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Ladrão arrependido devolve R$ 1 mil furtado no Ano Novo

Carioca Eduardo Goldenberg teve a carteira roubada enquanto se dirigia para a festa de final de ano na praia de Copacabana

8 jan 2016 - 14h41
(atualizado às 16h52)
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A noite de Réveillon do advogado carioca Eduardo Goldenberg poderia ter ficado na sua memória como um momento desagradável.

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Em um post publicado em seu perfil no Facebook, ele conta que teve sua carteira furtada, com todos seus documentos, cartões e uma boa quantia em dinheiro, ao se encaminhar para a festa na praia de Copacabana.

Mas o caso teve um desfecho tão inesperado que seu relato viralizou, com mais de 8,4 mil curtidas e 4 mil compartilhamentos até o momento.

Relato do advogado Eduardo Goldenberg viralizou na internet
Relato do advogado Eduardo Goldenberg viralizou na internet
Foto: Reprodução

Nesta sexta-feira (8), a BBC Brasil conversou com Eduardo, o policial que o ajudou e uma amiga sua.

A seguir, Eduardo nos conta sua história e a de Fábio, o ladrão arrependido.

"Sou um cara religioso, filho de Ogum, que é meu orixá, e sempre ouvi dos meus guias espirituais que a rua é minha casa, que ela me protege e me dá forças. Neste último Ano Novo, tive uma prova disso.

Na noite do dia 31, fiz algo que não costumo fazer, ainda mais sendo um carioca com 40 anos de Réveillon em Copacabana.

Sempre saio de casa para ir para a festa na praia com quase nada: só uma única chave de casa, sem o chaveiro, algum dinheiro e um documento de identificação.

Naquela noite, não sei por que motivo, coloquei no bolso minha carteira inteira, com todos os documentos, e saí. Não tinha qualquer lógica, pois não pagaria nada naquela noite, mas acabei levando junto R$ 1.017 em dinheiro que estavam nela.

Estava saindo da estação Siqueira Campos, já em Copacabana, quando senti uma mão no meu bolso. Minha carteira havia sido roubada.

Ainda olhei para minha mulher naquele momento e comentei como havia sido uma burrice sair assim de casa. Disse que fazer isso era quase como pedir para ser assaltado...

Havia uma massa compacta de gente, e nunca encontraria o ladrão. Mas o arrependimento e o enorme sentimento de impotência não me levariam a lugar algum.

Estava indo para uma festa e, se deixasse uma carteira e dinheiro furtados estragarem a nossa noite, não gostaria de mim como ser humano.

No primeiro dia do ano, estava almoçando com amigos no mesmo restaurante onde passei a noite do Ano Novo, quando recebi uma mensagem pelo Facebook.

Uma amiga me escreveu dizendo que uma pessoa havia entrado em contato para ela. O homem se identificou como policial e disse que estava com minha carteira.

Ele contou que estava trabalhando naquela noite próximo da estação e que uma pessoa veio até ele e entregou minha carteira dizendo que a havia encontrado no chão.

Dois dias depois, fui até seu quartel, na Zona Norte, e recuperei tudo. Neste momento, já me achava um cara de sorte. Só faltavam meus cartões de visita que, pensando agora, acho que foram uma peça-chave para o que ocorreria a seguir.

Na última terça, ao chegar ao meu escritório, no Centro do Rio, onde trabalho sozinho, abri a porta e me deparei com outra surpresa: no chão, havia um envelope branco fechado, sem nada escrito. Na hora, me toquei que eram cédulas. Ainda me perguntei se alguém tinha ficado de me deixar dinheiro e não me lembrava.

Quando abri, fiquei sem chão: eram R$ 967,00 em dinheiro. Junto, um bilhete:

'Dr. Eduardo, estou devolvendo seu dinheiro que eu peguei da sua carteira no dia 31 em Copacabana.

Não dormi arrependido e peço que me perdoe. Feliz Ano Novo.

Só tirei cinquenta reais pra comprar uma champanhe pra minha mãe.

Fábio.'

Foi muito emocionante, uma avalanche de emoções. Chorei muito. E foi impossível não pensar na letra do samba-enredo do Salgueiro deste ano que diz: 'Quem me protege não dorme'.

Dinheiro roubado foi devolvido quase integralmente, com um pedido de desculpas
Dinheiro roubado foi devolvido quase integralmente, com um pedido de desculpas
Foto: Reprodução

Fico muito feliz de ter vivido isso na pele, porque, apesar de tudo que vemos por aí, nunca perdi a esperança no ser humano. Mas não quero ser o foco. Só fui um agente passivo nela.

Decidi compartilhar, porque fiquei tão emocionado e emocionei tanto a quem está próximo de mim que acho bacana que outras pessoas possam experimentar esta mesma emoção.

Espero que ele não tenha medo e me procure em outro momento, para que eu possa conhecê-lo e à sua história.

No fim, é uma bela história de Ano Novo, quando as pessoas buscam renovação e reflexão, repensam sua vida e atitudes para se tornarem melhores - e acho que foi justamente o que ocorreu com Fábio."

Vestido de mulher, ladrão rouba restaurante na Austrália:
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