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'Condenação de Lula joga política brasileira em mais turbulência', diz jornal americano

Imprensa internacional ressalta 'mancha no legado' de figura 'globalmente popular' que 'retirou milhões da pobreza'.

13 jul 2017 - 09h09
(atualizado às 09h40)
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Imprensa internacional cobre 'reviravolta' na carreira do político que foi considerado o mais popular da Terra por Obama
Imprensa internacional cobre 'reviravolta' na carreira do político que foi considerado o mais popular da Terra por Obama
Foto: BBC News Brasil

A condenação do ex-presidente Lula na quarta-feira "joga a política brasileira em mais turbulência", diz o jornal americano Wall Street Journal, ressaltando ainda que a decisão do juiz federal Sérgio Moro causa um "duro golpe" ao PT e a suas chances de voltar ao poder no maior país da América Latina.

O jornal americano acrescenta que o petista foi responsável por elevar o perfil do Brasil tanto econômica como politicamente e que seu governo levou as Olimpíadas e a Copa do Mundo ao país, mas que uma "angustiante recessão" e as denúncias de corrupção contra ele e seu partido "estrangularam seu legado".

O Wall Street Journal lembra que o presidente Michel Temer também enfrenta denúncias de corrupção e que a operação Lava Jato "colocou vários políticos de peso e capitães da indústria na cadeia, e atrasou a recuperação econômica do Brasil".

'Arquiteto do Brasil moderno'

Para o também americano The Atlantic, a decisão representa uma "notável reviravolta" para a figura política que há menos de duas décadas era saudada como "o arquiteto do Brasil moderno" e que transformou o país numa "potência econômica regional".

O New York Times ressalta o prejuízo ao legado de Lula, um político que presidiu o Brasil num período de forte crescimento econômico e que tem o "crédito por liderar a transformação social que tirou milhões da pobreza".

Segundo o jornal americano, embora a decisão "envolva somas relativamente modestas" comparadas a outros escândalos de corrupção, os promotores responsáveis pelo caso o descreveram como um "mentor de um enorme esquema de propina".

Apesar de desigualdade social ainda forte, Lula retirou milhões de pessoas da pobreza com programas sociais, lembram jornais internacionais
Apesar de desigualdade social ainda forte, Lula retirou milhões de pessoas da pobreza com programas sociais, lembram jornais internacionais
Foto: BBC News Brasil

O diário britânico Daily Telegraph ressalta a trajetória de Lula, "que saiu da pobreza para dois mandatos como presidente", deixando o governo com 83% de aprovação. Sua condenação, segue o texto, marca uma "queda impressionante" para o sindicalista que "ganhou admiração global por suas políticas sociais transformadoras".

Reação dos mercados

O Financial Times (FT) foca na reação dos mercados com a condenação. "Enquanto o popular líder permanece livre para recorrer, a decisão ameaça eliminá-lo de concorrer nas eleições presidenciais do próximo ano, um resultado que agrada o mercado", diz o jornal britânico.

Segundo o FT, investidores acreditam que o presidente Michel Temer, apesar das acusações, terá "capital político suficiente", para aprovar a agenda de reformas, "incluindo a muito necessária reforma da Previdência".

O texto comenta ainda que a Justiça brasileira é "notoriamente lenta", e que por isso não está claro se a decisão será aplicada antes das eleições do próximo ano.

Já a Al Jazeera, principal rede de televisão do mundo árabe, nota que houve alta do real e que os mercados reagiram positivamente à condenação de Lula. A rede também reforça que a decisão é o mais recente capítulo de "uma grave crise política engolindo o Brasil".

Incerteza política

O francês Le Monde reforça se tratar de "uma enorme derrota para um ícone da esquerda que nutria ambições sérias com as eleições presidenciais de 2018" e que esta é "a primeira vez na história do Brasil que um ex-chefe de Estado é condenado por corrupção".

A incerteza com a política brasileira é o foco do espanhol El País, que diz que pela "primeira vez em décadas" imagina-se "um futuro sem Lula".

De acordo com o jornal, a possibilidade de que o ex-presidente e sua sombra "desapareçam do mapa político" poderia causar um "abalo sísmico" no país, especialmente com a proximidade da eleição presidencial, na qual o petista é o candidato favorito.

Decisão do juiz federal Sérgio Moro condenou Lula a nove anos e meio de prisão
Decisão do juiz federal Sérgio Moro condenou Lula a nove anos e meio de prisão
Foto: BBC News Brasil

Para o jornal espanhol, um panorama político sem Lula "não é mais encorajador", uma vez que o PT não tem quem o substitua, outros candidatos tradicionais "estão fora do jogo" e, com isso, "o principal beneficiado é Jair Bolsonaro", apontado como "Trump brasileiro por seus comentários machistas e autoritários".

O argentino Clarín diz que, ao condenar Lula, o juiz federal Sérgio Moro "cumpriu o 'grande sonho' que mantinha desde o primeiro momento" da operação Lava Jato.

E no La Nación, do mesmo país, ressalta que dirigentes próximos a Cristina Kirchner se posicionaram a favor de Lula, afirmando se tratar de "uma perseguição contra o ex-presidente".

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