Comissão da Verdade pede tombamento do prédio do antigo DOI-Codi em SP
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) requisitou, junto com as comissões Estadual e Municipal da Verdade de São Paulo, o tombamento do prédio onde funcionou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército (DOI-Codi).
Durante a ditadura militar, pelo menos 52 pessoas foram mortas e dezenas foram torturadas no local. "O tombamento é absolutamente necessário. Espero que os secretários aqui presentes levem ao governador nossa solicitação. Sem exagero, este foi o maior centro de tortura da ditadura militar no Brasil", ressaltou Paulo Sérgio Pinheiro, um dos membros da comissão nacional.
As comissões estiveram na quarta-feira no edifício acompanhadas pelos secretários estaduais de Segurança, Fernando Grella Vieira; e da Cultura, Marcelo Araújo. O processo de tombamento está em tramitação no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), vinculado à Secretaria Estadual da Cultura. Atualmente, funcionam no complexo, que fica na rua Tutóia, número 921, na zona sul, a 36ª Delegacia de Polícia e dois depósitos da Polícia Civil.
Durante a visita às antigas instalações do DOI-Codi, oito ex-presos políticos deram depoimentos sobre as agressões a que foram submetidos no local. Entre os que estiveram presos no centro estão os presidentes da Comissão Estadual da Verdade, Adriano Diogo, e da municipal, Gilberto Natalini.
A ideia é que o edifício seja recaracterizado para se tornar um memorial em homenagem às vítimas da repressão. "É importante dizer que muitos não perderam a vida em luta de rua, mas amarrados, sob tortura, dependurados, defenestrados, como vi nos dias em que estive aqui", relembrou Natalini.