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Coronavírus se espalha pelo Brasil e chega a 75% dos municípios

4 jun 2020 - 19h48
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A Covid-19 chegou a 75% dos municípios brasileiros, ante apenas 8,5% das cidades do país há dois meses, informou nesta quinta-feira o Ministério da Saúde, mostrando um aprofundamento da interiorização da doença respiratória provocada pelo coronavírus, que já deixou mais de 32,5 mil mortos no país.

Madalena Cruz da Silva observa enterro de seu filho de 47 anos, vítima da Covid-19. 4/6/2020. REUTERS/Amanda Perobelli
Madalena Cruz da Silva observa enterro de seu filho de 47 anos, vítima da Covid-19. 4/6/2020. REUTERS/Amanda Perobelli
Foto: Reuters

Mais de 4.170 dos 5.570 municípios brasileiros registraram casos da doença até 2 de junho, ante 471 no início de abril, depois que a Covid-19 se espalhou a partir das regiões metropolitanas por onde ingressou no país para cidades menores.

O surto tem avançado rapidamente nas últimas semanas, fazendo o Brasil se tornar o segundo país do mundo com mais casos confirmados de Covid-19, com quase 600 mil notificações, atrás apenas dos Estados Unidos.

Apesar da aceleração da doença, diversos governos municipais e estaduais têm anunciado planos para afrouxar as medidas de distanciamento social diante da pressão econômica provocada pela paralisação das atividades, o que levou especialistas alertarem para o risco de um agravamento da situação.

O ministério também anunciou nesta quinta um investimento adicional de 1,2 bilhão de reais para montagem de centros para o enfrentamento à doença nos municípios, como parte de uma nova abordagem voltada a antecipar o tratamento de pessoas com sintomas da doença.

Parte dos recursos será destinada especialmente a centros a em comunidades carentes e favelas em 196 cidades, atendendo a uma população estimada em 17 milhões de pessoas que moram nessas localidades, de acordo com o ministério.

A nova estratégia foi decidida pelo ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, com o empresário Carlos Wizard, que será o novo secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde.

Antes, a recomendação era para que pacientes com sintomas leves ficassem em quarentena domiciliar e evitassem procurar os serviços de saúde. A medida visava a evitar que as pessoas, no caso de não terem a doença, aumentassem o risco de contraí-la, mas também para não piorar a superlotação de locais de atendimento, especialmente nos serviços públicos de saúde.

Além do atendimento precoce, a estrátegia prevê o monitoramento de contatos das pessoas que tiveram infecção confirmada para conter a disseminação.

"A estratégia é fundamental não só pra prestar assistência à população frente ao coronavírus, como também vai servir para a vigilância implementar, junto com a atenção primária, o monitoramento de contatos. Com isso, a gente vai, a partir da identificação de um caso positivo, fazer o acompanhamento e poder aplicar as medidas, até prevendo a possibilidade de ocorrência de novas infeções", disse Eduardo Macário, secretário substituto de Vigilância em Saúde, em entrevista coletiva.

Mais uma vez o ministro interino Pazuello não participou da entrevista. Como o ministério está sem secretário de Vigilância em Saúde desde o pedido de demissão de Wanderson Oliveira, em 25 de maio, coube a profissionais substitutos --do terceiro escalão da pasta-- prestar esclarecimentos sobre a situação da epidemia.

O Ministério também atualizou o número de testes moleculares realizados para Covid-19, reportando 752.448 exames de Covid-19 nos laboratórios oficiais, dos quais 556.095 tiveram resultados divulgados até o momento, de um total de 24 milhões de testes desse tipo prometidos pelo governo para 2020.

O número limitado de testes é apontado por especialistas como um dos motivos da forte disseminação da doença no país. Até o momento o país fez pouco mais de 3% dos testes prometidos.

Somando os testes realizados nos cinco maiores laboratórios privados de análises clínicas do país, o Brasil tem no total 1.085.891 exames de Covid-19, informou o ministério.

(Edição de Aluísio Alves)

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