algas”, completou.
Cristiano afirmou que a Sabesp tem despejado esgoto sem qualquer tratamento na represa Billings. “Com a falta de água e com a retirada de água da represa, o nível do reservatório diminuiu e o esgoto, que antes era jogado na água e se dissolvia, hoje cai a céu aberto. Com o sol, o mau cheiro tomou conta de toda a região”, explicou. Segundo o leitor, se não houver uma resposta de Alckmin ou da Sabesp até o dia 10 de fevereiro, uma manifestação maior fechará completamente a rodovia dos Imigrantes durante o Carnaval.
Procurada pelo Terra, a Sabesp afirmou que uma tecnologia avançada permite, há anos, a transformação de água poluída em água potável por meio de tratamento e que, por essa razão, há quase 60 anos, a companhia utiliza água da represa Billings por meio do rio Grande e do Taquacetuba, dois dos seus braços. Do rio Grande são captados 5,5 m³/s e do braço do Taquacetuba (também contribuinte da Billings e cuja água vai para o Sistema Guarapiranga) são 2,19 m³/s.
Segundo a empresa, a capacidade do Sistema Rio Grande é de 112 milhões de metros cúbicos e, somando o Sistema Rio Grande e o Taquacetuba, a água fornecida pela Billings é de 7,69 m³/s, possibilitando o atendimento de cerca de 2,3 milhões de pessoas, equivalendo a mais de um terço do Sistema Cantareira ou metade do Sistema Alto Tietê.
Quanto ao mau cheiro, a Sabesp disse que a quantidade de esgoto despejada na represa Billings se deve ao problema de áreas de moradia irregular ao redor do reservatório. A companhia afirmou que é necessário que as prefeituras regularizem essas áreas ou reloquem os moradores para que ela possa atuar e fazer a coleta e o tratamento de esgoto, conforme a regulamentação do setor.
A empresa ressaltou que atua apenas em áreas regularizadas e disse que, para algumas das áreas irregulares, estão previstas obras de saneamento do Programa Vida Nova Mananciais, oriundas de convênios entre a Sabesp e a Secretaria de Habitação (Sehab) da Prefeitura de São Paulo.
A Sabesp acrescentou que o lixo que chega à represa também é prejudicial e afirmou que fazer a correta coleta e varrição dos resíduos sólidos é uma responsabilidade de todos os municípios da bacia da Billings.
O leitor Cristiano Souza, de São Bernardo do Campo (SP), participou do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui ou envie pelo aplicativo WhatsApp, disponível para smartphones, para o número +55 11 97493.4521.