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'Vou buscar justiça por ela', diz pai de menina de 3 anos morta pela PRF no Rio

Criança foi atingida por tiros de fuzil por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) dentro do carro que estava com a família

19 set 2023 - 13h45
(atualizado às 14h28)
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Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos
Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos
Foto: Reprodução/Redes Sociais

O pai da menina Heloísa, o gerente de farmácia Willian da Silva, de 28 anos, afirmou ao jornal Extra que não deixará passar impune a perda da filha, que faria 4 anos no dia 31 de outubro. A criança foi atingida por tiros de fuzil disparados por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), passou nove dias internadas no Hospital  Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, mas não resistiu e morreu no sábado, 16

Heloísa estava no carro com a família quando foi baleada com um tiro de fuzil na cabeça e na coluna. O carro foi alvejado por policiais da PRF quando passava pelo Arco Metropolitano, na altura de Seropédica, no Rio. O pai de Heloísa, Willian da Silva, disse que os agentes não fizeram ordem de parada e atiraram contra o veículo antes mesmo que ele parasse.

Em entrevista ao Extra, Willian afirmou que está lutando para reunir forças e reconstruir sua família devastada pela trágica morte da filha caçula. Ele disse acreditar que pode ser necessário buscar apoio de psicólogos para lidar com essa situação dolorosa e que não tem certeza de quando conseguirá retomar uma vida normal. 

"Está sendo muito doloroso. Mas vou buscar justiça por ela. Era uma criança sensacional que perdi por causa do despreparo de um policial rodoviário federal. Nada vai trazer minha filha de volta, mas o que eu puder fazer para que tenha justiça, eu farei até o fim da minha vida. Prometi isso a ela", afirmou o pai, que avalia junto com seus advogados as medidas legais que irá tomar.

O sepultamento da menina ocorreu no domingo. Após o ocorrido, o Ministério Público Federal (MPF) solicitou a prisão dos três agentes envolvidos na ocorrência, mas essa solicitação foi negada pela Justiça

"Nada vai trazer a vida da minha filha de volta. Mas quem matou ela tem de pagar. Tem de haver a responsabilização dos policiais que numa atitude covarde tiraram a minha filha de mim e da sua família. A prisão deles é o mínimo que se espera", disse o pai da criança ao jornal.

Segundo o pai, Alana, a mãe de Heloísa, está devastada. Ela se recusa a comer e a conversar com qualquer pessoa. A tia Rayra Fernanda dos Santos Misael, que também testemunhou o o ocorrido, está passando pelo mesmo sofrimento.

O pai, a mãe, a tia e as duas crianças estavam retornando de um dia feliz em família em Itaguaí, onde passaram o feriado de 7 de Setembro, e se dirigiam para Petrópolis, onde a família reside.

Willian explicou que fez o possível para manter a filha mais velha afastada das notícias, embora ela tenha presenciado tudo. A menina foi, junto com a avó materna, para um retiro. Ela só soube da morte da irmã no domingo de manhã, horas antes do enterro, ao qual compareceu. No entanto, ela observou de longe e não viu a irmã no caixão.

"Disse a que Papai do Céu chamou a irmãzinha e perguntou se ela queria virar uma estrelinha", conta o gerente de farmácia. 

Ele descreve o que aconteceu com a filha como um "filme de terror" do qual não consegue esquecer. De acordo com Willian, a filha mais velha ficou tão traumatizada que tem medo de ver carros de polícia e pede ao pai para tomar cuidado com os policiais.

Heloísa era, nas palavras do pai, uma criança que "iluminava a casa". Ele a descreveu como uma menina alegre, que adorava brincar, dançar e cumprimentar todas as pessoas que encontrava. 

"Não tem como explicar a perda da minha filha. Só sei sentir e dói muito. Como a gente é evangélico, o jeito é se apegar com Deus e acreditar que ela está num lugar melhor. Era uma criança sensacional que perdi por causa do despreparo de um policial rodoviário federal."

Ele também esclareceu que não recebeu ordens para parar e decidiu parar quando ouviu os tiros dos agentes (pelo menos três) para mostrar que havia uma família dentro do carro. Todos saíram do veículo, exceto a caçula, que já havia sido ferida.

Willian afirmou que comprou o Peugeot usado pela família cerca de dois meses antes e não sabia que o veículo era roubado. No entanto, ele acredita que a situação do veículo não justifica a atitude dos policiais.

O pai da vítima ainda afirmou que se sentiu intimidado quando a PRF insistiu em tomar seu depoimento enquanto a filha estava na sala de cirurgia. "Quando minha mulher tentou argumentar e disseram pra ela que se a menina tivesse de morrer eu não poderia fazer nada. Nesse momento me senti coagido", disse. 

Willian também compartilhou que, antes da morte de sua filha, ele admirava a PRF e até considerou a possibilidade de fazer o concurso para ingressar na corporação. No entanto, sua perspectiva mudou rapidamente de admiração para decepção.

"É inacreditável o que esses caras fizeram. É muito difícil o concurso. É toda uma seleção para entrar para a PRF e você se depara com uma situação dessa", disse ele ao jornal Extra, que chegou a iniciar o preparo, mas não fez o concurso.

Fonte: Redação Terra
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