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Comissão da Verdade de SP pede exumação de motorista de JK

22 out 2013 - 23h53
(atualizado em 23/10/2013 às 15h26)
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A Comissão da Verdade de São Paulo pediu a exumação dos restos mortais de Geraldo Ribeiro, motorista do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek. Geraldo morreu no acidente que também matou Juscelino.

"A última questão é que fomos a Belo Horizonte e entramos com uma ação na Justiça pedindo a permissão para fazer a exumação da ossada do motorista do Juscelino, Geraldo Ribeiro. Estamos esperando o juiz dar a decisão", disse o presidente da Comissão da Verdade Municipal, vereador Gilberto Natalini, em entrevista nesta terça-feira.

A versão oficial do acidente aponta que Juscelino e o motorista morreram em agosto de 1976 em um acidente de trânsito na Rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. O carro colidiu com uma carreta após ter sido fechado por um ônibus. No entanto, a versão de morte acidental é contestada pela comissão.

Natalini disse ainda ter conversado, na semana passada, com o jornalista Wanderley Midei, em Aracaju (SE). Midei investigou a morte do ex-presidente Juscelino para o jornal O Estado de S. Paulo, em 1976. "Ele recebeu a notícia de que havia um buraco de bala no crânio do motorista. Ele disse ter ido então a Rezende e ao Rio de Janeiro, mas não conseguiu comprovar isso", disse. "Estamos agora procurando testemunhas da época, que viram o acidente. Estamos investigando quem estava lá, tal como os guardas rodoviários", completou Natalini.

Em setembro, a comissão pediu à Justiça a exumação do corpo de Geraldo Ribeiro. Em 1996, uma perícia feita pela Polícia Civil de Minas Gerais, no corpo do motorista, apontou a existência de um fragmento metálico no crânio. A explicação dada à época era que se tratava de um prego do caixão, mas a comissão acredita que possa ser um projétil de arma de fogo, o que indicaria que o ex-presidente foi vítima de um atentado.

Na manhã desta terça-feira, a Comissão da Verdade ouviu o depoimento de Carlos Eugênio da Paz, o Clemente, que participou da luta armada pela Ação Libertadora Nacional (ALN), na qual também atuou Carlos Marighella.

Durante o depoimento, Clemente disse que as ações da ALN e de toda a luta armada no período da ditadura militar precisam ser analisadas à luz do que o País vivia na época. "Se vocês pensarem com a cabeça de hoje sobre o que acontecia no meio de uma guerra, vão considerar tudo um erro, só que aconteceu uma luta armada, guerra é guerra", disse.

Para Clemente, mais importante do que contabilizar as vítimas da ditadura é "responsabilizar a direita pelo golpe e todos os outros crimes". "O golpe foi o crime que deu início a todos os outros", ressaltou.

O presidente da comissão disse que Clemente será novamente ouvido. "Ele vai ter que voltar para terminar (o depoimento) em um outro dia", disse o vereador. "Foi um relato histórico o que ele (Clemente) fez aqui. E isso será importante para o nosso relatório final", declarou Natalini.

Na sexta-feira, será inaugurada uma praça e um memorial em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, que foi torturado e morto nas dependências do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em outubro de 1975.

Agência Brasil Agência Brasil
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