Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Coronavírus: 'Altíssima qualidade', diz brasileiro vindo de epicentro da doença sobre condições da quarentena

Voos da FAB com grupo de 34 repatriados de Wuhan, na China, chegaram neste domingo (9) a Anápolis, em Goiás; eles ficarão isolados por 18 dias e terão saúde monitorada.

9 fev 2020 - 09h07
(atualizado em 10/2/2020 às 06h53)
Compartilhar
Exibir comentários

Os dois aviões da Força Aérea Brasileira trazendo brasileiros que estavam em Wuhan, na China, epicentro dos casos do novo coronavírus, pousaram na manhã deste domingo (9) em Anápolis (Goiás). Agora, os 34 repatriados ficarão em quarentena por 18 dias na cidade, a 55 km de Goiânia.

O grupo desembarcou por volta das 6h da manhã, após cerca de 40 horas de voo, e foi encaminhado a hotel na Base Aérea de Anápolis, onde ocorrerá o isolamento. Neste período, não serão permitidas visitas de familiares.

"A viagem foi muito boa, não tivemos problema nenhum, fomos super bem tratados por todo mundo", conta um dos passageiros, que preferiu não ser identificado, à BBC News Brasil. "O hotel é muito bom, provê todas as necessidades básicas e mais — altíssima qualidade."

"A gente fica obviamente cansado porque não pôde sair do avião, e foram quase 40 horas de voo. Mas aqui eles compensaram totalmente qualquer problema que a gente teve", afirma. Durante toda a viagem, eles usaram máscaras — trocadas a cada quatro horas — e tiveram sua temperatura monitorada.

No hotel, os brasileiros ficarão em apartamentos individuais. Famílias, porém, poderão ficar no mesmo quarto — ao menos sete crianças viajaram de volta ao Brasil. Postagens de passageiros dos voos nas redes sociais mostram que eles foram recebidos no local com uma cesta de produtos alimentícios, acompanhada de mensagem de boas-vindas.

Ainda durante a viagem, um áudio do presidente Jair Bolsonaro foi transmitido aos passageiros, anunciando a entrada no espaço aéreo brasileiro. "Bem-vindo de volta ao seu país, o nosso Brasil. Ninguém ficou para trás, somos um só povo, uma só raça, somos irmãos", dizia a mensagem.

Antes de embarcarem, os passageiros passaram por exames para garantir que não apresentavam nenhum dos sintomas da doença — só então foram autorizados a viajar. Agora, eles devem ser examinados três vezes por dia para a avaliação de temperatura, sinais vitais e possível presença de sintomas.

Segundo o general Manoel Luiz Narvaz Pafiadache, secretário do Ministério da Defesa, todos estão bem de saúde e não apresentam sintomas da doença.

Exames para a presença do vírus serão feitos na chegada, no sétimo e no 14º dias. Se o resultado for negativo, os repatriados serão liberados após os 18 dias. Se for positivo ou o paciente apresentar quaisquer sintomas, ele ficará em quarentena até os sintomas passarem ou até que exames de teste para o vírus resultem negativos.

A tripulação e a equipe médica responsável pelo resgate também cumprirão um período de quarentena. Ao todo, 58 pessoas viajaram nas duas aeronaves, incluindo os militares da FAB, médicos do Ministério da Saúde e diplomatas.

Condições

De acordo com o Ministério da Defesa, a ala da Base Aérea que recebe o grupo conta com 38 quartos. Serão servidas seis refeições ao dia, mas todos devem se alimentar dentro de seus quartos para evitar a retirada da máscara fora dos apartamentos.

Segundo o Ministério da Saúde, regras de convivência sobre esse período seriam comunicadas aos repatriados pela Defesa.

No entanto, documento divulgado no sábado pelo governo adiantava que todos que entrarem na zona de quarentena devem usar máscara e todos que entrarem nos quartos, como profissionais de saúde e equipe de limpeza, devem usar também luvas, avental impermeável, óculos de proteção ou protetor facial e gorro.

Os repatriados devem receber atendimento psicológico, diz a pasta. Eles serão atendidos por uma equipe de saúde mental que vai avaliar seu grau de sofrimento e sugerir caminhos de tratamento — uso de psicotrópico, psicoterapia, ou apenas observação.

"As medidas de isolamento em situação de emergência trazem diversas mudanças na organização da vida das pessoas, alterando a rotina e promovendo afastamento com quem se mantém forte vínculo afetivo, podendo levar ao sofrimento psíquico. É esperado que em situações de isolamento e de um possível adoecimento as pessoas fiquem mais fragilizadas, chorosas, tristes ou com raiva, o que pode gerar efeitos negativos sobre a imunidade. Portanto é preciso cuidar do paciente em sua totalidade e de forma humanizada, considerando os aspectos físicos, o estado emocional, social e espiritual", diz o documento.

Após apelo de brasileiros na China, que gravaram vídeo pedindo ajuda do governo, Bolsonaro anunciou que faria a operação de repatriação e quarentena. De acordo com nota divulgada pelos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa, seriam trazidos todos os brasileiros que se encontravam naquela região e que manifestassem desejo de retornar ao Brasil.

Homem com máscara e óculos
Homem com máscara e óculos
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Os voos fizeram quatro escalas após deixar Wuhan: em Ürümqi, na China, Varsóvia, na Polônia, Las Palmas, na Espanha e Fortaleza (CE).

As aeronaves transportaram também quatro cidadãos poloneses e um chinês, que desembarcaram em Varsóvia.

O contato entre equipes de solo dos aeroportos e a tripulação do avião e repatriados teve de ser restrito. Reabastecimento de alimentos, por exemplo, deveria ser feito pelos tripulantes. Se isso não fosse possível, a equipe de solo deveria usar equipamento de proteção para fazê-lo.

Além disso, "todo lixo gerado dentro da aeronave é classificado com risco potencial ou efetivo à saúde pública", dizia o documento, e deve ser descartado seguindo orientações específicas.

Últimos dados

Até este domingo, foram confirmados mais de 37 mil casos de infecção pelo novo coronavírus, em sua grande maioria na China.

Ao todo, 813 pessoas morreram — 780 na província chinesa de Hubei, onde fica Wuhan.

Fora do país asiático, outros cerca de 300 casos foram confirmados em pelo menos 25 países, com uma morte, nas Filipinas.

Por enquanto, o Brasil não teve nenhum caso confirmado da doença.

Novo vírus já infectou mais de 30 mil pessoas na China; por enquanto, o Brasil não teve nenhum caso confirmado
Novo vírus já infectou mais de 30 mil pessoas na China; por enquanto, o Brasil não teve nenhum caso confirmado
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O número de mortos pelo novo coronavírus já ultrapassou o registrado durante a epidemia da síndrome respiratória aguda grave (Sars, na sigla em inglês), em 2003, quando 774 morreram em mais de uma dezena de países.

No mês passado, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou uma emergência global de saúde em razão da disseminação do vírus.

O novo coronavírus foi reportado pela primeira vez em Wuhan, e a cidade vive agora em situação de isolamento.

Neste sábado, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que o vírus ainda está concentrado na província de Hubei e que, nos últimos quatro dias, houve uma pequena estabilização no número de casos.

Segundo ele, porém, ainda é cedo para dizer se o vírus se estabilizou, já que epidemias podem, com frequência, desacelerar antes de voltarem e crescer.

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade