Vereador ataca jornalista em SC: 'arrume tanque de roupas para lavar'
Deglaber Goulart usou a tribuna para pedir demissão de repórter, após discordar de sua matéria
Um vereador de Florianópolis atacou uma jornalista durante uma sessão da Câmara Municipal e mandou a profissional arrumar "um tanque de roupas para lavar". A declaração ocorreu na tribuna da Casa nesta semana e gerou forte repercussão entre entidades de classe. A confusão ocorreu após uma matéria criticar o projeto de Deglaber Goulart sobre tratamento psicológico para homossexuais e familiares. A jornalista Roberta Kremer, do jornal Notícias do Dia, apontou que que o projeto caracterizaria "desvio do foco" de um dos temas mais polêmicos da cidade, a CPI dos Táxis.
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Deglaber discordou da matéria, usou a tribuna e ofendeu a jornalista. O vídeo com a íntegra de seu discurso foi amplamente difundido nas redes sociais. Por oito minutos, o vereador critica a reportagem, qualificando a jornalista como "sem caráter", além de "exigir" sua demissão do grupo RIC Record. "Essa repórter, que nem deveria ser repórter, deveria procurar um tanque de roupa para lavar, é uma sem caráter", afirmou. "Pensei em cancelar mnha assinatura do jornal. Vou mandar um ofício exigindo a demissão dessa repórter, que não deve ser nem diplomada."
O caso ocorreu na segunda-feira, e somente após forte repercussão na web o Sindicato de Jornalistas de Santa Catarina e a Associação Catarinense de Imprensa se manifestaram. "Em sua manifestação, o vereador Deglaber Goulart atacou de forma agressiva o trabalho da repórter Roberta Kremer, do jornal Notícias do Dia, chegando ao extremo de declarar que enviaria ofício ao presidente do grupo que edita o jornal", citou a ACI, em nota. "Postura ameaçadora, desrespeitosa e extremamente agressiva, inaceitável quando se trata de um parlamentar abordando o trabalho de um jornalista."
O SJSC afirmou que reprova as agressões do parlamentar contra a jornalista e colocou sua assessoria jurídica à disposição da profissional para o que se fizer necessário. Em sua nota, o sindicato exigiu uma explicação do grupo RIC. "A referência feita pelo vereador, da tribuna da Câmara Municipal da capital catarinense, a dirigentes do jornal e do Grupo RIC, torna imperativo um posicionamento da empresa, que não pode submeter os trabalhadores que contrata e o bom jornalismo aos interesses de quem quer que seja", afirmou o órgão.
Em sua página no Facebook, a jornalista fez um desabafo sobre o caso. Ela destacou ser uma mulher comum e citou a declaração de que teria que "procurar um tanque". "Sou uma mulher comum, que tem de trabalhar todos os dias (graças a algum deus, tenho a possibilidade de fazer algo intelectual, mesmo tendo que enfrentar os dias os ditames do mercado), chego em casa e tenho que lavar minhas roupas e ensinar meu noivo a fazer o mesmo. Isso para que no futuro ele não seja um pai machista e para mostrar-lhe que, apesar de todo o amor que lhe entrego, não estou nesse mundo para me sujeitar", escreveu.