Com poucos resultados, governo dedica espaço pequeno a emprego em balanço de 2 anos de gestão Temer
O governo federal comemora nesta terça-feira, em um evento no Palácio do Planalto, os dois anos de governo Temer com um balanço em que defende ter conseguido recolocar o país no cenário internacional com a queda da inflação e da taxa de juros, mas dedica espaço pequeno a ações contra o desemprego, com poucos resultados para mostrar na área.
O governo destaca entre suas ações positivas a queda da taxa Selic, que chegou a 6,5 por cento ao ano, e a queda da inflação para 2,68 por cento nos últimos 12 meses, explicitados nas duas primeiras páginas de uma cartilha distribuída à imprensa.
Dois pontos centrais da política de governo, no entanto, mereceram apenas um parágrafo cada um: o emprego e a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro.
O documento cita o último Cadastro Geral de Empregados e Desempregados para informar que o emprego formal aumentou em março de 2018. No entanto, ignora a última pesquisa de emprego do IBGE mostrando que no primeiro trimestre deste ano a população ocupada caiu 1,7 por cento em relação ao trimestre anterior, para 90,5 milhões de pessoas. Em vez desse número, usa o dado do último trimestre de 2017, com 92 milhões de pessoas ocupadas.
A cartilha também evita comparar a taxa de desemprego de quando Temer assumiu o governo, em maio de 2016, com os dados atuais, apesar de se estar fazendo um balanço de 2 anos de governo. A taxa de desemprego em maio de 2016 era de 11,2 por cento, com 12,4 milhões de desempregados. O dado mais recente do IBGE, divulgado em abril, mostra que 13,1 por cento dos brasileiros estão desempregados, ou 13,7 milhões de pessoas.
A intervenção federal no Rio de Janeiro, decretada em fevereiro deste ano, também recebeu apenas um parágrafo no balanço, com dados já apresentados pelo governo em abril deste ano ressaltando a redução de homicídios no feriado da Semana Santa e do roubo de veículos no primeiro trimestre do ano.
O slogan inicial do evento programado para a tarde deste terça-feira --uma reunião ministerial aberta, no Palácio do Planalto-- foi trocado de última hora. "O Brasil voltou, 20 anos em 2", criado pelo marqueteiro do presidente, Elsinho Mouco, acabou dando margem à interpretações que incomodaram o Planalto. O governo optou por ficar apenas com "O Brasil Voltou", que tem sido repetido por Temer em diversos discursos.