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Conversas para venda da hidrelétrica de Belo Monte para chineses esfriam, dizem fontes

25 jul 2017 - 16h03
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Negociações iniciais dos sócios da enorme hidrelétrica de Belo Monte para vender participações na usina no Pará a investidores chineses esfriaram e devem ser retomadas apenas após uma solução para alguns problemas que geram riscos ao empreendimento, disseram à Reuters três fontes com conhecimento do assunto.

Segundo uma das fontes, os sócios da usina fizeram uma lista de "sete problemas" a serem resolvidos, a maior parte deles referente a disputas regulatórias e judiciais, antes de voltar à mesa para negociar o ativo.

"A ideia é alinhar esses problemas regulatórios para em seguida começar um movimento mais forte para a venda", disse essa fonte.

Atualmente em construção no rio Xingu e prevista para ser uma das maiores hidrelétricas do mundo quando concluída, Belo Monte chegou a ser oferecida à chinesa Zhejiang Electric Power Construction (ZEPC), disseram duas das fontes, mas as conversas não avançaram, em parte devido a desentendimentos sobre valores.

A ideia é que avanços nas discussões regulatórias elevem o valor que pode ser obtido com a venda do empreendimento, que está orçado em mais de 35 bilhões de reais e tem como principais sócios a estatal Eletrobras, as elétricas Neoenergia, Cemig e Light, a mineradora Vale e os fundos de pensão Petros e Funcef.

"Esses ativos muito grandes, quando têm muitos riscos associados e muitas incertezas... às vezes você chega em um 'deal-breaker'. Há divergências (de preço) e é melhor arrumar um pouco a casa e esperar um cenário mais limpo de riscos para a venda", explicou outra fonte.

A busca por interessados em Belo Monte foi iniciada por parte dos sócios ainda no final do ano passado, em meio a problemas financeiros de alguns deles, como Eletrobras e Cemig, que anunciaram planos de venda de ativos para reduzir dívidas, e dos fundos de pensão, que enfrentaram déficits bilionários nos últimos anos por problemas em alguns investimentos.

Procuradas, Eletrobras, Cemig, Light, Vale e Petros não quiseram comentar. Funcef, Neoenergia e Norte Energia não responderam a pedidos de comentário. A ZEPC também não se manifestou.

OS IMPASSES

Um dos impasses associados à hidrelétrica é um processo administrativo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que cobra de Belo Monte a compra de energia no mercado para compensar um atraso na entrada em operação de suas turbinas.

Atualmente, uma decisão judicial livra a usina de uma pesada conta por esse atraso, enquanto os acionistas aguardam o julgamento de um recurso pelo Ministério de Minas e Energia.

Belo Monte também tem buscado um comprador para uma fatia de 30 por cento de sua produção que ainda não foi comercializada, mas fechar um bom negócio com essa eletricidade tem se mostrado um desafio para os sócios em meio a um mercado com sobra de oferta após a redução da demanda com a crise econômica do país.

Está no radar ainda o risco de a usina ter a produção limitada a partir da reta final deste ano, no caso de um possível atraso nas obras da linha de transmissão que está sendo construída para conectá-la ao sistema elétrico.

Como se não bastassem esses fatores, Belo Monte também está no alvo de investigações, após denúncias sobre o pagamento de propinas a partidos políticos no empreendimento, confirmadas por apurações internas da Eletrobras.

Atualmente a usina opera com cerca de 3,8 mil megawatts em capacidade, o que já a coloca entre as maiores do Brasil. Quando concluída, em 2019, a usina terá 11,2 mil megawatts, o suficiente para atender à demanda de 60 milhões de consumidores.

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