Vila Cruzeiro: PMs entregam armas e admitem tiroteios onde 10 pessoas morreram
Operação na favela terminou com 23 mortos; quase metade das vítimas não tinha processos judiciais criminais
Passados três dias da operação policial que deixou 23 pessoas mortas na Vila Cruzeiro, na zona norte do Rio, até esta sexta-feira, 27, nove policiais militares e três policiais rodoviários federais já prestaram depoimento à Delegacia de Homicídios (DH) do Rio de Janeiro. Eles entregaram suas armas - 12 fuzis - e admitiram a participação em tiroteios na localidade conhecida como Vacaria, numa região de mata onde dez pessoas foram mortas. A DH vai investigar se algum dos policiais matou alguém que já havia se rendido ou estava sem condições de reagir, o que configuraria crime.
Outros policiais ainda devem depor, e a Polícia Civil investiga também as circunstâncias das mortes das outras 13 vítimas. Segundo a Polícia Militar, só uma das vítimas era inocente - a cabeleireira Gabriella Ferreira da Cunha, de 41 anos, foi atingida por uma bala perdida dentro da própria casa, na favela da Chatuba, vizinha à Vila Cruzeiro.
Como Estadão mostrou na quinta-feira, 26, 11 das 23 vítimas não tinham processos judiciais criminais contra si, segundo pesquisa feita pela reportagem nos sites do Poder Judiciário estadual. Dos 12 que respondiam ou já responderam a processos desse tipo, encerrados ou ainda em curso, 9 eram acusados de cometer crimes no Estado do Rio de Janeiro, 2 respondiam a processos criminais no Estado do Pará e 1 no Estado do Amazonas.