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"Vi minha mãe ser arrastada": crimes assustam bairro de SP

Região teve pelo menos dois latrocínios em janeiro e moradores pedem reforço na segurança e na iluminação. Setores de inteligência da Polícia afirmam que estatísticas criminais no bairro caíram nos últimos 3 anos

10 fev 2022 - 10h10
(atualizado às 10h19)
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Imagens registram assalto na Vila Prudente, na zona leste. Na fuga, bandidos arrancam carro junto com idosa
Imagens registram assalto na Vila Prudente, na zona leste. Na fuga, bandidos arrancam carro junto com idosa
Foto: Reprodução/Câmeras de segurança / Estadão

Moradores da Vila Prudente, zona leste da cidade, estão assustados depois que dois crimes violentos e uma sequência de roubos e furtos foram registrados na região neste ano. Em um deles, a dona de casa Julieta Longhe, de 88 anos, morreu ao ser arrastada no carro roubado pelos bandidos no dia 30 de janeiro. Após a tragédia, a Polícia Militar intensificou a ação na região, com mais 30 policiais nas ruas além do efetivo tradicional.

A filha caçula conta que sempre segurava o braço da mãe por causa do problema no joelho direito. A caminhada era lenta, mas prazerosa entre as duas - a caçula era a mais próxima dos cinco filhos que restaram depois de 11 nascimentos. Foi desse jeitinho que elas saíram da festa de aniversário surpresa para uma das irmãs, em 30 de janeiro.

Cuidado maior ainda na hora de entrar no carro, como atestam as câmeras de um dos prédios da rua General Bagnuolo, na Vila Prudente. Todos os cuidados - acentuados durante os dois anos de pandemia com álcool em gel em tudo e restrições para sair de casa - foram interrompidos quando quatro homens se aproximaram para roubar o carro. Eram 17h45, como registram as câmeras de TV. A filha resiste e luta com um dos bandidos. Na fuga, eles arrancam com o carro junto com a idosa. Julieta chegou a ficar pendurada, caiu, bateu a cabeça e morreu.

"Todo dia eu me pergunto o porquê de tanta brutalidade. Implorei para eles deixarem minha mãe", diz a filha, de 50 anos, que trabalha com sistemas elétricos e mora na região. Ela não quer se identificar, pois teme ser perseguida pelos bandidos. "Eu sabia que ia perder minha mãe, a gente vai se preparando, mas não imaginava que seria de forma tão violenta, tão desumana. Vi quando ela estava sendo arrastada".

A morte de Julieta, cozinheira de mão cheia nascida em Jaú (SP) e que gostava de morar no seu próprio canto já mudou a rotina da família. Assustados, os filhos cogitam deixar a cidade. A filha caçula não sai de casa e nunca mais tirou o Honda HR-V prata da garagem.

Foi o segundo crime brutal em janeiro. No dia 11, Marcio Ferreira da Silva, de 49 anos, morreu após ser atingido com um tiro na cabeça quando chegava à sua casa na Rua Emílio Barbosa. Imagens das câmeras de segurança mostram que ele e a mulher, a enfermeira Elaine Ferreira, foram abordados por dois homens que aproveitaram o fechamento do portão para invadir a garagem da casa. O filho adolescente viu tudo da janela. A mulher, de 46 anos, recebeu alta hospitalar do Hospital Vila Alpina depois de duas semanas de internação. Após a tragédia, vizinhos depositaram flores na porta da casa branca.

Os moradores ficaram tão indignados que instalaram uma faixa de protesto na esquina das ruas Falchi Gianini com Emílio Barbosa. "Estamos fartos de tanta violência e insegurança. Chega! Basta!", diziam as letras pretas no fundo amarelo. Imagens das câmeras de seguranças dos prédios mostram que os crimes acontecem a qualquer hora do dia.

Marlene Papa, presidente do Conselho de Segurança da Vila Prudente, associação de moradores que faz a ponte entre as demandas da comunidade e o Poder Público, afirma que as pessoas estão preocupadas, pois a região não tinha registros de casos assim. Além de maior atenção das Polícias Civil e Militar, os moradores também pedem cuidados com a iluminação pública, segundo eles, um motivo de grande insegurança em várias ruas da região.

Após os episódios, a PM diz ter intensificado o policiamento na região. O coronel Marcos de Paula Barreto, comandante do Policiamento da área 11, que abrange a Vila Prudente, afirma que uma operação especial vem sendo realizada nos últimos 15 dias com o apoio de motos e forças táticas que fazem pontos de bloqueio em locais estratégicos. O coronel afirma que cerca de 30 a 40 policiais estão nas ruas da região, além do efetivo de rotina.

"Lamento muito pelos ocorridos, são dois crimes que chocam. Mas estamos trabalhando pela segurança à população. Em 11 de janeiro, no dia do latrocínio, tivemos cinco ocorrências registradas via Copom, com quatro pessoas presas em flagrante. No dia 30 de janeiro, tivemos outras três ocorrências, com três prisões em flagrante", revela o comandante.

O major Newton Koba Kage, comandante interino do 21º Batalhão da PM, ressalta a importância da prevenção primária, aquela em que as pessoas podem tentar diminuir os riscos. Entre os conselhos estão evitar o uso de celular nas ruas, entrar em marcha ré na garagem de casa, quando for possível, e procurar lugares movimentados se perceber que está sendo perseguido.

Roubo estão caindo na região, diz polícia

Os setores de inteligência das Polícias Civil e Militar monitoram os indicadores mensais para embasar as ações de policiamento preventivo, ostensivo e de polícia judiciária. Como resultado, as ocorrências de roubo vêm caindo na região da Vila Prudente, desde 2019, ano no qual foram registrados 1.209 casos pelo 56º DP. Em 2020, reduziu para 717, e em 2021, mais uma queda (635).

As ações policiais na região ainda possibilitaram a prisão e apreensão de 617 criminosos, recuperação de 155 veículos roubados e furtados, retirada de 36 armas ilegais das ruas e instauração de 928 inquéritos policiais para investigar crimes na área, no ano passado. Os índices de criminalidade caíram de maneira geral na cidade de São Paulo durante a pandemia por conta das regras de isolamento social.

Sobre os dois casos mais graves - as mortes de dona Julieta e do homem de 49 anos - a Secretaria de Segurança Pública informa que eles estão sendo investigados. "Detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial", diz nota da secretaria.

Como agir em caso de assalto

Caso você seja vítima de um assalto, siga as orientações abaixo da Polícia Militar:

  • Mantenha a calma;
  • Comunique-se e faça movimentos lentos;
  • Responda com calma somente ao que lhe for perguntado;
  • Não discuta. Entregue ao criminoso o que ele exigir. Assim, o tempo do roubo será menor;
  • Faça apenas o que o criminoso mandar;
  • Não olhe diretamente para os marginais - isso é visto como uma ameaça;
  • Procure memorizar todos os detalhes, fisionomia, modo e frases usadas, roupas, gírias, trajetos e locais visitados, veículos utilizados,
  • Não tente fugir ou reagir. É muito comum outras pessoas estarem efetuando cobertura;
  • Ligue para a polícia assim que possível (190);
  • Registre a ocorrência em uma Delegacia de Polícia.
Estadão
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