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Vizinha salva jovem de agressões do ex-companheiro

Ao identificar ou suspeitar de um caso de violência doméstica, orientação é ligar para as autoridades policiais

25 set 2021 - 07h06
(atualizado às 09h03)
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Maria (nome fictício), de 26 anos, se salvou justamente por causa da ajuda de uma vizinha. Ela era vítima de agressões constantes do ex-companheiro. "Ele me jogava de madrugada no banho gelado, batia muito na minha cara na frente das crianças, me jogava fora de casa. Eu passava madrugadas na rua… Aquilo era normal para mim, já estava acostumada", conta sobre o relacionamento, que durou quatro anos. "O tapa não dói tanto quanto as palavras. Ele entrava na minha mente", relata a vítima, que se sentia sozinha e desamparada. Distante da família e com duas filhas, não acreditava que seria capaz de viver por conta própria e deixar o lar onde passou pelos "piores anos de sua vida".

Violência sexual contra menos teve queda nas denúncias em São Paulo
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Foto: Arquivo/Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Na pandemia, a situação ficou ainda pior, pois o ex-companheiro perdeu o emprego, o que o deixou ainda mais agressivo. Até que, em setembro, uma vizinha resolveu intervir ao escutar os barulhos de agressão. "Ela arrombou minha porta, 'catou ' ele de cima de mim, deu a mão para mim e me tirou daquele lugar. Se não fosse por ela, ainda estaria sendo agredida ou estaria morta", conta Maria.

Invadir a casa de uma vítima de violência não é o recomendado. Especialistas alertam que atitudes como essa são imprudentes e colocam o cidadão em risco. Quando identificar ou suspeitar que alguém esteja sofrendo violência doméstica, a orientação é ligar para as autoridades policiais. A vizinha ajudou Maria a buscar a polícia. Na época, a vítima também estava empregada, o que lhe deu um sentimento de segurança para pôr fim ao ciclo de violência.

Mesmo um ano após o ocorrido, Maria ainda convive com as sequelas psicológicas. Ela desenvolveu um quadro depressivo, passou a ter intenções suicidas e a se automutilar. "Na hora de dormir, vinha tudo de novo na cabeça: as agressões, a gritaria, os tapas. Passava madrugadas e madrugadas em claro.' Após acompanhamento psicológico, ela diz se sentir melhor. Maria conta que as filhas, hoje com 3 e 4 anos, se recordam nitidamente das agressões.

"Violência não é tão simples, tem seus efeitos reflexos",diz a defensora pública Elisa Costa Cruz. "As violências raramente se restringem a uma pessoa só, afetam uma cadeia. Às vezes, os próprios vizinhos vivem uma situação de angústia, pois escutam a violência e ficam sem saber o que fazer."

Estadão
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