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'Continuam achando que sou culpado', diz motorista que socorreu JK

Ele afirma que ofereceram dinheiro a ele para que dissesse que foi culpado pelo acidente. 'A verdade não apareceu até hoje'

1 out 2013 - 15h14
(atualizado às 15h31)
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O ex-motorista da viação Cometa Josias Nunes de Oliveira, que presenciou o acidente automobilístico na via Dutra que terminou com a morte do ex-presidente da República Juscelino Kubitschek, em agosto de 1976, afirmou nesta terça-feira à Comissão da Verdade da Câmara dos Vereadores de São Paulo que 37 anos após a morte de JK, ainda continuam achando que ele foi o culpado pelo acidente. De acordo com a sua versão, ele apenas parou o ônibus para tentar socorrer as vítimas. Além de JK, o acidente matou o seu motorista, Geraldo Ribeiro.

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/desaparecidos-da-ditadura/" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/desaparecidos-da-ditadura/">Desaparecidos da ditadura</a>

"Vamos ver se essa verdade, mais uma vez, aparece. Continuam achando que ainda sou culpado. Eu falo a verdade, não estou mentindo não. A verdade tem de ser dita. E onde for preciso ir para falar a verdade. E não quero companhia não", disse ele, que hoje vive em uma casa para idosos no interior de São Paulo.

O presidente da Comissão da Verdade paulistana, Gilberto Natalini, afirmou que aguarda nova perícia a ser realizada pelo governo de Minas Gerais para averiguar a suspeita de que o motorista teria sido atingido por um tiro na cabeça momentos antes do acidente.

De acordo com a versão de Oliveira, ele ultrapassou o carro em que o presidente viajava pela esquerda e pouco depois foi ultrapassado pela direta. "O carro em que ele vinha acelerou pela direita, perdeu o controle, atravessou o canteiro e foi bater em uma carreta do outro lado da pista. Eu parei o ônibus no acostamento para tentar fazer o socorro", disse.

Em uma perícia realizada nas duas ossadas, em 1996, médicos legistas encontraram um objeto metálico no crânio de Geraldo Ribeiro. À época foi identificado como o fragmento de um prego do próprio caixão.

Sobre o acidente, Oliveira disse que achou tudo muito estranho. "O carro me ultrapassou, não fez a curva, foi para a pista contrária e bateu contra uma carreta. Ele disse que ao ver o ex-presidente, ainda percebeu ele piscar por duas vezes. "Só depois, vendo os documentos que ficaram espalhados, é que percebi que se tratava do Juscelino", afirmou.

Motorista diz que recebeu proposta de dinheiro para assumir culpa no acidente

O ex-motorista contou que dias depois do acidente, dois homens “cabeludos” que se identificaram como jornalistas e foram até a sua casa, ofereceram uma pasta de dinheiro para que ele assumisse a culpa no acidente. "Disseram para eu pegar o dinheiro, que seria todo meu. Falei que não, que não aceitava e não queria. Foram embora e não voltaram mais. Foi uma vez só. Foi muito dinheiro. Se eu tivesse pego aquilo lá..."

Em vários momentos, Josias chorou ao se relembrar do caso. "Isso mudou a minha vida até hoje. A única coisa que eu fiz foi parar para socorrer", disse. 

Fonte: Terra
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